[Teatro da vida]
[Teatro da vida]
Uma respiração profunda
Seguida de uma dor aguda
A aflição se intensifica,
A pele volumosa se estica,
O ventre se abre como as cortinas
de um teatro
Tornando o dom da vida
Um maravilhoso espetáculo.
De repente, os olhos que se escondiam
na escuridão de um ventre
São banhados com o brilho da luz,
Para poderem enxergar a platéia
a sua frente.
Sim, mais um ser acaba de entrar no teatro da vida
E todos o saúdam com glamorosos aplausos
de boas vindas.
Diante dele é aberto um livro em branco
E ele terá que preenche-lo com histórias
ainda não inventadas.
Histórias que poderão ser escritas
com palavras certas ou erradas
E marcarão a trajetória de uma curta
ou longa jornada.
No teatro da vida cada um representa
seu próprio personagem,
Cada um carrega sua própria bagagem.
A platéia aplaude cada novo olho
que se abre para ver a luz da vida
Mas todos derramam lágrimas
na hora da despedida.
Hora em que a peça teatral termina,
As cortinas do teatro se fecham
em um momento comovente,
E todos os olhos se fecham para sempre.
[Alma crua]
[Alma crua]
Todos os sentidos, unidos num só sentido
Onde está a graça do sorriso banido?
Que papel representa a lágrima no olhar esquecido?
Nem sempre o tempo traz uma cura para o coração ferido.
A honestidade não é favorecida,
A sinceridade nem sempre é bem acolhida
Um rosto belo ou feio, não mostra nenhuma vantagem.
A verdade é uma nobre dama
Que dispensa mascara e maquiagem.
Se eu fosse um cisne, estaria arrasado
Se eu fosse um trem, estaria atrasado
Se eu fosse o sol, meus segredos estariam expostos
Se eu fosse a lua, minha alma estaria nua.
Olhos fechados, sentimentos acalmados
Repostas brandas relaxam os ouvidos
Um coração aberto suspenso
Entre abismos e florestas,
Um ser visto por um todo.
Um corpo nu, integro, puro
Resplandece no escuro
Alma crua se abre na espera para ser moldada
Gritos sufocam no silencio, enquanto ela permanece calada.
[Me faltam as palavras]
[Me faltam as palavras]
Como expressar nas palavras o que eu sinto,
Se por vezes chego a pensar
Que o que eu sinto, já não me faz mais sentido?
E quem se importa se em silêncio
Eu me recolho para o interior do meu mundo?
Depois da tempestade, vou embora para casa
Nas regiões mais desertas
Situadas no interior dos abismos mais profundos.
Pelas madrugadas na demora de chegar o sono
Me vem ao interior da alma
Poesias com palavras mau pronunciadas
E elas se tornam para mim
Porções suculentas de expressões puras e desejadas.
Minha língua perde a fala
E me faltam as palavras
Que possam expressar com exatidão
Tudo o que eu gostaria de fazer e de ver.
Seja olhar para os detalhes de um amanhecer,
Ou de dar uma espiada na simples pura beleza,
De um céu alaranjado no final do entardecer.
Nenhum sentimento pode deturpar
Minha essência pelo chorar,
Meu desejo por um beijar,
Minha angustia para desatar um laço
E romper a dor da saudades
No calor de um profundo abraço.
Solidão, que por vezes me assusta
Me fazendo cara de inimiga,
Agora apresenta a mim
O outro lado de sua face
Com a qual usa de um sorriso,
Para me mostrar
Um semblante de amiga.
Pois, em seu travesseiro
Forrado com espumas de silêncio,
Me vem as palavras de que eu careço
Numa aliança com a nobre poesia
Me é servida porções
De contentamento, que eu nem sei dizer
Com palavras certas, se eu mesmo as mereço.
[Rainha das ilusões]
[Rainha das ilusões]
A rainha do Nilo passeia em um barco polido de ouro
luxuosamente trajada de preto e vermelho
E mesmo estando adornada com muitas jóias
Ela ainda procura pelo maior dos tesouros.
Ela é chique, ela tem classe
Ela tem estilo, ela bebe vinho nobre
Em taças de ouro refinado
Ela vive no limite do revés
E possui a sensualidade
Da ponta da língua, aos dedos dos pés.
Ela chega em cores em todo lugar
Ela é um arco-íris
Durante o dia a suavidade paira sobre
Seus olhos azuis
E pelas madrugadas, eles se degeneram
Tornando-se cinzas, ao perderem o foco da luz.
Doce rainha das ilusões, consoladora
De pobres corações,agraciadora de bárbaros
E arruaceiros, a tristeza verte lágrimas
Que molham o seu travesseiro.
Meu prazer é pelas curvas do seu corpo me entreter
E nas profundezas dos seus maliciosos beijos
Eu quero sempre me perder.
Mulher das emoções, seu passado são lições
De trevas e perdições, seu presente é uma ferida
Mau curada, e seu futuro é a semente
Que se plantou na beira da estrada.
Em seu reinado, todos os anjos em sua glória
Cuidam de você e como nobres serviçais,
Eles zelam para que sua imagem, não venha a perecer.
Sua glória se reveste do sol
Enquanto desfilas debaixo da Via Láctea
Seus sonhos, são as estrelas caindo do céu,
Rasgando os sete véus.
Sim, doces sonhos de liberdade
Esperando se tornarem, uma realidade.
[Tributo ao sorriso]
[Tributo ao sorriso]
Quanto vale um sorriso sincero?
O que poderíamos fazer para torna-lo eterno?
Eu pagaria qualquer preço por um sorriso
cheio de fantasia
Um sorriso que transmitisse novamente
A verdadeira alegria.
Ainda me lembro dos tempos do paraíso
Tempos em que minha vida era um alegre sorriso
Sim, um sorriso terno
Como um doce para uma criança
E resplandecente como a luz da esperança.
No meu vigor, minha alegria era imensa
Todos os sorrisos a minha volta
pareciam serem infinitos
Mas, com o tempo todos foram sumindo
Conforme a vida ia se extinguindo.
Hoje as palavras transmitem luto
E para o sorriso, todos prestam um tributo.
Mas suspenso entre tempo e espaço
Eu ainda capto o calor de um abraço
E ainda guardo um sorriso para ser gasto no paraíso.
Na luz do dia eu ainda imagino milhares de vozes
gritando intensamente, ''glória ao sorriso''
Vitória ao semblante que se eternizará
Na doce leveza de um belo instante.
[Helena de Troia]
[Helena de Troia]
Filha de Zeus, nascida em berço de realeza
Cercada de encanto,nobreza e beleza
Dentre todas as mulheres
Foste considerada a mais bela
Uma flor nascida entre espinhos e espadas
Por muitos homens foste desejada
Por um rei grego foste tomada
Para toda vida ser amada.
Um deslize, desejo, traição
Por amor de um príncipe
Fugiste a cidade cercada
Altamente murada
Com pedras douradas
Um impulso ardente
Muda seu destino,
Na saciação de um beijo carente
Fugiste para longe, mas não foste esquecida
Para dentro da cidade murada
Foste protegida, amada.
Mil navios gregos
Rasgam o mar atrás de ti
Oh,tão insensata aventureira
Dez mil homens prontos
Para acender uma grande fogueira.
A Menelau entregaste tua mão
Mas, a Páris entregou seu coração
Melhor uma fuga para a satisfação
Do que a permanência
Como rainha num reino de ilusão.
Milênios se passam
Viraste uma lenda
Não há quem a compreenda
Causaste uma guerra
Marcante,notória
Foste grega, foste de Esparta
E para sempre serás lembrada
Como rainha Helena de troia.
[Ignorância]
[Ignorância]
A ignorância é uma espécie de bênção
Se você não sabe, não existe dor.
[Homens de pedra]
[Homens de pedra]
Os homens de pedra
Se sentem oprimidos diante de olhos de aço
Eles entendem que se entregarem a mulheres de areias
São o que lhes armam os laços.
E o que é a fragilidade
Diante da eterna liberdade?
Homens de pedra,
Por dentro de seus corpos rochosos
Em seus corações sagram feridas
Que o tempo não pode curar.
Homens de pedra, até quando diante da fragilidade
Os seus corpos irão se despedaçar?
E agora diante de uma mulher
É carne e osso que seus corpos estão a tocar
A fragilidade cobra um preço alto
Para com sua alma negociar.
Homens de pedra,
Almas de papel,
Fujam da fragilidade,
Ignore os olhares de aço.
Mantenham seus corpos esculpidos intactos,
Não deixem os seus sentidos petrificados
A sensibilidade os manterão ligados
Removam o peso de seus corpos
Para longe da fragilidade.
Melhor é sentir o gosto da liberdade
E formar aliança com ela por toda a eternidade.
[Bem vindo]
[Bem vindo]
Bem vindo ao meu coração!
O tempo o deixou com espaços vazios
Ao redor das paredes frias,
Pulsa uma tristeza
A saudade é minha madrasta malvada
Que insiste em mantê-lo nessa frieza
Mas, eu ainda sei quem sou
E trago escondido na manga
Puros gestos de nobreza.
Bem vindo a minha mente!
Os vultos que passam rapidamente
São meus mistérios que ninguém entende
Nos focos de luzes brilha o anel do luar
E nessa parte de meus pensamentos
Você pode deitar, estique seu corpo, sorria!
Pois aqui há segurança e você pode descansar.
Bem vindo ao fundo da minha alma!
Sim, um universo composto
De luz e escuridão
É o que realmente está diante da sua visão
E o que você fará agora?
Tentará extrair tesouros das luzes?
Ou simplesmente julgará minha escuridão
Como faz o resto da multidão?
Adiante e para trás
Seguindo o caminho
O que construímos não se desfaz
Saída e entrada sem errar
Amigos que chegam,
Tesouros compartilham comigo sem parar.
E então seja bem vindo
Quem quiser ao meu poema,
Escolha quem quiser o seu melhor dilema
Não sou perfeito, não sei o que é direito.
E aqui está minha porta aberta
Vasculhe minhas letras,
Olhe através de meus olhos
E eu te verei através dos seus
Agora eu sou você e você sou eu.
[O dono das estrelas]
[O dono das estrelas]
A quem pertence as estrelas?
Grandiosa são as mãos de quem as formou
As firmou como sua propriedade
Na vastidão do universo
Oh sim, em meio ao vazio, profundo escuro
As estrelas emitem suas luzes
Como esperanças acesas para o futuro.
Em meu peito, meu coração
Reina sobre um universo tão escuro
Quem dera cair sobre mim
A faísca luminosa de uma única estrela
Uma dádiva assim, será que eu mereço recebê-la?
Enquanto me olho no espelho
Tudo se move adormecido
A escuridão ainda domina
Sobre meu universo obscurecido
Buraco negro, recolhe em si
Os pedaços de meu coração partido.
E o sol da noite vem surgindo
Na fração de luz, poço ver meu sorriso se abrindo
O proprietário das estrelas
Mostra estar por perto
Mesmo estando invisível.
Uma dádiva, uma luz
Paz em meu coração é o que ela me produz
E me valeu tanto a pena
Esperar por uma estrela
Quanto prazer posso sentir em vê-la.
Minha gratidão outrora tão muda,
Agora grita de júbilo e alegria
Pela benevolência a mim concedida,
Das mãos do dono das estrelas.