Entre +
E apenas deite teu coração
Dentro do meu.
Quietamente
Mansamente
Como quem voltou
Ao lar
Ou
Contente
Feliz
Cantando poesia
No som do olhar
Entre
Se quiser
Do único jeito
Que houver
Ou puder
Entre...
E fique para sempre
Dentro dos segundos
Que tiver
Tempestade
.
Tempestade
Jamais poderei ser
O vento que movimenta a barca
Jamais poderei ser o mar
Em estradas d´água
Que foram a invenção de novos mundos
Jamais poderei ser o timoneiro
Que governa a canção dos marinheiros
até ao destino
Que é o fim
De tudo o que começa
E se vai embora
Jamais poderei ser como Magalhães
- seguir em linha recta!
Para regressar
A este (mesmo) lugar
Com uma nau desfeita
E suas velas e bandeira
irreconhecíveis , de dilaceradas
À deriva
Escrito ontem 270220142301
Reeditado hoje 280220141601
Luíz Sommerville Junior, Eu Canto o Poema Mudo.
caso não saibas
talvez não saibas
como separo a distancia do tempo.
nem da profundidade
que me abraça
ao me atirar no cânion do beneplácito
sem enxovalhar um juramento
talvez por isso dói aqui
a conformação
e teu quase apagão pro silencio
fio o dia entremeando buscas
com conquistas, segregando o mar
de qualquer cais que venha me pausar.
rasgo noites para sorver-lhes entranhas
resgatando ideias para gladiar com sombras
de úteros cheios de mim.
qualquer hora a espada me libertará
entregando-me inteira à luz da promessa
esticada como forte teia paleozoica
no interstício que separa
a sede da fonte
a pele do calor
a fome do alimento
o pavio da chama
que deste e d'outro lado
desejam fragmentar divisas
traçadas pela vida.
como se fosse um anjo
é dourado envelhecido
olhar
armazenando ouro derretido
percorrendo traços do tempo
nas frouxas mãos
cai o rosto;
não há contenção para segurar
o mar
querendo desaguar
pra fora do corpo
e,
tal qual miscelâneas
vivas de amargor
aqueceu-se na mente
e dos lábios
à fronte
suave e portentosa
e encavernada voz em chama,
levantando amor próprio:
- mulher...!
- despe-te das vestes
que te molha
rasgas as lágrimas
joga os trapos fora
desfaz-te do que te pesa a alma.
faz-te leve arqueio de um sorriso
e ancora-te no meu peito...
que dar-te-ei
o paraíso
A Última Canção *
..
A Última Canção *
Hoje
Eu poderia escrever(vos)
O poema mais definitivo de todos
Neste tempo de mecanismos imprecisos
Não seria belo, o verso!
Nem musical, o ritmo!
Nem criativo, o tema!
Nem original, a forma!
Nem relevante, o conteúdo!
Seria… definitivo …
Se os corpos
Assassinassem o nome
E entregassem a outras carnalidades
A assinatura
Escrevendo sangue, suor, lágrimas, sorrisos, gritos, mutismos
Transfusões nos próximos e nos longínquos
Saudações e padecimentos vertendo energias, nervografismos!
Qual é o nome que escrevem quando respiram?
LSJ, 160720140237
* a rever
soneto da voz que ela me disse,
"Se tem de ser já, não será depois; se não for depois, é que vai ser agora; se não for agora, é que poderá ser(...)"
(Hamlet) Ato V, cena II
ela falou-me de dentro pelos meus exercícios de audição
ela me contou à minha forma de descobri-la, e ainda assim
e fossem-me às causas de possuir-lhe o arremate de mim!
eu ainda, a testaria! mesmo que deixasse de ser a condição
porque ela me disse à sua voz de desabar-me e em morada
ela levou-me: os ventos, as águas, as escadas e tudo o mais!
apenas por um tempo tolo em que desviei-me de seus sinais
eu não vi quando ela me percebeu e só a sua voz continuava
e, cá estou. longe, hoje! e crente de fazê-la à página, perder-se
cá estou a pincelá-la com minha mente que me mente, também
pois ouço o nome dela pela força nua de seus lábios me chamando
é só um pouco de ilusão e palco, eu sei.. mas, quero pertencer-lhe!
à mesma tenda de usos e frutos a deserto dos passos, corpo e além
deste pouco que ela me deu por conforto de vê-la amanhã e quando,
e:
eu espero, e.. mais um pouco.
Percepção Individual
Para conhecê-lo melhor,
vesti-me de historiadora,
cavei fontes escritas,
visuais e vestígios virtuais.
Sinto-me como viajante,
apreciando-te em fotos e postagens.
Minha percepção é quase palpável...
Não sei se estou no caminho certo
Espero nunca constrangê-lo,
com meu interesse descomunal.
Alegra-me essa busca em compreender
a profundidade da sua alma!
"devoção"
"Duvida da luz dos astros, de que o Sol tenha calor, duvida até da verdade, mas confia em meu amor."
(Hamlet) Ato II, Cena II
chama-lhe, distância.. em qualquer maneira, se for
por sub-entender em espécie da fagulha em declarar
indignou-se a nem mais pertencer, mas.. sem ar e cor
pois, se tudo o que lá havia, era parte alta de si, mar..
era a letra de fogo em balançar sob cordas, o espaço vil
o testemunho, o livro que te ouviria berrar os teus laços
dos quais, desfiando-se em cada letra de dizer que te viu
mentir à casa obscena, e. pra passar o fogo destes passos
eu convidaria os anjos e demônios pra encenar a tua peça
eu te ergueria ao nome, toda a crença aberta de poder crer
eu acreditaria enquanto a mentira e aliciaria a linha inversa
mesmo que os teus olhos não mais estejam por cá, a duvidar
e de que maneira outra, eu poderia ilustrar essa sede de ter?
mesmo que as tuas vontades não me tomem à queda e ao ar,
eu, aqui. serei
Chaves Perdidas Das Portas Horizontais
Houve um tempo
em que ninguém amava
o sorriso tristonho do pedinte
suas roupas esfarrapadas , rasgos de panos
emprestados pela beneficência anónima
o mais que provocavam na miséria doirada
dos nobres que se degladiavam por o primeiro lugar
perto do altar dos Congregados
era uma moeda que dizia :
não te atrevas a entrar na igreja !
já viste como o chão dela brilha ?
e o desgraçado , olhando os seus pés calçados ,
com sapatos sem solas , erguia ao céu enovoado
do brasão nobre de invicto
um sopro murmurado d´aceitação :
- sim , meu senhor !
Mas esse tempo findou ...
já não há miseráveis ...
morreram todos!
e ninguém sabe
em que vala enterraram os seus despojos
e ninguém sabe
qual o velório que o representa
e no tempo que há
ou sobra ...
aguardam-se corpos
para as vestes rasgadas e sujas ...
Luiz Sommerville Júnior (heterónimo), 170520121149
O regresso de Poesia Contra o Crime
Link original no blog Palavras Ao Vento
palavra vadia
foges, foges de mim, e nada posso fazer
foges dos amanses, dos aparos dos arrebites
rejeitas o domínio da espera e assim me desespera
vê-la solta por aí sem o trato que quero conceder
foges, foges de mim, transgredindo a perfeição
tão minha pretensão de te querer dominada
para te cobrir de purezas
e só depois,
somente depois
poder te libertar
rebela-te, absoluta e nua
andas por aí como vadias nas ruas
perambulando sob tantos olhares
que de repente possam não vir a
querer (te) entender...