Mãos que se amam
Avançamos com mil coisas sem saber
Aguardando a luz da vida nas palmas
O teu amor vai chamando sem medo
Baixo do céu o sorriso que se espalha
Dedos finos que brilham sob os nós
As mãos aquecidas neste ser amado
Os espaços entre os nossos dedos….
Sentes o meu coração no meio deles?
Sonho um ciclo de vida cheia de planos
Segurando as tuas mãos já enrugadas
Para sempre acaricia os meus sentidos
Desejando uma vida inteira ao teu lado
CA
Nunca me esqueças
As veias limpam o nosso saudoso peito
Pedaços de ternura que nos ofereceram
As ondas feitas circulam pelo coração
Enrolamos com carinho as memórias…
Gosto doce d’um partilhar dos dias
No universo de en (canto) de amar…
A verdade, é que agora escrever- (te)
Tornou-se o mais próximo a estar presente
As páginas brancas livres das correntes
Digo aquilo que mais desejo dizer-(te)…
CA
Real
Sento-me á beira de um banco de balanço
Desejo, instantes, situações, segundos…
O segundo silencioso depois da memória
Á saída, um sorriso teu á minha espera…
“O que dás... É teu para sempre.”
Guardei dois beijos e tenho-os aqui no bolso...
Aproveito o fio do teu sorrir, costuro as feridas
Aguardo o tempo que se chama presente...
CA
Escrever
Chegam palavras de instantes doces
Letras de sorrisos acabam de cair…
Carícias vindas de uma voz branda
Sobre o olhar húmido do alfabeto…
No abismo profundo da poesia
Encanto das palavras abertas…
Deixo-me ser salva pela escrita…
Partilho versos com as memórias…
Dispo-me sobre as páginas brancas…
Horizontes, letras ou os meus dias,
Nas palavras caladas por arranjar…
Sem perder a vontade de escrever!
CA
Buquê de amor
Seguro um buquê de felicidade feito de afecto
Pétalas vivas de veludo em flores perfumadas
A beleza dos céus contempla a bênção de ter
Amor terno, para tudo perceber sem nada dizer…
Venho com o bálsamo de amor decompor versos
A poesia de amar vem embriagada neste coração
Danço na curva do entardecer ao ver o teu sorrir
Os teus olhos adivinham poemas no meu sentir…
Pontos de encontros em campos de mãos dadas
Arranjo as rimas dos teus abraços com meiguice
Nos lábios soprar-te beijos em cada letra e falar…
No meu coração tens morada e raiz, deixa florir…
CA
Jardim da vida
No vento morno que vem dos sonhos planeados
Sopra a ventania do mundo desejando o amparo
Quando vier a vida trocando planos sem nos dizer
Vem ter comigo… a vida pode ser veloz e tão curta…
As sementes do medo que d’alma possa acontecer
Deixa-me somente humedecer essa dor do sentir…
Ponho sorrisos para colorir as pétalas da esperança
O chão medonho ser o campo de flores em jardim…
Ouvimos longe e perto, dentro do transpirar da chuva
O silêncio de querer das coisas a razão sem razão de ser
Sejamos apenas fadas sem asas que voam no horizonte
Encostadas á beleza da vida poesia de aprendermos a viver…
CA
Ser-(me)
Ser poesia solta
palavras espalhadas
revolta de letras
em suspiros de vento
Ser pétala esculpida
em mãos de nada
que me deixam
apenas a poeira
Ser ou não ser
definições ou complicações
ser apenas
um existir efémero
o corpo á espera
prece muda
morte concedida
cinza plena
Os meus gritos
em silêncio...
Nem susurros
se lembrará o tempo...
CA
O poema tem...
O poema tem o perfume….
As flores doces d’amores
Espalhando em fina pétala
O coração rolando de calor
O poema tem as tintas…
Tingem de cores quentes
Rostos sorrindo apaixonados
Vermelho nos lábios d’amar
O poema tem a sensação….
Consome o verso da nossa pele
Toque delicado das palavras
Vestindo apenas o verbo amar
O poema tem ligeira inspiração….
Sente o forte do meu querer
Onde escrevo-te com a alma
Sem ti… vivo a morrer.
CA
Adoçadas lembranças
A passagem do tempo que nos percorre,
Ao ver os anos a passar á nossa frente,
E depois a vontade em nos esconder,
Num lugar onde não houvesse passado.
As lágrimas que teimavam em cair,
Percorriam a face,
Terminando no canto da boca.
Tinham um gosto doce.
Doce como recordações.
Agora,
Tinha as memórias como seu refúgio,
E pensava que era o que a dor tinha de melhor...
As tão adoçadas lembranças.
A lembrada promessa…
Aquela que se sussurra ao ouvido,
Querendo-a eternizar,
No intuito de chegar mais perto do coração,
E a selar…
A vida...
Podia ser feitas de despedidas,
e de encontros…
Que aquele podia ser o adeus,
Mas não seria o seu último olá.
Manteria debaixo da língua,
A reserva daquele sentimento
Que não era ela,
Nem ele,
Mas sim….
O nós quando estavam juntos.
CA
Orvalho
Percorres os cabelos molhados
Beijo-te a parte do teu pescoço
há um luar cremoso a invadir
a toalha que cai pelo meu corpo...
Procuras minha pele com os dedos
Pétalas de um de lírio germinando
Beijas os seios em perfume de flor
andando pela passerelle do meu ventre...
Abraço-te na chama que envolvemos
Afundo-me no prazer de nos ter-mos...
Veloz, desbravando o horizonte que nasce
Amanhecemos no orvalho do nosso ser...
CA