"O Silêncio das Estátuas"
Preciso tanto descansar...
deitar-me a repousar
sobre a terra ...
abraçar o céu
beijar o mar
aí ...
só para eu ter a certeza
que a lua que dança nesta cidade
de cais embriagados pelas pontes
é a mesma
que se noivou com o Sol
aí
nesse tão longe
que é o mais perto
deste mim
a repousar...
o meu destino...
agora!
Abre tuas mãos, meu amor,
solene coração de seda,
e... sente ...
o tombar ...
da coluna marcial
a fechar...
o círculo
mudez do meu gritar
combate!
ah, se houvesse força para lutar ...
mas aos milhares...
os velhinhos e as crianças dobram os joelhos
erguem aos céus os seus olhares
e ... oram ...
escuta-se ao longe o cheiro do fumo ...
um cavaleiro rodopia
no campo de batalha
ainda vocifera:
- vencemos! -
coitado, não enxerga
que é dono dum deserto...
baixinho, quase inaudível,
o murmúrio uníssono do hino
abraça a cruz de Deus
rogando por piedade ...
e... todos se foram ...
Cristo ?
Quem sabe quando e se Ele voltará...
Entretranto, minha querida,
arranco do meu peito
o medalhão que te ama
abre as tua mãos , meu amor,
e vê como brilha o ouro
desta minha invisível oferenda ...
sou teu
hoje e para sempre
ainda escuto os metais
inventados para serem donos
da carne que dilaceram
já se ergue a bandeira
dos que venceram
os derrotados...
não morreram
beijaram o sagrado
abraçados ao chão
descansam...
ao meu lado ...
... nos três volumes de História Universal ...
Luiz Sommerville Junior, 280620112044
Tempestade
.
Tempestade
Jamais poderei ser
O vento que movimenta a barca
Jamais poderei ser o mar
Em estradas d´água
Que foram a invenção de novos mundos
Jamais poderei ser o timoneiro
Que governa a canção dos marinheiros
até ao destino
Que é o fim
De tudo o que começa
E se vai embora
Jamais poderei ser como Magalhães
- seguir em linha recta!
Para regressar
A este (mesmo) lugar
Com uma nau desfeita
E suas velas e bandeira
irreconhecíveis , de dilaceradas
À deriva
Escrito ontem 270220142301
Reeditado hoje 280220141601
Luíz Sommerville Junior, Eu Canto o Poema Mudo.
Fique bem
Não deixarei que desabes.
A esperança é um caminho que deves trilhar
sem pressa.
És mais forte que o cansaço dos dias, das
horas.
As tristezas podem ser recorrentes, mas tudo
passa.
Tropeces nas memórias, nas elegias, mas
não te percas.
Deves resistir às sombras.
O restante pode ser imaginação, mas eu
não...
Jamais serei indiferente ao teu sofrimento
Estou contigo!
Maio De Olhos Vendados
.
Maio De Olhos Vendados
em todas as madrugadas, companheiros,
há um sol que morre estampado numa nota
sem valor
e para que a luz volte a definir o dia
do que não mais regressará
é necessário que o medo,
também possa vender-se
por uma qualquer moeda
desvalorizada
e a coragem,ou a loucura de combater sem pensar,
se aposse de todos os valores
velhos ou novos
carregados de rugas que sejam o festim dos anos
carregados de recém nascidos que sejam o alvorecer
duma nova casa ....
delírio-sinónimo das estrelas que eu não sei pintar
em todos os crespúsculos
há uma lua sem fundamento
que voa sem rede que a possa amparar
que já devia ter morrido...
em verdade, companheiros,
como pode a lua surgir no céu
quando o sol de vendido
é apenas uma cega recordação?...
Luíz Sommerville Junior, 240320130601
Imagem do filme 1984
1º De Maio - Pela memória dos nossos apelidos
ainda ontem
fomos as carruagens
dos comboio lotados de sonhos
que na pista accionavam multidões
o trem
sumiu...
as viagens
nas trilhas sem fim
dos nossos olhares
essas
não cessam
d´alastrar
no destino comum
dos nossos neurónios
mas
as serenatas nos lençóis abandonados
-o odor escarlate de violões , envelhecidos !-
silenciados ao mofo aprisionados , ninguém ...
... as ensaiava ...
lá onde a sereia morreu apaixonada
pelo capitão que trajava na lapela
um lenço bordado de lábios , cravados !
pelo batom que reflete a imortalidade
há quem lhe chame arma
há quem lhe chame flor d´abril
- é apenas a carne rasgada da traição
que ainda insiste em repetir o bordão
ou refrão duma só palavra
- revolução !
e ...
ainda é tempo
d´abrir os livros que são entradas
ainda é momento
de fechar aquelas bocas que jamais aprenderão
a beijar !
sim , vou rasgar o meu voto
à entrada da urna que sentencia o nosso funeral
sim , vou teimar no sonho na portada
do ventre que grita ensaguentado
pela luz - dia !
por que ...
os abandonados sem leito são hinos , rejuvenescidos !
onde o tudo o que é caduco morre para que soe a balada
abraçada ao perfume que da vida é libertada , alguém ...
a encarnará , aqui ... onde uma noiva se entrega ao castelo
d´útero aberto à formação daquele que da pátria faz a nação
e acena à boca amada com o lenço de gala
manchado com o lindo arabesco que das núpcias verteu
afinal , ontem , num lar dilacerado pelo divórcio , foi abril ...
e hoje numa terra engalanada pela boda da esperança
é maio ...
daquela menina que dá as mãos ao menino ,
sim , são pequeninos , são crianças
os olhos maravilhados que entregam aos noivos as alianças
e ela sorri e imortaliza-se no ouvido dele :
- sou tua ! sou a tua terra , e tu
estás disposto a ser o meu país ?
Luiz Sommerville Junior , 010520110741
.
Sou dona do meu motim
Trago a voz embargada
Um soluço de apreensão
O peito muito apertado
Um litígio com o passado
Um presente envenenado
No sopro do coração
Não patenteei em mim
A sede de justiça e liberdade
Olhos húmidos de esperança
Num Abril feito de sonhos
Não tenho vendas nos olhos
Sou dona do meu motim
Na mão erguida, um cravo
De orgulho e emoção
Sou dum povo que proclama
O direito à equidade
Não deixei cair a esperança
De ser gente de verdade
Maria Fernanda Reis Esteves
54 anos
natural Setúbal
O choro dos rios
Deixem que os rios falem por si
transbordem o pranto que lhes vai na alma
corram livremente rumo à liberdade
encham de águas mansas mares de austeridade
Sem diques que impeçam a sua viagem
espraiam cansaços em morna enseada
audíveis murmúrios gemem à sua passagem
a paixão pela vida foi-lhes sonegada
Por mais que adiem a última morada
fundem-se num oceano de águas geladas
lágrimas salinas de profundidade
choram a perda de identidade
Maria Fernanda Reis Esteves
53 anos
natural:Setúbal
E ... (Despedida)
Em Portugal aumenta , em todas as classes etárias , de forma preocupante , o número de suicídios .
E ... (Despedida)
E ...
podemos gritar
mas é proibido
e ...
podemos chorar
mas é proibido
e ...
podemos rir
mas é proibido
e ...
podemos protestar
mas é proibido
e ...
podemos reivindicar
mas é proibido
e ...
podemos exigir os direitos
promulgados e consignados
mas ... - é proibido !
e ...
podemos cumprir as nossas obrigações
mas é ... - proibido !
e ...
temos os nossos deveres
mas ... é ... proibido ...
e ... afinal ,
que poderes nos proíbem ?...
E ...
a ti e a mim , em luta pelo Bem ,
com os olhos postos na liberdade
firmes na palavra
neste tempo controverso
nós ...
o pronome a quem esgotaram o corpo ...
Luiz Sommerville Junior , 0206201200:04
Autópsia Já!
sinceramente não sei
quando foi que o site ficou
sem a parte do chat.
sou mesmo desatenta...
mas do que foi
que o chat morreu?
gostaria de saber,
pelo menos desse
fato...
sabendo do diagnóstico
poderemos cuidar
da enfermidade
se se de repente
ela se alastrar pelo Luso
querendo matar outras partes
;)
Metamorfose
Mudar pode ser doloroso
A metamorfose pode ser incompreendida,
Mas é um privilégio ousar
[E quando parecer difícil]
Você sabe e eu sei que será sempre
complexa,
Mas é também a única forma de nos libertarmos
Nós mantemos as ideias encasuladas
Condenamo-nos à prisão perpétua
Onde jamais poremos os olhos em novos horizontes...
Correntes se quebram, sonhos se realizam
E o tempo... [Você sabe o tempo]
Então você pode fechar os olhos
Permanecer na escuridão da ignorância
E abraçar o nada...
Então você estará mais do que só
Acorrentado às sombras de sua covardia
Romper conceitos pode libertar,
Coragem pode dar lhe asas
[E é tudo que sei]
Eu estou certo que fica mais fácil...
Ame se, sonhe asas e elas serão parte de você
E apenas nelas conseguira ver o mundo do topo
Nós nutrimos a sensação de clausura,
Nós criamos abismos profundos
Onde nossas verdades e desejos são degredados
Nossos corações, despedaçados...
E o tempo cola tudo [todo o tempo]
Então você pode se manter em si
De sapatos preso ao concreto
Ou abstrair, dar a volta ao mundo com suas próprias asas
[Você jamais estará sozinho]
E se cair, tudo ficará bem
Apenas ande descalço...
Dentro desse novo ser mora o livre arbítrio
Você pode ficar ou ir embora
Não há caminho, senão a sua decisão
Você já não cabe em si [herdou o mundo]
Ocupe o espaço que se permitiu
Quando deixou de ser casulo,
Quando assumiu as asas que o fez levitar
Mantenha a sensação do voo
E se você se machucou,
Nada mau anjo,
Siga em frente, continue andando
[nem mesmo essas linhas podem segurar]
não espere uma resposta, senão a sua
Quando estiver livre
Vai lembrar suas asas,
Vai esquecer seu casulo
Ouvindo o vento quebrar à face
[O medo não fez de você um homem nulo]
honey.int.sp
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