O céu... não é o caminho
as feridas vão sarar
os ossos quebrados
engessados
os teus sonhos
resgatados dos escombros
os olhos levantados
com a luz dos lampadários
agora…
agora
jazida
no amor
que vou pingar mar
agora…
agora
sê forte
ausente do corpo
que vou ser porto dos braços
no teu acordar
O sal não secará ...enquanto houver almas sangrando a raiz
a lágrima
retida na retina
a fala
presa na esquina da língua
um breve acenar de ombros
naquela
inaparente
despedida
depois …
depois…
depois de virares a caminhada com as costas
o mundo que conhecia
desmoronou
o peito
e um mar…
que não sabia
que cabia cá dentro
Amar-te é um elogio à saudade
depois do ponto de partida
após tantas quedas
sem nenhum de nós
ter chegado à meta
fica à pergunta triplicada:
já desististe de chegar ao fim?
já desististe de alguém ao teu lado?
já desististe de partilhar os mesmos passos…?
Olha que eu não desisti …
apesar da subida da montanha
ser mais longa que a descida …
mas que importa
se através dos teus olhos
vejo a savana africana …plana …plana…plana…plana … plana ...
O infrangível aúste que liga os corações
Borriscar o mudo tempo
É lembrar com gosto
O teu doce querer
E por tua causa,
Vejo o pensamento saudando a lembrança
Com um sorriso destrancado,
Livre de ansiedades e de mágoas
Vamos continuar
A construir
Remoinhos de amizade
E furacões de carinho
Que aproximam as nossas idades
De certa forma
Fortalecer
O cordão umbilical
Que nunca foi cortado
Por ser a ligação mais forte de todas
Vocábulos de aço e de Primavéra
guardo religiosamente
os escritos
que me deste
eles servem de escudo
a um coração em meia haste
em tempos de Saudade
[essa guerra de um passado esperançoso]
se fez luz
a cor dos olhos ensaburrou
a noite das pálpebras
no instante que ourejaste
todo um amor
em falta
acho que as estrelas
nascem assim
seja no peito materno
no mar
ou no céu
Belenus
A ilusão do escuro ausente
Graças a uma estrela anã
Irmã de tantas outras
Que borbulham o céu
Na sua ausência
Tantas vezes ofuscadas
Pela sua presença
Sabes regressar …de olhos fechados ao abrigo dos teus olhos
ainda bem
que tens
aquele amor novo
de sempre
aquele amor delicado
que te segura com mãos de aço
nos teus adejos de pássaro
ainda bem que continuas
a saber regressar
ao tálamo dos teus galhos
depois de seduzires
o mundo
com os teus lábios
ainda bem
que se tem
ao cuidado
um cuidado
de ser cuidado