Poemas, frases e mensagens de MJose

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de MJose

A DESCOBERTA DO AMOR...

 
A DESCOBERTA DO AMOR...

É urgente, Amar!
Urgente, meu Amor, o toque frenético
Dos teus dedos másculos
Na incontida profusão dos meus sentidos sôfregos,
Exultantes...
Subitamente despertos e inflamados,
Por inconfessáveis e impúdicos desejos,
Agigantados pelos gritantes silêncios das mais frias noites
Dos Invernos da vida!

É urgente, ousar e transgredir!
Urgente, meu Amor, que te detenhas,
Doce e atenciosamente
No meu olhar profundo e enigmático,
De belas e estonteantes matizes...
Como um imenso mar que, caprichosamente, se vai revelando
Em serenos sobressaltos!

E depois, meu Amor...
Depois, lenta e languidamente,
Urge, que vás descendo,
Em desveladas carícias...
Procurando refúgio através do meu corpo em chamas
E que o aflores e percorras,
Sem pressas...
Terna, mas vertiginosamente,
Até sentires que te afundas
Na aveludada maciez da minha pele
E que, centímetro a centímetro,
Tomas de mim, o mel e o fel
Dos mistérios, ainda por desvendar,
Dos milenares segredos, ainda incólumes...
Discretamente encobertos
Pelas brumas remotas e sombrias de tempos imemoráveis,
Desde a idade das Trevas...

Aí então, meu Amor,
É preciso que te ausentes e te esqueças de ti
E que te entregues inteiro,
De corpo e Alma,
Até não saberes mais distinguir os limites que te perfilam
E que entres em mim,
Sem opor resistência...
De uma forma total e absoluta,
Até ao âmago do meu Ser...
De tal modo que jamais nos seja possível descortinar
No emaranhado perfeito e harmonioso de tão completa fusão,
Os limites extemporâneos de dois corpos
Que um dia,
Isoladamente
E ao difuso sabor do acaso
Se lançaram, hesitantes...
Mas ébrios de emoção,
Na esplendorosa, aventura da descoberta do AMOR!

MJosé
 
A DESCOBERTA DO AMOR...

Auto-Retrato

 
Auto-Retrato

Distante, etérea… Muitas vezes, triste!
Nos olhos, o verde, desafia a esperança
Na boca, carmim, gorjeios de criança
E na aura, o mistério que a tudo resiste!

É tímido, o jeito, com que enfrenta e insiste
Mas corre-lhe nas veias, o ardor da mudança
Ilude quem pensa que, por pouco, se cansa
É Mulher – Guerreira! Não teme, ou desiste!

Libertina em sonhos, excessiva em emoção
Umas vezes, “iceberg”, outras tantas, paixão
Sensível aos afectos, porém, muito esquiva…

Do destino, não foge, mas é filha do vento
Amazona, a galope, na garupa do tempo
Alma peregrina, por esse mundo, á deriva…

MJose
 
Auto-Retrato

Sei de Côr...

 
Sei de Côr...

Sei de côr, o sabor dos teus beijos
No frenético balanço dos meus sentidos
E a doçura branda do sorriso
Com que me enterneces e desarmas
Sempre que com os olhos prometes
O que em palavras, vais deixando, por cumprir...

Sei de côr, o toque dos teus dedos
Na urgência dos desejos que me assaltam
E a insana agonia de me sentir desnuda
Ante os mistérios dessas mãos com que me afagas...

Sei de côr, a maciez das linhas do teu rosto
E os contornos definidos desse corpo que adivinho
Na penumbra de um eterno jogo de intenções dissimuladas...

Sei de côr, todos os teus passos,
Todos os teus gestos
E todas as palavras
Que usas para me confundires e enfeitiçares...
Bebo-as, profundamente, da nascente da tua boca,
Com a avidez de quem, em desespero,
Sonha com um oásis
Na esperança de, finalmente, poder acalmar
A imensa sede que traz consigo!

Sei-te de côr!
Aprendi-te, em surdina, nos meus pensamentos...
Porque o coração e os olhos nunca me enganam
E a pele guarda, ainda frescas, memórias de prazer
Que o tempo não desvanece!

Mas, porque ao querer saber mais, de ti
Mais pressinto vivo e denso, o mistério,
Desprezo e esqueço-me de mim
Perdida, no gigantesco inferno da paixão que me devora!
E secretamente, prossigo...
Em sucessivos, avanços e recuos,
Ao sabor do que quero e não quero
E estremeço de medo...
Medo de nunca mais me encontrar
Depois de me ter deixado perder!...

MJose
 
Sei de Côr...

Tu...

 
Tu…

Tu és
Quem me percorre com’a uma estrada
E me arranca
Á clausura do degredo
Quando
Entrando em mim de madrugada
Vais tecendo, toque a toque
O nosso enredo!

MJose
 
Tu...

Da Vida e Seus Mistérios...

 
É-me indiferente saber de onde venho ou para onde vou, as vidas que já percorri, ou as que ainda terei de percorrer nas difusas avenidas do porvir!
Basta-me saber o que faço, aqui e agora, com as ideias e os artefactos de que disponho, neste intervalo, mudo e breve, em que a terra não me consome, para descobrir quem sou e a verdadeira razão de aqui ter chegado.

MJosé
 
Da Vida e Seus Mistérios...

Soneto da Paixão

 
Soneto da Paixão

Há fogo, no meu peito a flamejar
Há fagulhas de desejo, que incendeiam...
E nem os restos de incerteza, já cerceiam,
Os meus olhos, no deleite de te olhar.

Há tremores em minha voz, sem que o queira.
Há perigo nos meus lábios, quando em flor,
Se abandonam aos teus beijos e sem pudor
Vão inflamando, de promessas, esta fogueira.

De que vale erguer barreiras, á força insana da paixão
E, cercar de dardos e espinhos, os trilhos do coração,
Se trago, vibrando em mim, tamanho a fogo, a crepitar?

É como alguém que se negue, ao que é sublime, belo e alado
E, por vergonha, medo ou torpor, se deixe quedar, prostrado...
Agonizando ás portas da vida, no desejo de se lhe entregar!

MJose
 
Soneto da Paixão

ETERNA PROMETIDA

 
ETERNA PROMETIDA

Na intrépida esteira
Desta minha inóspita vida
Deitada nos píncaros da lua
Que surreal
Se anuncia
Flor-Lótus de mistério
Deusa prenhe de alegria…
Sou,
Cabelos soltos ao vento,
A Tua Eterna Prometida!

MJosé
 
ETERNA PROMETIDA

Inquietação

 
Inquietação

A Eterna procura do Afecto...
Eterna enquanto dure a Eternidade!
Que da noite mais escura, ecoa em sobressalto
E por meus caminhos se abate, sem dó nem piedade!

A Eterna procura dos sentimentos...
Vadios, alheios á chama, em que me gasto e findo!
Da qual, por breves minutos, insensatos momentos
Arranco mil promessas que não cumpro e extingo!

Ah! Se eu p’ra sempre pudesse, calar, a voz da agonia,
A inquietação que me invade e persegue, com fulgor,
Arredando de minh’ Alma tão insano e impróprio ardor...

Mas em meus olhos cativos, brilha já tal fantasia
Que a teu cálido olhar de mel, sem recato e sem pudor
Me abandono e enlouqueço, por força de um Fogo Maior!

MJose
 
Inquietação

Transcendências...

 
Transcendências…

Incompreendida e só…
Nesta passagem
Tão pouco é o que me prende
Ou me conforta!
Se me encanta um sorriso,
É uma miragem...
Não creiam que estou viva
Eu já estou morta!

Quando, por mim procuro
Vejo uma imagem
Da outra que já fui…
Mas que importa?
Se a vida é como um rio,
Eu passo á margem
Sou, na linha do horizonte,
Uma gaivota…

MJose
 
Transcendências...

CASTIGO, PECADO... Ou OUSADIA?

 
CASTIGO, PECADO... Ou OUSADIA?

Será castigo, o sortilégio, que me espartilha o coração?
E em discretas redomas encerra, a Luz que me alumia?
Roubando-me á Vida, a loucura, do assombro e da ilusão...
Sempre que busco e escolho, ir mais longe, na Ousadia?

Será heresia ou infâmia, esperar Mais e mais não ter?
Espantar demónios em fúria... Tentar quebrar o encanto?
E por artes do destino, querer Mais que o Bem-Querer?
E da dúvida, só ter o fel, que do veneno, faz o pranto?

Será Pecado Maior querer-me assim... Livre e Linda?
Deitar por terra as algemas, do tédio e da cegueira?
Ousar Voar mais Alto, que o Sonho que comanda a Vida?
Enfrentar Raios e Coriscos, só para me sentir Inteira?

MJosé
 
CASTIGO, PECADO... Ou OUSADIA?

Do Ruído dos Pensamentos...

 
Do Ruído dos Pensamentos…

Em brancas noites de insónia, o que mais assusta é o ruído ensurdecedor dos pensamentos que, acoplados, gemem e se contorcem de dor, na cadência dos minutos que teimam em não passar.

MJose
 
Do Ruído dos Pensamentos...

A Um Menino Enjeitado...

 
A Um Menino Enjeitado...

Foi com palavras que tomei o pulso à ternura que trazias escondida por detrás da tristeza escrita no teu olhar! Palavras doces, tranquilas, intimistas, projectadas do interior profundo da minha alma e sussurradas, ternamente, olhos nos olhos, com a voz cálida do coração. Não fiz mais nada. Absolutamente! Não tentei uma aproximação física, porque senti que poderia intimidar-te, nem gestos, ou qualquer outra atitude, premeditadamente calculada, para não correr riscos. Detestaria ver-te esfumar entre as sombras daquele belo entardecer de final de verão, se me deixasse trair pela ansiedade de te acolher nos braços, de te dar um pouco de colo…

Podia ter usado mil e uma armas, mil e um estratagemas, desde os mais ingénuos aos mais perversos, de forma a atrair-te, a captar a tua atenção, a manipular-te, até. Seria fácil demais! Mas senti-te tão pequeno, tão frágil e indefeso, tão à mercê da maldade e mesquinhez humana, que tudo o que quis foi proteger-te. Por isso ofereci-te, o que nunca ninguém te havia oferecido. A liberdade, como um escudo! A liberdade de decidires por ti próprio se me querias perto de ti. Sim, fugi da vulgaridade! Tratei-te de igual para igual, com respeito. Não olhei para mim, mas para ti. Atribui-te a importância que te negaram desde que te trouxeram ao mundo e te abandonaram num lúgubre e sórdido vão de escadas, nas proximidades do Tribunal de Menores, embrulhado em cobertores velhos e sujos, como a um cão sem dono. Com isso, desarmei-te! Penso que, naquele instante, terás percebido a magnitude do meu gesto, na perfeição. A inteligência infantil, nunca deveria ser subestimada…

Vieste para mim, pouco tempo depois, sem grandes hesitações e por vontade própria. Trazias nos lábios um sorriso tímido e nos olhos, bem acesa, a chama da esperança. Os teus braços pequenos foram duas magníficas tenazes ao redor do meu pescoço. As tuas lágrimas salgadas, o melhor dos remédios para as agruras da minha vida. E que vida, comparada com o inferno que a tua sempre foi! Nunca um abraço me confortou tanto, como aquele que me deste tão estouvadamente por não saberes, ainda, medir a força ao teu querer. Adorei quando, na confusão do abraço, nos desequilibramos e acabamos estirados sobre a relva fofa do jardim e depois, quando rolamos abraçados, tal e qual duas crianças, sob o olhar atento dos pombos e de alguns idosos que, falando entre si, ali se entretinham, a roer a corda á solidão.

Foi tanto o que me deste, que até hoje guardo o cheiro e o sabor desse dia!

A partir desse momento, muito se alterou nas nossas vidas! Tu deixaste de te sentir só, aprendeste a sorrir (e que sorriso lindo, tens!) e a acreditar no futuro. Eu aprendi a relativizar os problemas do dia a dia. Aprendi que não há nada comparável à imensa felicidade de ver a alegria estampada no rosto de uma criança. E, sobretudo, aprendi que o melhor meio de combater a desgraça é sair da apatia, abrir as portas ao coração e deixar entrar nele, diariamente, um pouco de sol, sob a discreta forma da ternura…

Obrigada, meu querido!

MJose
 
A Um Menino Enjeitado...