SISTOLE, DIÁSTOLE.
Não era um coração; era uma flâmula livre ao vento
Sustentada e hasteada pela viga da alegria
Amparava-lhe á base, o amor. E pela seiva fresca dos campos então corria
Parecia ate criança diante tal contentamento
Era calado e não sofria
Não se permitia nenhuma gota de lamento
E se tivesse acometido a sofrimentos
Heroico, destemido, ele encarava e não fugia
Bravo, coração !
E quiseram te ceifar pelas raízes. Nem conseguiram e jamais te ferirão
Este vento que te encanta bem na face do teu corpo
É motivo mais que puro
Feito sangue disparado em tuas veias, fino e morno
Explodir os teus limites e para sempre ser, um coração tranquilamente justo.
PAI
Não te tive, pai
Você inventou de descansar mais cedo. Oi foi Deus que te quis reformando
Os portões que adornam a entrada do Paraíso
Quem sabe, meu velho...
Meus irmãos mais novos cresceram me tratando como se fosse a ti
Só na imaginação, pois ate eu mesmo nunca te vi
Ou vi, não lembro
Eu era pequeno. Seu Belanísio...
Mãe te guardou numa foto de escrivaninha
Emoldurada nos retalhos de madeira que o senhor mesmo criou
Até hoje ela foi só tua, bicho
A nenhum outro ela jamais se entregou
E estamos bem
Também, depois de tanta jornada ferrenha
Eu não me importei de descer a lenha
Nesse corpo que já foi esguio
Trabalhando feito cão selvagem
Eu não fui orgulhoso e nem covarde, pai
Fui homem aos 8
Mais homem aos 20 e poucos
Terminei a jornada que você começou
Talvez se orgulhasse
Fiz o que deu. E bem feito
E agora que chegou a minha adolescência
Tem até moças perdendo a paciência
Virei moço abusado. Mas não cafajeste. Presta atenção, cachorrão !
Pai
Eu nunca parei pra pensar
Na falta que nunca senti de ti
Como os moços que clamam seus por seus pais
É que nunca gostei de ficar para trás
Ou atrás de conselhos a pedir
Mas como quis
Que um dia voltasse e abraçasse meus irmãos
Porque mesmo com toda a minha dedicação
Tem certas coisas que não tive como suprir
E já que tudo passou
Que se dane !
Não esquecerei de ti
Ao acender uma singela velinha no Dia de Finados
Meu coração nesse hora estará contigo, presente, incrustado
De carinho
E um dia voltaremos a nos ver
Foi bom homem. Eu sei
Feliz Dia dos Pais, meu jovem velhinho... descanse em paz.
DESDE QUE EU TE DISSE '' FIQUE''
Gritar mais alto não te dará nenhum conforto especial
Só manchar com mágoas o carinho raso entre nós dois
Já nem faço questão desta sombra que já foi meu sonho noutro tempo
Já não acolhe como quero
Como pede que eu te ame
Se te juro claro adeus?
Sinto falta de uma dor antiga
Lhe soaria injusto ao teu infame parecer de mulher
E parece que o inferno se abre sobreposto aos meus pés
Após rolar uma lágrima solitária por teu semblante, abaixo
Quando eu só quero destroçar as grades desta prisão
Ir embora, tragar um maldito cigarro
Vou-me embora sem demora, bem agora
Tens a minha para sempre gratidão
Mesmo que apos este cara que te fala cruze ao fim daquela porta
E tua ira de cigana me conjure derradeira maldição.
EFEITO COLATERAL
O amor é também uma coisa egoísta
Um ladrão de sonhos efêmeros
Nascidos somente em pessoas distintamente egoístas
Que não sabem aceitar um educado ou grosseiro '' Não''. Nem querendo
Imaginava isolado nas montanhas mais altas daquela trilha
Como seria se os próprios desejos apaixonados do seu peito
Tomassem coragem para decidir o que achava direito
Sufocando a paz de terceiros e atormentando suas vidas
Falta a arte da conquista
Na mente dessa gente sem noção
Que por se sentir apaixonada sem motivos
Bate á tua porta com papel e caneta nas mãos
'' Eu te amo''. Mas eu não!
Uma vez eu amei uma mulher..
SECRETO ANÚNCIO
É a vida !
Escapou essa frase pelos lábios de uma moça que conheci
E foi sem apresentação alguma
Porque em situação nenhuma, eu jamais a vi
A não ser ali
Sua álma estava nua
Tao bonita, acanhada, bem vestida
Com olhar namorando á Lua
O vento noturno me trouxe sua voz sussurada
Alegando ter perdido seu amor
Chorou mágoa e rancor
Fechou os olhos e calada ficou
Sacou cola e Merthiolate. Emendou sua ferida
Enganou sua saudade e matou sua vontade. É a vida !
PORÉM
Sou forte
Álma bruta que aguenta qualquer tranco
Não é qualquer infortunio que me deixa choroso e nem sequer lamentando
E de mim, terão apenas um desgostoso desprezo, caso isso importe
Desarmo desaforos que raspam no peito e desviam
Aguento severas agressões
Rio de cada situação
Porque somente eu sei, cada coisa que nessa vida eu já passei
Eu só não aguento
Quando ela sem querer me ofende
E lhe cai a noção. E me corta o coração
Quando ao vir na minha frente
Com seus lindos olhos verdes cheios de lágrimas
Me abraçar, entre soluços, pedindo meu perdão.
INSTINTO DE JÓ
Foi quando olhei com cuidado
Mirando a porta da rua ranger á minha frente
Entendendo crua e vagarosamente
O que enfim, se passa em coração e cabeça de gente
Percebi, nunca havia mesmo me amado
Um certo receio transformado em devaneios
Aquele abraçar o outrem, ter pequenos cuidados
Fazer do meu bem o lanche ideal para a hora do recreio
Mas eu bem creio
Numa oportuna situação
Haverá outros desejos sublimes sem receios
Pois em passado bem me dei
Há pouco levantei e a porta chutei para selar tal suplício
A guerra acabou e finalmente chorei. Que alívio.
FONEMAS DE AMOR
Eu te amo !
Disseram letras pintadas no muro
Cantou a voz do cantor
Sugeriu o cartão de presente
Incitou o poema perdido
Mas jamais proferido ,pintado,cantado, sugerido e nem mesmo versado
Pelos lábios de quem se ama
Oh vida, oh sorte, oh azar.
SAFADO
Eu te quero
Gostosa
Não por tuas torneadas pernas incitantes
Ou teu peito que assegura teus lindos peitos
Rosados, elevados, torta simetria
Eu te quero
Não com tua agonia
Teu vicio de querer relembrar
Aquele maldito que vive em tua mente
E jamais te deixará relaxar
Senão, serei eu , sereia minha
Segurar em silêncio voraz, as minhas mãos
Correndo teu corpo bonito
Amassando teu corpo gostoso
E beijando os defeitos
De tua pele vivída, tua pele traída
Adentrar o teu gosto
O teu gosto secreto
És tão igual a todas
Mas é tão diferente o teu surrurro
E quando ofegas
O meu nome tu dizes
Timidamente em meu ouvido
'' Meu moreno maluco''
Teu gostoso
Que te faz esquecer
Da mentira cruel
Por um moço que fez , em um único dia, crer tu no amor
Num colo não meu
Te fez de vacilar
Este colo
Gostoso que é
E te faz delirar
Quando és minha mulher
Por um tempo
E sem nenhum pingo de culpa
Te jogo no chão
Arranco tuas veste
Te empresto meu gosto
E te faço gozar.
QUANDO SOU VERSO/ Homenagem á Lila Marie
Ja nao sinto falta dos velhos vícios de menina moça
Vício virtual, amigos do peito, amigo, amiga informal
Já não sei ir visitar as flores e campos para meu coração se acalmar á força
Tudo é transitório e isso é tão normal
Isso faz parte do meu mundo
E de todos que somem quando fala alto o coração
Viver um novo momento sem contrariar a emoção
Faz ser real o sonho mais íntimo, o mais profundo
Quando eu sumir
E minhas fotos e mensagens para com um alguem aparecer
Peço, amigo, amiga, para nao se entristecer
Estarei por ai
Na felicidade maior por viver no mais exato prazer. Por enquanto me dispeço
Nada mais a dizer. A vida me leva pra longe quando sou verso.