TU NEM SABES
António Casado__________ 15 Maio 2009
Publicado__________ Clamor do Vento
Registado __________ Depósito legal 306321/10
Editora__________ WorldArtFriend
Trabalho__________
TU NEM SABES
-
Tu nem sabes
Do peso das longas noites a sós
Quando a insónia se deita comigo
E todas as dúvidas me doem…
Tu nem sabes
Do medo das sombras… da luz…
Quando não sei se durmo se acordo
E tudo me parece confuso e distante…
Tu nem sabes
Do tempo que pára a cada segundo
Quando a solidão se senta ao meu colo
Para falar de ti…
Numa estrela candente
Enviei uma mensagem aos céus
Em forma de segredo
Em forma de auxílio
Depois cruzei os dedos
E implorei que se realizasse.
Era amor… Amor somente
O que pedia na mensagem enviada
Àquela estrela que consigo guardava
Os nossos mais íntimos sonhos.
Fiquei à espera de um milagre…
Deus virou-me as costas!
Tu nem sabes
Quanto brilho puxo à paixão
Para esconder o embaciado
Dos meus anseios frustrados…
Tu nem sabes
Quantas ondas querem alegrar
As lágrimas derramadas
No lençol branco da solidão…
Meu amor
Ainda guardo a semente
De um sonho antigo
Tão velho como o tempo
Para plantar um dia num chão de confiança…
Com fé
Com esperança
Esperarei o brotar da flor da felicidade
Como um trevo de quatro folhas
Se abrirá à minha liberdade.
QUANDO ERGO A ESPADA QUEBRA-SE A MÃO
QUANDO ERGO A MÃO QUEBRA-SE A ESPADA
Quando ergo a espada quebra-se a mão!
Uma intensa chuva de pedras
Bombardeia dos céus sem piedade
A marcha triunfal dos derrotados.
A morte invade as ruas e clama desordem…
Quando levanto a voz fico afónico!
A lava em cinza arrasa montanhas!
O odor nauseabundo dos cadáveres é um vale!
A lepra passeia-se de gravata pelas cidades…
Num céu sem cor
Num lago sem água
Manifestam-se os caminhos que não percorri…
Em cada parede pincelada de grafiteis
Leio o nome de um pássaro sem asas
Que aspira alçar voo numa esquina…
Todo o dia é um lençol de retalhos…
Os desejos aludem ao passado
Que se enrola á volta do pescoço
Como forca!
O saber que se sabe é já perjúrio!
Amotinam-se as pedras das casas derrubadas!
A multidão vive numa imensa agonia…
Se falam da esperança é porque não existe.
A esperança não existe!
As palavras são balas de pistola
Disparadas contra a consciência
Da incredulidade.
Abrem-se as comportas da raiva!
Caminham sombras pelo desatino de ruas de lama
Pedras soltas
E lixo.
Todo o horizonte distorcido e nublado é um sol!
Os penachos incentivam às pequenas caridadezinhas
Para se redimirem do fracasso de nada serem.
A fúria e o ódio caminham de mãos dadas pelos jardins
Escrevem o mote de agoniados poemas estéreis
Coleccionam sentimentos vazios de sentir…
A lua decalca a sombra de um abutre no alto da escarpa
Geme o faminto estômago que procura a presa
Com que saciará a fome de viver.
Se por ventura um cadáver lança um apelo
Exigindo o fim de uma existência moribunda e satânica
Logo o lume saído da boca do dragão
Lhe arranca o coração ou o que resta dele
Atracado á necessidade irresistível de ser engrenagem.
Não há morte que resista a tanto abstracto!
A fisionomia turva dos sobreviventes
Acalenta no ócio incrustado nos ossos
Miragens de paraísos suspensos entre as horas…
Nada fazem
Para além de perturbarem as sombras
Projectadas na calçada carente de áureas e de vida.
Não deixam de ser sombras
Inertes e esquálidas
À espera que a misericórdia do pássaro vadio
Lhe venha sugar a réstia de oxigénio
Que ainda se debate nos alvéolos!
Pelos jardins
O futuro marcha no mito das folhas da velha árvore da sabedoria
Recolhe da seiva o veneno com que alimenta
A esterilidade profunda e inglória.
Apenas os vampiros se banqueteiam numa ceia de sangue e almas
Fundidas a laser no abandono do desespero.
As crianças já não dormem…
As crianças já não dormem
Decepadas as veias
Mordem as pedras e nunca choram…
As crianças já não choram!
O futuro é o pesadelo dum sono acordado!
Já urge a noite…
Já falta a lua…
O sorriso existe como pêndulo dentro das artérias cerradas…
A verdade é uma gazua
Sem madeira para furar!
Uma aragem interroga
A lucidez que resta:
Agora que as dores descobriram a felicidade é que as contestais?
Agora que os crucifixos se enfeitaram de pedrarias é que os odiais?
Agora que os espinhos se envaideceram é que os condenais?
Deixai a vigília dos punhais rondar as casas
Porque elas são feitas de culpas e horrores
Nada têm que ver com quem nelas habita…
Quem as domicilia não são pessoas
São nacos de qualquer coisa e violência
Pois por dentro de tudo o que nunca serão
Talvez encontrem uma migalha de vazio
No espaço que nunca foi preenchido por nada!
Deixai a vergonha varrer ruas, praças e avenidas
Porque ela não é mais que a manifestação da inexistência
Propósito alquímico para se subir ao pedestal do status
Tão grandioso quanto imprestável
Só para deleite do olhar daqueles que nada esperam
Só para deleite do vício estático e desocupado
De aguardar que o nevoeiro se transforme em Midas!
Deixai o mundo morrer como pode!
É mais fácil esculpir a morte nos rostos das cabras
Que descobrir uma agulha de sensatez nas palavras dos homens!
É mais fácil encontrar um ícone de aço esculpido num bar
Que desvendar a verdade no puzzle irracional das atitudes dos homens!
Dizei-me – Para que quereis decifrar tais enigmas?
Enquanto rasgo o poema a terra abre as pernas
Para o perpétuo filho do apocalipse da razão.
As sementes clamam por justiça
No alvorecer dos braços da nova civilização…
Se os passos dados foram arcos de triunfo
Foi porque uma luz os iluminou.
Por dentro da desgraça
O sol insiste em incendiar
Os corações de pujança e alegria…
Para que quereis decifrar tais enigmas?
O vento ruge de novo:
Para que quereis decifrar tais enigmas?
A rudez dos instintos manifesta-se na rudez das atitudes
Quando sepultais mistérios e segredos acumulados
A tantas algemas luz do dia de hoje.
As planícies tornam-se vales imensos
Onde o orgulho constrói labirintos e escava túneis
Crente numa continuidade lamacenta e repetitiva
Daquilo que foi sem mudança e que será!
É aqui que é. Nem bom nem mau. Apenas frívolo!
Aconchego das terríveis justificações que vos acobardam
Turbilhão de precárias indecisões
E insensatez!
Agora que os lamentos se elevam como éter acima da lua
(Porque ainda representam um livro aberto
Quando todas as dúvidas renovam de gritos as consciências)
É que a rouquidão fervilha na aspereza de um aflito!
O ácido dos mais instintos recobra de tanta insanidade…
Porque não sois felizes?
Tudo o que aspiraste por mundo não é o que tendes?
Tudo o que construíste não é o que está construído?
Tudo o que destruíste não está destruído?
Tudo o que invejaste não é o que possuís?
Então…?
Será que o mar da vaidade alguma vez subirá a montanha da inveja?
Pois que chegue a vós em forma de esqueleto
O cheiro alucinante desse sonho nómada
Que erra pelo mundo à procura de um ser
Onde possa ganhar forma
Desvendar os mistérios inexplicáveis
Das razões concretas que nunca o serão!
Quando bater à porta do futuro
Vestido de ideais e sorrisos
Enfeitado de plumas e segredos de cristal
Todos os compêndios escondidos dos brilhantes olhos
Farão esvoaçar as páginas pelo deserto dos inconformados
Os poetas definirão com precisão as miragens
Numa ode extensa lírica e real
E o globo terá a dimensão universal de uma solução…
Desvendar-se-ão os grandes mistérios da poesia!
Breve… Breve chegará o dia!
ALENTEJO
António Casado__________ 14 Setembro 2007
Publicado__________ Clamor do Vento
Registado __________ Depósito legal 306321/10
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ALENTEJO
-
Campos verdes que procurais uma definição Pátria
Para a beleza que exalais
Que a vida geminada de vós
Exalte a grandeza desse imenso sonho colectivo
De dividir o trigo pela enxada!
Nas searas verdejantes
Nos montes batidos pelo sol
Da terra constante e vermelha
Como se o caudal da distância
Se derramasse em sangue pelo vosso povo
Ergue-se o grito mudo
Como sinónimo da vida que rebenta em cada ramo
Hino de terra remexida
Alardeando a longevidade do Alentejo.
Aqui
A copa das árvores brinca com as nuvens
As urzes derramam em sombras o deleite
No desaguar perpétuo das espigas maduras
Oh terra!
Abri-vos ao apelo lançado pelas formosas cegonhas
Que planam pelo mais profundo da consciência!
Recordai neste sonolento passar do tempo
A pressa das sementes geradas no pão moído
Nos ancestrais moinhos de vento!
Que estes arrozais acordem
Para que numa opereta de Sado
Guadiana Mira e Atlântico
Ressurjam do mar os guardiões rochedos
Que colonizam a Vicentina costa!
Que os estranhos corcéis do passado
Trespassem com a mesma espada de sangue
A seiva brotada destes pinheiros mansos!
Acordai caótica árida beleza!
A melodia que se liberta dos grãos de areia
São hossanas
Na voz dos homens e mulheres que te bradam
Num conjunto total sonhador e profético!
Acordai oh vento cearense profano e cálido!
Conta as aventuras dos teus filhos em luta
Pelas pedras húmidas das ribeiras claras!
Levanta-te da laje fria Catarina!
Traz no regaço um filho e uma foice
No arado guerrilheiro
No grito de justiça
Na rendição serena das oliveiras negras!
Que Aljustrel produza
Gomas de encanto e fortuna
Com que amamente de sonhos
O suor toupeira dos seus homens!
Cantem os sobreiros a dança da chuva
Na aridez ainda desértica do próprio grito
Que se ergue na gravidez solidária da terra!
Para quando a promessa de um acto de coragem
Que faça rejuvenescer na alma a certeza
Dos costumes de cortiça desta gente?
CLAMOR DO VENTO V
António Casado__________ 11 Dezembro 1990
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CADA VEZ MAIS SOZINHO
-
Negar que te amo
É mentira
Eu sei.
Procuro-te por toda a parte…
Não desejo ver-te.
Mas é a saudade
Que me leva a procurar-te.
Quero amar-te!
Quero ter-te!
É impossível enganar-me…
Não posso viver contigo.
Sinto que o teu olhar me deseja
Para além da penumbra da solidão
Que o teu corpo
Meigo e terno
Me desnuda
Que a tua voz aos gritos
Me segreda:
“Têm-me sempre junto ao coração”.
Sim
É essa saudade que me dói
Este chorar por alguém…
- Quem me responde?
A dor
De tão intensa
No peito explode
Incendeia o corpo de desejos
Inflama a ansiedade
De sentir os teus beijos
Na minha pele
No meu rosto…
Envolve-me na ternura
Do teu carinho
Vem!
Amo-te
Eu sei
- Cada vez mais sozinho…
Para Carlos Calado
GUARDEI O DIA PARA TI
António Casado__________ 29 Maio 2009
Publicado__________ Clamor do Vento
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GUARDEI O DIA PARA TI
-
- Guardei o dia para ti.
Arrumei o quarto e decorei-o
Coloquei um defumador e uma vela
No parapeito do desejo
Enfeitei a janela
Com a colcha de linho
Marcada com o nosso último beijo
Depois… Fiquei à tua espera.
- Guardei o dia para ti.
Todas as desculpas serviram
Para justificar a tua ausência.
Remataste que se viesses
Nem seria por mim…
- Guardei, sem saberes, o dia para ti.
Pois bem:
Chegou a hora de dizer basta!
Acreditei que me amavas
Sonhei com os teus beijos
Os teus abraços fortes
O teu corpo macio a envolver-me…
Sonhei que me pertencias
Acreditei que era teu.
Mentira! Tudo mentira!
O passatempo da minha ilusão
Foi apenas um mar de sofrimento…
Nele não cabe nem mais um lamento
Nas palavras de lama que escrevo a giz.
Acreditei que me amavas…
Que tolice… Até fui feliz.
A realidade é um chicote!
Hoje desacredito da minha ilusão…
Tu não me amas
Os nossos caminhos não se cruzam
Não tens lugar cativo na minha cama
Nem do meu corpo teus desejos abusam.
Sei o que sempre soube…
Só que agora acredito.
Vou chorar… Vou ter pena de mim…
Vai doer este inferno de te não ter…
Mas acredita paixão
Vai valer a pena
Vai ser melhor assim.
Cansa-me subir ao poleiro
Onde me puseste
Para ser objecto do teu prazer
Dos teus anseios!
Acaso não merecerei melhor?
Hoje vou pelo mundo
Lavado com as lágrimas da dor
Caído numa desilusão doentia…
Mas vou.
Vou pelo mundo
À procura de quem me saiba amar
E respeite pelo que sou!
ENQUANTO A TUA SOMBRA
António Casado__________ 27 Janeiro 2008
Publicado__________ Clamor do Vento
Registado __________ Depósito legal 306321/10
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ENQUANTO A TUA SOMBRA
-
Além de todos os focos luz
Acreditava que eras belo e esperava-te
Num banco de jardim
E a ânsia de te ver reflectia-se na pele
Como a prata das marés...
Dizia que te amava de todas as formas
Que o amor pode conceber
Com todas as palavras que a Torre de Babel
Concebeu para que tas dissesse…
Além de todos os focos luz
Quando a tua silhueta era desenhada pelo sol
Na areia fina da praia dos nossos sentidos
Beijava-te… Mordias-me…
Atiravas suspiros ao vento como uma melodia de prazer
Entoada pelas vagas soltas das estrelas
Que me molhavam do teu corpo romã
E partíamos nessa viagem sem fim…
Nos teus braços entregava a minha liberdade!
Sentia-te em mim a desbravares horizontes
Que eu próprio desconhecia
Num deleite meigo e alegre…
Viajava na plenitude dos teus músculos
No barco à vela dos nossos desígnios
Em torno do Universo mais belo e luzente…
Deixava-me ir… Apenas ir
Pelos castelos desse sonho transparente.
Não… Não te amava! Apenas… Não te amava!
Era teu!
Tu o moço mais lindo
Da cordilheira da minha sensibilidade…
Não… Não te amava!
Era metade da tua vida…
Era a verdade…
RECADO PARA UMAV
Olá
Ainda bem que pouco entendeu da "Inércia". Vou explicar-lhe porquê. Esperava uma definição estrutural política da sua parte e consegui-o. Para além do abstracto vazio que o caracteriza, ainda encontro laivos de desinformação. Acredite, isso é normal, infelizmente. O não sabermos é natural, o não querermos saber é ignorância.
Pois bem, num texto propositadamente grande apegou-se a uma das quatro drogas sociais actuais - a religião. Já estou a ler o argumento de que a minha opinião influi na liberdade religiosa e que o deus dos muçulmanos é diferente do deu dos cristãos e dos judeus e sei lá que mais, patiti patata... pense. Você parece-me inteligente. A cultura africana, donde a raça humana é oriunda, ainda na pré-história, não tinha deus. Adoravam o sol e a lua porque sem eles não existiam nem conseguiam contar o tempo para as colheitas, sementeiras e pescas. A religião surge quando a acumulação de riqueza obriga a que a sociedade vivesse debaixo do medo para que supostos iluminados, reis, imperadores, faraós e o raio que os parta, pudessem exercer sobre os mesmos o domínio e a escravatura. Pesquise o resto que não tenho muito tempo para um tratado histórico-filosófico. Daí a religião - TODAS ELAS - andarem sempre de mãos dadas com o poder caótico instalado.
Vamos então para a parte mais pertinente e menos inteligente do seu comentário: Caro olho-de-gato, que o senhor se curve à complacência geneticamente introduzida nas mentes tacanhas por ferrenhos anticomunistas convencionais que desabaram barbáries a partir dos EUA com a cumplicidade alemã hitleriana, é problema seu. A questão é: Saberá eventualmente do que fala? Sabe por acaso o que é o comunismo? Já ouviu falar de Marx? Sabe o que é socialismo? Tem alguma ideia do que é a democracia ou a liberdade? Sabe o que significa a divisão social? Classes sociais? Sabe como apareceram? Não temo o comunismo. Temo mentes como a sua que por ignorância vivem no medo e por ignorância querem impor o medo. A sua teoria é abjecta e faz parte de um rol malquisto de mentiras que nem você sabe de onde vêm e quer vender-me a banha da cobra que comprou às migalhas num templo qualquer.
Eu falo da religião porque todas são iguais, todas seguem os mesmos princípios, todas são oriundas da mesma flatulência filosófica e todas manifestam o seu papel ridículo, ordinário, prostituído, perante a sociedade. Tanto se me dá se são xiitas, cristãos, maometanos, judeus. Todos iguais na linhagem do medo. Para si que parece-me cristão de meia tigela, já leu a bíblia? Quer que eu a explique para si a partir do génesis até ao armagedão? Nada temo porque sei que a força da palavra irá ser a causa de uma revolução democrática social que nunca contará com mentes como a sua.
Obrigado pelo comentário.
Estamos em lados contrários da barricada. Sou comunista, ideologicamente falando. A publicidade do nazi-fascismo, do capitalismo, da religião barata e da mentira fabricada por necessidade não me assustam porque estou habituado ao anti-comunismo mais reaccionário e evidente na demagogia das suas palavras. Por isso, e como comunista que sou, sem lhe retirar qualquer liberdade de expressão para o que quer que seja, cabe-me apenas informá-lo que:
1º Qualquer comentário nazi, fascista, opressor, ofensivo da luta dos povos de qualquer país do mundo será tomado por mim como um insulto.
2º Qualquer comentário discriminatório, preconceituoso, revestidos de tabus e fobias, serão tomados por mim como ignorância e deleitá-los-ei.
3º Como o seu anti-comunismo não passa de retórica barata porque a nenhuma feita respondeu, ou seja disse o que ouviu alguém dizer, não vejo como continuar um debate interessante sobre a matéria quando você não tem matéria.
4º Sobre as religiões Islâmicas, a soldo dos EUA, Inglaterra e demais países europeus, continuam a ser religiões. Assim como os cristãos matam milhares de pessoas todos os dias, essas religiões matam milhares de pessoas todos os dias. Veja Israel - Faixa de Gaza. O mais pequeno dos meus problemas é o Islamismo. Justificação dos EUA para mais uma guerra. O maior dos meus problemas é o capitalismo. É isto que não entende - o porquê das coisas.
Quando diz que é apolítico…. Deixa-me rir! Um apolítico não escreve. Qualquer texto é político. Volte para a escola.
Cultive-se.
OS RIDOS E OS POBRES
Data do Poema – 31 Julho 2010
Autor – António Casado
Editora –
Data publicação –
Registo IGAC –
Trabalho –
OS RICOS E OS POBRES
-
No cimo das amendoeiras
Sob o branco das nuvens
Uma ave agita as penas
Promete ser vontade
Amortalha a fé paranóica
Arrasta pelas ruas a ilusão
De todos os paraísos
Futuros desacreditados
Presentes sem sentido
Ideias soltas sem conexão
Atrelados ao pescoço de repressores
Ditadores e outros mandadores
Rostos gravados nas moedas de ouro
Para perpetuarem a excomunhão ideológica
Dos jet-set televisivos e apalhaçados
Cannabis
Pagos para esfriar a fervura da urgência
De mudar
As batinas amofinam as almas conformadas
Falam de amor e medo, de medo e amor, de medo
E alardeiam que as fortunas se dividirão pelos pobres
Como os peixes de um Cristo inventado
Para manterem o medo fanático da fé, da intolerância
Da violência
Fazerem da liberdade uma prostituta
Uma verdade esquecida como a juventude
Que foi verdade
Antes do álcool, do futebol, da novela
Antes do medo do purgatório ser acreditado
E a necessidade da salvação dos pecados
Ditar a condenação das mãos atadas
Dos projectos adiados
Das hóstias amargas
Engolidas depois de vomitado o desejo de felicidade
Direitos e oportunidade iguais…
É possível
Quando a fé cega for o combate
O fanatismo a força orientada
O conformismo a rede ou a enxada
Então pobres e ricos deixarão de o ser
Deus estará do lado de fora de lado nenhum
E sem ódio, sem guerras, sem sangue derramado
Construir-se-á um mundo melhor
A riqueza será dividida
Pela força do braço
CLAMOR DO VENTO VII
António Casado__________ 05 Junho 2004
Publicado__________ Clamor do Vento
Registado __________ Depósito legal 306321/10
Editora__________ WorldArtFriend
Trabalho__________
SILÊNCIO DECADENTE
-
O silêncio
Cúpula
Na copa mansa das árvores
Alheio à impotência dos gemidos
Um trapo de solidão e tristeza
Veste-se em nós
Nos píncaros do medo
A convicção da inalterável imortalidade
Do tempo
Realça nas rugas plebeias
Recalcados desejos
De liberdade
Onde encontrar nesta guerra
Um limbo de serenidade?
Pelos dedos torturados de presságios
Evadem-se secretos beijos
Rubras paixões
Cânticos suicidados
Emoções
Impregnados de liberdade
Imunizam
Do silêncio
A verdade
Delira o chicote da insanidade
Trespassando de tremores e vícios frívolos
A carne rasgada dos homens
Livres
Que rabiscaram nos muros estagnados
Lágrimas feridas
Fúnebres martírios
Mensagens de um presente
Permanente
Que aos poucos expira
Entorna-se o caldo da espera!
O fanático delírio investe
A soldo do silêncio
Contra os espoliados
Do pão
O ano inteiro
Um altifalante de jarros
Papoilas e nenúfares
Acalenta as ilusões
Possíveis
Impávido e distante
Mergulhado no ácido da luxúria
Sentado num trono de urtigas
Copulando nas árvores
Inventando liberdades agrilhoadas
O silêncio
Ainda teima impor
Mercenárias frustrações
Às cordas vocais
Desta gente
Livre…
Todo o silêncio
É decadente!
SILÊNCIO, A NOITE VAI PASSAR
António Casado__________ 17 Abril 2009
Publicado__________ Clamor do Vento
Registado __________ Depósito legal 306321/10
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SILÊNCIO, A NOITE VAI PASSAR
-
Não tenho estrada…
Olho para todos os lados e não me encontro.
Nem lágrimas afloram aos meus olhos
Cansados e distantes…
Em cada copo de uísque trago o silêncio.
Embriago-me de pasmo e ódio e raiva
Por tudo o que desconheço
Porque nesta cruel solidão
Só posso dizer que te amo…
Te amo… te amo…
Não quero a luz do dia na minha garganta
Nem o sufoco do calor no meu anseio!
Quero uma onda de paz na ternura!
Um bafo do teu calor sobre a pele!
Porque me feres?
Porque me magoas?
Porque me arranham as tuas unhas?
Quero um clamor de justiça na minha aflição!
O desespero e a angústia já nem são dor…
É tão grande a chaga que nem existe pele
Que possa dizer que um dia
Cobriu este mísero corpo nu…
Ai! Que facadas o céu me atira impunemente…
Ó Deuses! Sou apenas mais um vagabundo
A apunhalar o peito dormente!
Não tenho dias… Nenhuma luz é clara…
Só um deserto de sombras
Arruína minha alma!
Eu
Destilado por tanto padecimento
Dissolvo num mergulho frio e hediondo
A raiva e o conflito dos nervos!
Acreditava que todas as aventuras
Eram parte de uma grande verdade…
Amava-te porque tu eras tu!
Oh! Como me enganava!
Como bebia fel a pensar ser água
Pura e cristalina…
Oh! Como me embriagavas de prazer!
Eu
Eterno experiente duma experiência vadia
Deixei-me enrodilhar nessa paixão
Nesse desejo, nesse querer…
Que hoje não é mais que uma espada de enxofre!
Que hoje me lambe as lágrimas de sorrir a sofrer!
Tanta punição! Tanta dor!
Foge-me a inspiração pelas pontas dos dedos feridos
Como a sombra do raiar da luz!
Tanto clamor!
Eu disse-te coração: - Não quero amar!
Todos os cantos do mundo
Ouviram o grito desesperado
O canto alucinado
O meu medo…
Agora da paixão
Resta a lágrima caída
Dos olhos de uma ave morta
Onde eu sou a flecha que a atingiu
E o espírito partido dela.
Ai…! Se ao estender a mão a tua
Viesse dormir sobre a minha
E um pedaço de sombra
Me aconchegasse nesta noite medonha…
- Tenho medo do escuro, sabes?
Ai…! Se ao pronunciar um nome - o teu
Saciasse o meu desejo
Então tu
Perfeito e belo
Talvez surgisses das sombras da indecisão
E me dissesses… Apenas dissesses…
Ai…! Levem-me ondas
Sepultai-me onde nunca veja a luz do dia!
Vinde! Vinde ao meu encontro
Oh aves do deserto!
Alimentai-vos do meu corpo doente!
Erguei-vos piratas do passado
Lançai-me com fúria sobre os conveses
Tomai meu corpo vil e violado!
Bebi…
De que importa o que bebo?
Morrer é tão-somente mais um dia.
O dia que eu não quero!
O dia que eu não tenho!
O dia…
Bebi…
Em cada trago vomito
A minha agonia…
Se alguma felicidade me assiste
É porque na minha ilha
A noite nunca parte
Nem amanhece o dia…