Nada mais será...
Não serei mais poesia nascente
em versos a atrair
nem magia iridescente
em musa a seduzir...
Não serei mais flor latente
em jardins a florir
nem vento dormente
pelos campos a fluir...
Não serei e tudo secará
e nada mais será...
Ficarei assim indolente
calada a definhar
feito semente
que esqueceu de germinar...
(ania)
Deixa-me falar...
Deixa-me falar do meu coração,
da dor, do amor não correspondido
da esperança, do sonho perdido
e do receio de uma nova desilusão...
Deixa-me falar do que vai em minh'alma
desse medo, dessa ânsia em te conhecer
desse temor em desvendar meu ser
desse sentimento que em mim, se espalma...
Deixa-me falar da atração, a ternura
desse querer que meu peito alaga
desse doce e novo sentir, a candura...
deixa-me falar do ardor, sem censura
do desejo de te tocar que embriaga
dos beijos que ainda não te dei, a loucura...
(ania)
Deixa-me fantasiar...
Deixa-me fantasiar e te conduzir,
em tuas noites eu sonho intervir,
deixa meu olhar ardoroso passear
por ti, e meu sorriso, te afagar...
Deixa-me tuas madrugadas invadir
penetrar teu sono, nele te seduzir
deixa com meus versos te acariciar,
te envolver e com rimas te beijar...
Um soneto inspirado te dedicar
e nele, o que vai na alma transbordar
dos meus sentimentos, te fazer ciente...
Deixa-me em tuas madrugadas, embrenhar
e docemente, em mim, te aconchegar,
e em teus sonhos me fazer presente...
(ania)
Todas as manhãs...
Todas as manhãs,
vestida de poesia,
ela trilha estradas
a procura de sorrisos,
de mãos, de acenos
e sonha...
Todas as manhãs,
ela em pensamentos,
em esperanças se envolve
e devaneia...
Cria asas, voa,
flutua...
Todas as noites,
ela sepulta os sonhos
e adormece a chorar,
mas todas as manhãs,
ela, novamente,
volta a sonhar...
(ania)
Dói-me demais...
Dói-me demais a saudade
de beber teus sorrisos,
de me refletir nos teus olhos,
de me embriagar no teu cheiro
e de me esconder entre teus dedos...
Dói-me demais a saudade
de te habitar...
(ania)
Eu falava de amor...
Eu falava de amor
e por momentos,
pensei que as palavras
flutuassem até você,
e que você, com delicadeza,
as afagasse, e ternamente,
ao seu coração, as levasse,
mas não...
você não as percebeu
e elas, atônitas, feridas,
nas brumas da sua indiferença,
se perderam...
só por momentos, pensei...
Só por momentos, sonhei...
(ania)
Divagando...
Ouvir Chopin, na vitrola tocando,
A música a envolver...levitar...
Dia de chuva...na tarde divagando,
Ser um poeta...na mente a sonhar...
Pensar...escrever, versos formando,
Buscando letras...palavras alinhar...
Rimar...sílabas poéticas contando,
Quadras, tercetos ...sonetos criar...
Por entre nuvens e quimeras, viajar,
Os mais lindos sonhos, em versos, tecer
Deixando a sensibilidade aflorar...
Fantasiar...a imaginação soltar,
Deixar o lirismo transparecer,
Compor e de poesias a alma, embriagar...
(ania)
Deixa eu te descobrir...
Deixa eu te descobrir
Cinco, dois, ou quem sabe,
Um minuto?
Te sinto nas pedras do rio,
Nas árvores, no mato,
No sol que aquece!
Rompa as manhãs
Solta as tuas asas
Voe sem laços
Voe...
Venha pela brisa
Venha, que...
...um dia te encontro!
(ania)
Etéreo toque...
Ah...vento calmaria, carinhoso soprar
em minh'alma, como rosas a florir
doce roçar, sem encostar, sem sentir
só no pensamento, leve, a rodopiar...
Ah...vento brisa, ternurento afagar
na pele, como plumas a seduzir
etéreo toque de estrelas a luzir
só na memória, diáfano, a flutuar...
Ah...vento sereno, meigo e suave tocar
no meu ser, como pétalas a sorrir
só na imaginação, frágil, a bailar...
Ah...vento magia, delicado ciciar
em mim, pele, alma e coração, a fremir
em suspiros e devaneios, com você, a sonhar...
(ania)
Houve um tempo...
Houve um tempo de ritmo contagiante
de estrelas cadentes e versos pelo ar
de coração na garganta, ofegante
de noites quentes, belas noites de luar...
Houve um tempo lindo, alucinante
um tempo de borboletas, na alma a voar
de sons, de sinfonias apaixonantes
de sonhos...de pirilampos a bailar...
Houve um tempo de vinho, de rosas
de corpos ardentes...noites de amantes
de abraços, de beijos, de mãos audaciosas...
Houve um tempo ardente...de entregas gloriosas
de sedução, de êxtase...noites delirantes
hoje, desse tempo, só lembranças preciosas...
(ania)