Não trago lenço só os braços de um abraço…
Destapo o mar mais sagrado em teu peito
Desapropriando as antiguidades de amor
Que ocupam teu coração ,
Desarrumado e sem espaço…
Com a gentileza verdadeira de um amigo
Que te quer escutar,
Com olhar,
Os teus sorrisos….
Ver com ouvido
As falas mais perras …
- Aquelas que substituíam as torneiras dos olhos …
Por espelharem a linguagem mais íntima
Por deixarem ao relento
Os sentimentos desaprendidos….
Não tenhas medo,
Posso parecer transparente e sólido
Mas não sou nenhum rochedo de gelo …
Sou monstro com um espelho, que tenta mostrar-te ,
Como és bela …
No colar das tuas sardas …
No lugar das palavras …
Onde orbitam dois tesouros
Que um dia serão testemunhos
Dos sonhos …
.........................
Adultos ….
Quero ser fuga sem pedir …
Quero ser fuga sem pedir …
Voar
Galopando com olhar
O azul de qualquer lugar
Um lugar
Onde a solidão não seja fria
Como estas paredes
Que acolhem o inverno.
Das horas vazias
Quero sair...
Correr...
Mergulhar
Sem mar
No esquecimento
Chorar gritando
O que não pode acontecer…
Tu e eu
Morando
No mesmo lar…
Dentro do peito...despindo a noite com o olhar…
A única roupa que vestes depois das lágrimas
É os poros da minha pele
Quando nos tornamos mais fortes
Despindo a alma
Sem a omissão dos braços ….
Mesmo despida diante do meu olhar
O que encontro de pornográfico
São as tuas lágrimas em meus lábios
Chorando palavras tão virgens e velhinhas
Depois de eternizarem a solidão
Sem respirarem
Na tua língua ….
A paixão de amar…
Se tolerasse as asas nos ombros, voaria até ao coração teu … agora que dormes ou quando pranteias na solidão …
Escondo-me na tua arte de “poetar” como quem se esconde no gigantesco amontoado de ternura,
Que sobe a solidão cheia de silêncios escamosos
Na direcção do teu coração …[aquela estrela que brilha no teu peito de cor púrpura, própria das safiras puras e dos diamantes da emoção …]
Subindo…
Chorando nas palavras
A tua chuva
Aquela que baloiça os casulos do céu
A que desnuda as folha desmaiadas no chão
A que se debruça nas janelas da comoção
A que é socorrida pelas mãos
Sobrando a tristeza salobra
Da alma em saturação …
Nas suas linhas …
Mas nenhuma raiz suporta a mágoa do mar, nem que seja as dos teus olhos …por te ver a chorar…
Talvez esteja errado, pois os anjos como tu, choram nuvens, não choram lágrimas como as minhas …
Acredito que o nosso amor é um oceano que dá volta ao mundo e tu… Ainda dúvidas que existe um antártico no peito e o vento solar nos dedos!?
Não bastas ficares...
Como barco
No charco ….
Sem te importares com o mar …
E não venhas dizer, que a madeira do teu costado está velha e despregada…e que os remos estão gastos… nenhuns braços negam as ondas …e qualquer corpo precisa da areia e do sal para se tornar mais mastro …a oitenta e nove palmos do casco …
Nunca será tarde …para hastear a coragem de amar …enfrentar o azul e todos os adamastores ….
O amor requer sacrifícios e vícios cupidinosos …
No amor, há quem percorra desertos porque acredita …que no próximo passo, tudo vai mudar …
Quantos recusam desvertebrar o sonho e ficam com os olhos erguidos perante o horizonte …?!
Quantos morrem
Feito árvores na rocha
Esperando a chuva chegar …?!
Quantos renascem
Recordando
Os beijos dos seus olhos …
E do seu respirar fundeados na pele …?!
Os quanto são muito poucos …
Os poucos são muito loucos
Mas só os loucos acreditam
Que podem amar
Quando o mudo cai...
Quando voltas?
Deixastes os olhos órfãos de mar
E corações sem o azul do chão…
Separando da areia o sal molhado
Convertendo o luso poemas
Num naufrágio infernal …
Sem o teu legado das marés…
Sem o Astrolábio dos teus vocábulos …
Onde andas tu, Poeta, das ondas “maestras “ …?
Não vez que deixaste os barcos sem mastros …
E as nossas vistas sesgas sem as tuas letras " marinheiras "
E a esperança desfeita no vazio do cais
No dia que embarcaste sem o nosso sustento do coração …
Quando voltas?
E trazes contigo o verde-mar nos dedos….
Semeando gota a gota
O som,
A brisa,
A espuma …Num poema,
Aproximando dos oceanos as Letras
Como búzio no deserto
Como telescópio das estrelas….
Por favor Ricardo, volta… estamos cheios de saudade, esperando a embarcação da tua mais bela poesia… como gaivotas, que esperam a varina bondosa que as trata como filhas alimentando-as…
Observando a mãe Fernanda e o filho Francisco…
Imitar os dedos com o mesmo toque
Redescobrindo a intimidade da pele
Nos pormenores
Fechando os olhos
Escutando aquela musica que só toca em vós
No silêncio separado do tempo
Foi assim que vos vi a acordar hoje
Ele tentando ser o mesmo anjo que tu
Quando o acolhes
No colo…
Nos braços …
Nos olhos…
Nos ombros…
Nos lábios…
E fico
Assim
Dentro de um choro intenso
Me sentindo tão incompleto
Por não sentir, esse amor idêntico de mãe …
Mesmo estando tão perto …
Naufrágio de sonho nas tuas mãos …
Chega de palavras naufragadas no nosso coração ….
Vamos dar as mãos …
Sem pensarmos nas paginas borradas pela solidão
Vamos de mãos dadas
Para lá das margens de um livro
alagado de ilusão …
Para lá das portas
entre abertas
de uma composição
sem solo
Para lá dos monólogos da escrita …
[ poemas sem cheiros
sem persianas
sem vida …]
Vamos até onde o amor nos alcançar
Sem as teclas de um falso piano …
Sem a tela azul que fica sempre preta quando se apaga a luz…
Sem o espaço infinito que separa os nossos olhos da boca …
Vamos…?
Só ficou o Outono das lágrimas …
Quando os teus olhos se fecharam para sempre,
O céu se afastou para longe ….
As lágrimas engoliram o escuro da noite,
Tornando-se mais rápidas e mais pesadas,
Até deixarem de gritar no exterior da gente …
Povoando imensamente o sangue …
Deixando o sorriso de luto,
No granizo do rosto…
No desgosto de amar…
Não mudes a cor dos meus olhos verdes... sem ti, são negros como a noite …
Desejo que vivas um amor assim …
Onde a pureza nítida de amar encontra o lugar mais especial no teu coração …
Onde cada gesto de ternura seja imensamente raro, tornando os instantes inesquecíveis de amar, numa bonita canção para viveres e recordares …
Mesmo não te podendo amar, desejo que encontres um amor igual o maior que o meu …
Digo-te que te amo , soluçando as lagrimas que já chegam ao peito em forma de recado …
Resta me apenas deixar-te um poema:
Ponderas os teus passos, mas a tua sensibilidade te leva a lugares mágicos …
Onde um simples mortal vê uma pedra, os teus olhos de fé, vem um conjunto de arestas com múltiplas possibilidades de criar arte...
Como gostaria de te mostrar que o lugar mais seguro para se estar é o coração do teu amor …seja ele quem for, desde que te abrigue e nutra com autenticidade e lealdade a ternura de uma vida a dois, fazendo-te sorrir nas horas mais chuvosas, te regando de caricias nos dias de sol…
Se nesta vida tens a possibilidade de coleccionar muitas coisas, o que de mais valioso podes coleccionar, são os tesouros sem preço, a família, o afecto de pai e de mãe, a sinceridade de um amigo… a cumplicidade da natureza …
Não desistas da tua felicidade, mesmo por vezes a sintas tão distante …
É uma bênção divina saber que existes …
No trajecto do amor
Não existe atalhos
Logo, não há necessidade
De desviar
O olhar do sentimento…