Poemas, frases e mensagens de sravaka

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de sravaka

Pequena

 
Sou pouca e pequena, mas...
ambiciono na estranheza do vazio encontrar o que me faz grande
O que grandemente me molda, me revolve e me faz tornar
à essência do ser primário

Sou sentimento que não se sente,
Quimera, quem sabe, pouco idealizada,
Mas sou-o consciente de que nessa
pouquidão e pequenez
Jamais deixo de ser gente
 
Pequena

Vens-me ver na minha desgraça?

 
Vens-me ver na minha desgraça?

Logo tu que pensas tudo saber!

De facto tem a sua graça

Porque aqui nada há para ver

Chorei uma lágrima agreste

Quando o sol não mais raiou

Mas a dor não é constante

E nem a mágoa ficou

Hoje sou quem não conheces

Quem conheceste não existe

Até parece que te esqueces

que não era eu a pessoa triste!
 
Vens-me ver na minha desgraça?

Se a minha alma

 
Se a minha alma acalmasse, não se inquietasse!
Se encontrasse em si mesma a capacidade em ser maior!
Se a minha alma se despisse do peso da pele, por momentos,
E transbordasse para fora do casulo!

Se a minha alma sossegasse o coração!
Se seguisse o rumo que vislumbrou do outro lado da montanha!
Se a minha alma relembrasse quem é por momentos
E visse o mundo com outros olhos!

Oh, se apenas a minha alma fosse mais forte do que o que a amarra!

Mas lá insisto eu a puxá-la para a terra, enquanto ela grita
Desesperadamente para chegar ao céu, …

Quiça o rosto triste que vejo refletido na poça, não seja o meu
Mas o dela, amarrada à carne contra vontade, sedenta de liberdade!

Se fosse alma apenas, longe desta carcaça….
.
 
Se a minha alma

Caminhos

 
Caminhos estes que conduzem a nenhures,
Julgamos nós quando a dor é avassaladora e
O diabo nos cobiça a alma.
Tão fácil seria cairmos e deixarmo-nos levar!
Tão difícil é dizer “não” ao desejo!

Que quererei eu mais do que ser feliz,
E sentir a imensidão de um sentimento que me é desconhecido?
Quero-te a ti, mas mais do que a ti, quero o
Que representas:
Um aconchego, um poiso, um descanso.
Quero descansar e não pensar em nada!
Quero limpar o meu corpo da poeira!
Quero despir a minha alma de incertezas!

Caminhos estes que nos conduziram a algum sítio,
Um dia, num tempo,.... Qualquer.
 
Caminhos

Caminhar

 
No caminho ascensional, que optamos por fazer, somos um misto e um conflito de emoções. Por vezes, temerários como se estivéssemos sempre prontos para dar a vida no campo de batalha. Mas outras vezes, frágeis como uma criança pequena que se esconde atrás das pernas do progenitor olhando apenas por instantes, com os seus tímidos olhos, com uma curiosidade ingénua.

Não há caminhos fáceis nem respostas dadas à priori! Passamos, inclusivamente, muito tempo a colocar as perguntas erradas, como se olhássemos apenas para a pele e não nos atrevêssemos a olhar para o que se encontra por debaixo dela.

O caminho faz-se caminhando (dizem-me)! Cada um a seu ritmo, respeitando o seu tempo.

Ainda que possa ser doloroso aceitar isto, muito mais doloroso será não aceitar. É o mesmo que tentar apanhar o vento com as mãos. Que tarefa mais inglória!

Por isso é preciso caminhar, caminhar e caminhar... até onde os nossos pés nos conduzam.

www.8alaya.blogspot.pt
 
Caminhar

Heróis

 
A vida é uma estrada e enquanto a percorremos sobre obrigados a enfrentar os nossos maiores medos e receios.
E ao longo da caminhada vamo-nos cruzando com o que mais tememos.
Imaginemos, por instantes, um cruzamento, dois caminhos. O bicho papão surge à nossa direita e nós seguimos em sentido oposto. Caminhamos.
Nova encruzilhada. O monstrinho aparece lá outra vez. Sorri, faz pouco de nós, desafia-nos: "Enfrenta-me."
"Não", respondemos, "tenho medo" ou "não consigo". Fugimos sem olharmos para trás.
E assim continuamos, mas até quando? Até quando nos é permitido fugir, fazer de conta que não existe?
Até quando podemos ignorar e virar a cara?

Ou até quando aceitaremos que sejam essas as opções que tomamos na vida?
O não aceitarmos quem somos...
O não valorizarmos o que temos...
O não enfrentarmos o que tememos...
O estarmos constantemente em modo de fuga...

Que interessa se nos custa muito? Que interessa se enquanto mergulhamos na dor, nos sentimos sozinhos?  Que interessa se nos perdemos? Que se interessa se demora a nos encontrarmos?

Que interessa se entre os caminhos não nos veem? Que interessa se ninguém nos ouve?

Que interessa tudo isso se temos pernas para andar, braços para construir, mãos para criar, cabeça para pensar e coração para sentir?
Se temos tudo o que precisamos em nós, por que lamentar o resto?

Que o dia presente seja o dia de vestir a armadura dourada e enfrentar os desafios.
Que escolhamos ser heróis aceitando tudo o que isso acarreta.

Andar em frente, seguir um rumo, dar um passo.... O que virá, o que se segue, o incógnito, a dúvida, podem ser assustadores, mas já não há no passado nada que nos sirva e, possivelmente, haverá muito pouco a que faça sentido nos agarrarmos.

Como dizia Sivananda: "March forward hero!"

https://8alaya.blogspot.com/2017/11/herois.html
 
Heróis

Filho do Universo

 
Senta-te em padmasana…

Mãos sobre os joelhos em chin mudra…

Respira profundamente…

Inspira, sente o ar a encher os pulmões…

Expira mais devagar.

Consciencializa-te de quem és.

És mais do que pensas. És mais do que sentes. Tão mais!

Não és sequer o que pensas, nem o que sentes.

Não és a alegria nem a tristeza.

Não és a dúvida nem a certeza.

Não és a fé nem a descrença.

Um dia lembrar-te-ás de que és filho do universo e não mais aceitarás a dualidade como verdade.
 
Filho do Universo

Neste virar para dentro

 
Na necessidade em agradar, abanas a cabeça mecanicamente em sinal afirmativo enquanto o corpo se contrai até à dor. E se ontem, naquela luta interior que se desenrolou no teu tapete de yoga, te atreveste a abrir o peito, o coração bem vibrante a apontar para o universo, logo hoje o empurras para dentro e o abrigas a manifestar-se apenas no silêncio.

Vivemos em modo ioiô, num ritmo ditado pela batuta da nossa mente.

https://8alaya.blogspot.com/2017/09/neste-virar-para-dentro.html
 
Neste virar para dentro

Regresso a casa

 
Somos almas a desfilar, mas preferimos a identificação com a carcaça que molda a nossa imagem. Vivemos entorpecidos pelo medo ou embriagados pela saudade ou extasiados pelo desejo. E queremos sempre qualquer coisa: mais sucesso, mais amor, mais dinheiro, mais bens materiais, mais saúde, mais jovens, mais belos, mais perfeitos,… Ignoramos que estamos a fazer o caminho de regresso a casa e a casa regressamos de mãos vazias. O que levamos é a experiência.
À porta de entrada não passa quinquilharia e o nosso coração é pesado na balança.
Não há vestes, nem plumas, nem ouro. Não há pão para nos encher o estômago nem água para nos saciar. Há aquilo que não se agarra, que não se toca, que não se vê, apenas se sente.

https://8alaya.blogspot.com/2017/09/regresso-casa.html
 
Regresso a casa

Senhora Morte

 
Entra de mansinho
Quase que nem se dá por ela
Não é preciso ser adivinho
Para saber que trás na sua lapela

“Tão embonecada Senhora Morte,
Que a trás por estes lados?
Haverá mudança na minha sorte?
Sigo para junto dos antepassados?”

Diz ela em tom jocoso
porque sabe que domina
“Visitar-te-ei todos os dias
até ser tempo de seres minha

Enquanto me temes,
deixo-te alimentada pelo medo
Mas quando me aceitares
levar-te-ei para o degredo”.

“Dá-me tempo”, digo
numa voz quase inaudível
Serei forte um dia
ainda que agora sensível

“Quem vês hoje não é
quem verás amanhã.”
Aguarda e garanto-te
que não será uma espera vã

Sai pela janela
tão em silêncio como entrou
Sorrio porque não foi
o medo que ela deixou

A cobradora de almas
segue pela estrada
E em mim fica a esperança
de que há mais para além do nada
 
Senhora Morte

Sim

 
Sim, é o meu coração que bate,

Bate forte dentro do meu peito.

É feroz o seu eterno combate

Enquanto choro no meu leito.

Bate sem pedir permissão

Aperta forte quando fraquejo

Dizem que penso com o coração

Sei que sim quando lacrimejo

Fosse eu só cabeça e pensamento

Sem intervenção da emoção

Se não andasse ao sabor do vento

Talvez tivesse dentro de mim o condão

Ser sempre forte e não fraca

Pensar sempre e não sentir

Mas se também o pensamento ataca

Que poderei eu consentir?

Hoje digo que não quero sentir

Ontem gritava que não queria pensar

Os dois irão sempre coexistir

Até à hora de descansar

Julgamos ser livres, mas não somos

Enquanto controlados pelo que vai dentro

Queremos ser reis, mas somos mordomos

Quando afastados do nosso centro

Não penses mais minha mente!

Não sintas mais meu coração!

Deixa-me andar dormente!

Para mim, já chega de acção!
 
Sim

Coração

 
E se tudo falhar coração, restamos nós!
Eu, eternamente crédula, e tu a bateres no meu peito. Ligados pelo sonho, sempre inseparáveis.
Companheiro mais bobo desta boba menina!
 
Coração

Louca

 
Noite terrível aquela, em que a minha mente enlouquecia.
Acordei, dormente, com dor invisível que se sente
E foi difícil pensar que o meu espírito enfraquecia,
Talvez não valesse a pena lutar arduamente.

Os dias passaram e hoje vejo-me renascida...
Talvez por qualquer comprimido mágico, confesso!
Mas se havia algo de que pensava eu já estar esquecida,
Descubro agora que foi apenas o início de um processo

Mudei! Mudei! Não sei como. Mudei, não obstante!
Tudo me faz neste momento pôr em causa e questionar!
Parece que trago dentro uma mensagem importante,
E uma voz baixinha que não consigo calar!

Tenho de ir para outro sítio, encontrar a verdade!
Mas que verdade é essa que quer ser desvendada?
Tenho medo de pelo que deixo vir a sentir saudade,
Mas já não dá, não consigo mais manter a fachada.

Compreenderão aqueles a quem direi adeus?
Ou pensarão que a minha verdade é loucura?
Quem sabe? Deixo o destino nas mãos de Deus.
Tenho de caminhar em frente com bravura.

(07.12.2014)
 
Louca

Vejo

 
Vejo a luz à minha frente
Sinto as trevas atrás de mim
Tento encontrar a chama ardente
E afastar-me do abismo sem fim

Entre onde ambiciono chegar
- O cantinho luminoso do céu -
E o que sei que devo deixar
Encontra-se o ser a que chamo “eu”

Às vezes vivo num mar de agonia
Na mistura do bem e do mal
E em tão grande desenfonia
Sigo pelo caminho acidental

“É por aqui que devo ir?”,
Pergunto, sem ouvir resposta.
Melhor assim, do que ouvir
Que errei na minha aposta

Se é preciso andar, andarei
Mesmo sem saber para onde vou
Se for para cair, cairei
E verão de que raça sou

Tenho em mim apenas luz trémule
Quase um fósforo já queimado
Mas a minha alma é solene
E o coração não viverá acorrentado

Março 2016
 
Vejo

Desculpa-me

 
Desculpa-me se sou confusa, neurótica, complicada…
Se digo que sei o que quero, mas não parece que saiba o que quero…
Se digo uma coisa e faço o contrário…
Se erro e depois peço desculpas…
E nos entretantos há sempre um espacinho para mais um lamento.
Será tão fácil para ti afastares-te desta menina complicada.
Imagina eu, como fico, por saber que não posso fugir de mim mesma!
E tantas vezes fico refém dos enredos que crio, imagino e até chego a tomar como reais.
Imagina eu, como fico, se nem eu me entendo, desconheço por que ajo como ajo, e penso como penso e inquiro se há verdade no que digo.
Sou um vaivém de emoções, sou um barco que oscila e o mar que provoca a oscilação.
Sou o sim e o não.
A verdade e a mentira.
Sou o “segue em frente” e o “volta para trás.”
Sou tudo isso e, entre tudo o que sou e não sou, não sei quem sou.
Desculpa-me por isso e pelo ontem, e pelo hoje… Desculpa-me de antemão pelo amanhã…
Ainda sou aprendiz nestas coisas da vida.

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Desculpa-me

Quero algo novo coração

 
Quero algo novo coração,

Um bater incessante que expande e transcende,...

E se bem que tenha por ti enorme gratidão

Está na hora de seguir em frente.

Não levo mágoas, não levo tristezas,

Sou versátil na arte de me curar.

Vou avançando entre as minhas incertezas

E com esperança de não me voltar a enganar.
 
Quero algo novo coração

Barco

 
Sou prisioneira neste barco a remos

Que vagueia pelo mar adentro

Procuro mas os olhos não vislumbram terra firme.

Ondulo ao saber do vento

Haste partida, velas rasgadas.

Boca sedenta sob o calor abrasador.

Os meus dedos tocam ao de leve a água

Negra. O fundo não avisto.

Sigo sem norte, sem guia, sem nada.

Fome que deixa o estômago num nó.

Deito a cabeça no chão de madeira velha.

Sussuro: “Esqueceste-Te de mim!”

Deixo-me ir. Já não resisto, não insisto.

Que me engule este mar sem dó.

Mas eis que – estarei a sonhar –

Vejo uma luz brilhante espelhada naquelas águas.

“Morri?”, pergunto na certeza da resposta.

“Será um dia a tua hora. Mas hoje ainda não.”

O barco segue a sua viagem, como se soubesse

O destino, sem precisar do meu comando.

Os braços que seguram os seus remos

Não são os meus. Os meus pés pisam

Por fim terra firme. Arrasto-me e deixo-me

Cair. Choro: “Lembraste-Te de mim!”
 
Barco

Sobre a Vida

 
Vivido mais de um quarto de século entenderás

Mais de metade dos que te dizem amar, não amam

Mais de metade dos que parecem odiar-te, não odeiam

E quando esse momento chegar, reflectirás

A quem confidenciaste segredos que não devias

A quem entregaste teu coração por ingenuidade

Por quem abdicaste boa parte dos teus dias

Com quem partilhaste tempos de mocidade

A quem mostraste rancor e por quem sentiste ódio

A quem apontaste o dedo em tom acusador

A quem, por pura inveja, retiraste do seu pódio

E o relegaste para o lado mais remoto do bastidor

Quem te fez crescer mais ou mais sincero foi?

Quem te disse que não gostava ou quem fingiu gostar?

Quem mais te desiludiu ou contigo ficou?

Quem te alegrou a vida e quantos te fizeram chorar?

Não julguemos quem nos parece bandido,

Quando não sabemos o que vai na sua consciência

É seu direito viver segundo o sentido

Que voluntariamente escolhe dar à sua existência.

Não aceitemos de imediato quem parece amigo

Também não sabemos que vai na sua consciência

São muitos os que só olham para o seu umbigo

E se aproveitam de nós e da nossa interna carência.

Cada um deve primeiro honestidade a si mesmo

E levar a vida sem passar o tempo a julgar

A humildade torna-se em verdadeiro altruísmo

Quando o outro aprendemos a aceitar.

(Dezembro 2014)

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Sobre a Vida