UM SONHO NA REALIDADE
A folha caiu sobre meu colo, embaixo da árvore, sentado e esperando por ela, mas nunca apareceu. Ela vive em meus sonhos, parece ser real em alguns momentos, mas eu não sei como encontrá-la. Eu queria poder sair por aí e buscar a felicidade que ela pode me dar, em vez de ficar aqui sentado esperando, sem saber por quanto tempo pode passar e ela nunca voltar. Queria que a primavera trouxesse o perfume das flores até sua janela, que o sol iluminasse seus pensamentos em dias tristes, que a chuva molhasse seus cabelos quando saísse para caminhar, que o vento soprasse tão forte que seu guarda-chuva fosse levado pela correnteza, e que você corresse para alcançar e simplesmente esbarrasse em mim no mesmo lugar de sempre a ter esperar, queria que o universo conspirasse para esse encontro se realizar.
Talvez não seja como planejado, mas espero que seja inesquecível para mim. A noite caiu e uma gota de chuva molhou meus cabelos, me fazendo acordar daquele que foi o melhor sonho, sem dúvidas, com você. Eu corri para pegar o último trem e quando o alcancei, já estava saindo à máxima velocidade. Naquele dia, eu fui andando para casa, que ficava apenas a três quarteirões. Enquanto caminhava, eu ouvi de longe uma voz. “Moço, por favor, espere”. Então, ao olhar para trás, percebi que se tratava de uma silhueta feminina e decidi aguardar. Até que a mesma se aproximou e, quando a luz do poste iluminou seu rosto, para minha surpresa, era a moça dos meus sonhos e eu não podia acreditar. Ela, sem perceber minha cara pálida e completamente desacreditada do que via, falou: "O senhor faria a gentileza de caminhar comigo até meu apartamento? Pois não quero caminhar sozinha nessa noite estrelada. Quando eu disse que poderia acompanhá-la até sua casa, ela sorriu e segurou meu braço. Aquele gesto fez meu coração acelerar como nunca antes. Ela começou a falar sobre lua e as estrelas enquanto eu ficava divagando com frases que saiam de sua boca. Minha mão estava tão fria que parecia não haver vida em meu corpo, mas, na verdade, era apenas o êxtase de encontrar o amor da minha vida que fazia tudo em mim ficar tão calmo e silencioso.
Enfim, chegamos onde a moça apontou sua casa e então ela girou sobre os pés e me beijou na bochecha e sorrindo, agradeceu pela caminhada agradável e segura. Eu ainda sem conseguir pronunciar uma palavra durante toda a caminhada. Tomei coragem e falei que adoraria acompanhá-la todas as noites, sejam elas estreladas ou chuvosas. Ela me olhou e respondeu que não seria necessário, pois ela estava prestes a mudar de cidade. Mas eu não perdi a chance de continuar a falar antes que ela virasse para entrar. "A senhorita gostaria de tomar um sorvete comigo amanhã no parque às 16h00min?", ela me olhou com um ar meio envergonhado e disse que não poderia, pois não sabia nem meu nome. Então eu respondi que para ela eu poderia me chamar como ela quisesse. Ela sorriu e pediu para que eu não fosse tão bobo. Então eu disse que meu nome era Amor. Ela riu e disse que ninguém teria esse nome. Eu respondi que eu tinha esse nome, que era assim desde que eu nasci. Então ela falou que era um lindo nome e respondeu sim, sim para um sorvete no parque. Antes que ela fosse embora, eu gritei: "Até amanhã!". Mas ela nunca apareceu e mais uma vez meu coração parou, mas desta vez não foi por amor. Quando passavam das 16h20min eu comecei a caminhar, pois sabia que ela nunca iria aparecer. Então, caminhei até o trem, mas era tarde e o mesmo já havia partido. Desejei que o mundo acabasse naquele momento e que eu nunca precisasse pegar aquele trem novamente. Comecei a caminhar e escutei uma voz me chamando: "Amor! Amor! Amor!" Eu olhei para encontrar a voz que estava me gritando, mas quando olhei, não encontrei ninguém me esperando. Então comecei a caminhar novamente e quando olhei para frente, lá estava ela me encarando e sorrindo. Eu fiquei surpreso e ao mesmo tempo incrédulo como ela apareceu do nada na minha frente. Ela perguntou-me por que não fui ao parque onde deveríamos nos encontrar e eu respondi que fiquei horas esperando por ela, mas ela não apareceu. Ela disse que também ficou horas esperando por mim, então como os dois estávamos esperando um ao outro e não nos encontramos? Ela falou por fim que ficou à tarde debaixo de uma árvore lendo e esperando por mim. Eu entendi que tudo não passou de uma confusão, pois ela não estava no mesmo parque que eu. Rimos da situação e começamos a andar pelas ruas conversando. Chegamos à frente da sua casa e ela me olhou. Eu estava vermelho, pois nunca uma moça havia me olhado daquele jeito. Ela falou que aquela era a última noite que compartilharíamos a companhia um do outro e perguntei por quê. A resposta veio como um vendaval, levando toda a alegria do meu coração.
Ela respondeu que não seria mais possível ficar a minha espera, pois eu precisava acordar e enfrentar a realidade. Eu, sem entender o que ela dizia e com pressa para dizer que estava apaixonado por ela, mas suas palavras foram mais rápidas e estranhas para mim. Ela disse que todas as noites em que nos encontramos foram devido a uma falha em nossos sonhos que nos permitiu viver o mesmo sonho juntos, mas que isso não seria mais possível, pois eu estava me apaixonado por ela e não poderia continuar amando apenas em sonhos, já que ela não existia na realidade e tudo o que acontecia era apenas um sonho inventado por nossas cabeças. Então, eu falei que a esperava todos os dias, pois ela havia saído dos meus sonhos desde a primeira noite em que a encontrei. Eu fiquei feliz em falar com ela. Ela correu antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa e eu acordei novamente. Passei dias tentando sonhar com ela e esperando por ela no mesmo lugar, mas ela nunca apareceu. Então, após meses, decidi esquecer aquele sonho e voltar para minha realidade e meus livros. Em uma tarde ensolarada, fui ao parque e fiquei debaixo da árvore de sempre lendo. A leitura estava tão boa e o vento tão fresco, mas de repente uma chuva fina fez com que todas as pessoas do parque corressem para suas casas ou para um abrigo mais próximo. Eu fiquei tão feliz com a chuva que saí debaixo da árvore para aproveitá-la e fechei os olhos para apreciar aquele momento. Quando os abri, percebi que havia outra pessoa do outro lado da árvore fazendo a mesma coisa, só que dando risadas com os pingos de chuva. Então, fui ver quem era e, quando abri os olhos, era ela, toda molhada pela chuva e sorrindo. Eu fiquei parado olhando e, quando ela abriu os olhos, teve a mesma reação, mas eu não sabia se ela saberia quem eu era. Mas, para minha surpresa, ela falou meu nome e meus olhos se iluminaram. Aproximarmo-nos e pude sentir o toque da sua pele pela primeira vez em meu rosto. As lágrimas que escorriam pelo seu rosto faziam sua pele brilhar ainda mais. Eu não esperei nem um segundo para gritar que finalmente havia encontrado meu sonho. Ela sorriu e falou que nunca mais voltou a sonhar, pois sabia que não me encontraria, mas sempre desejou, do fundo do coração, receber meu amor e fazer parte de tudo o que conversamos durante nossas caminhadas. No entanto, quando tentei tocá-la, percebi que não seria possível, pois eu estava novamente sonhando com ela. Quando falei que estava cansado de ser enganado por nossas mentes, ela propôs que nos encontrássemos para tentar entender o que estava acontecendo. Combinemos usar essa falha a nosso favor e tentar compreender o que havia de errado em nos amar de verdade.
2 CAPITULO
UMA NOITE COM ELA (ÚNICA VERDADE)
Era fim do dia e eu esperava por ela, conforme combinado em nossas conversas. Queríamos esconder dos nossos sonhos a verdadeira intenção de nos encontrarmos todos os dias, e queríamos descobrir por que essa falha nos permitia nos amarmos apenas em sonho. Quando o que mais queríamos era viver tudo isso na realidade, sentir o toque um do outro e poder de fato experimentar todo o amor que nossos corpos guardavam. Durante todas as nossas conversas, usamos códigos para não deixar clara nossa linguagem desafiadora para com nossas mentes. Se elas eram parte de nós, perguntava-me por que queriam nos manter separados fisicamente. Talvez a resposta mais simples seja que ela precisava que fosse assim para que nenhum de nós viesse a sofrer no futuro. Diante dessa situação inusitada, eu procurei manter a calma e seguir com minha rotina diária, procurando esquecer de fato aquele amor que durante meses vinha confundindo minha cabeça em sonhos. Mas no fundo, ainda me perguntava o porquê de nunca mais encontrar aquele amor. Após horas de reflexão, decidi ligar para uma amiga que não via há muito tempo. Ela atendeu e combinamos de sair para conversar sobre a vida e o tempo que ficamos longe. O local combinado foi o Restaurante de D. João, um grande amigo nosso que levava a arte da culinária portuguesa de sua família para todos na Cidade Alegre.
Enfim, a noite chegou e fui encontrar uma amiga no restaurante, mas ela não pôde comparecer devido a um problema no consultório. Decidi entrar e jantar sozinho, mas de repente uma moça entrou no saguão e pediu uma mesa para um dos garçons. O gerente respondeu que não havia mais mesas disponíveis e a moça ficou chateada e um pouco furiosa. Então, o garçom disse que havia uma mesa reservada para duas pessoas, mas que uma delas não havia comparecido e se eu não me importasse, poderia dividir a mesa com a moça. Eu estava esperançoso e sorridente, mas o garçom levou a moça para uma mesa com outra senhora e elas começaram a conversar animadamente. Fiquei chateado por o garçom não ter me oferecido a companhia da moça. Depois de algum tempo, decidi ir embora e caminhar até minha casa. Ao sair do restaurante, vi que a mesma moça estava parada perto de um carro, furiosa. Aproximei-me e perguntei se eu poderia ajudar ou chamar alguém para ajudá-la. Ela me olhou com indignação e disse: "O senhor acha que uma mulher precisa da ajuda de um homem para resolver seus problemas? O senhor tem ideia do que eu passei hoje?". Eu me desculpei e disse que não queria deixá-la com raiva.
Eu fiquei furioso com aquele ataque desnecessário à minha pessoa, que só queria ajudar. Respondi: "Senhorita, peço que se recomponha e fique mais calma. Não vê que as pessoas estão nos olhando e extremamente envergonhadas com tamanha falta de etiqueta por parte da senhorita? E antes que faça qualquer acusação injusta, gostaria de deixar claro que minha intenção era as melhores possíveis. Mas como vejo que a senhorita está em um acesso de fúria e não quer ajuda, irei me retirar para que possa continuar seus desbravados chutes no carro."
Ela, em impulso, segurou meu braço antes que pudesse sair de perto do carro e falou em um tom mais calmo e cordial: "Senhor, não queria passar essa impressão de louca e sem etiqueta. Peço sinceras desculpas e gostaria de pedir que, se o senhor ainda sentir alguma empatia por mim, faça o favor de me ajudar com o carro, pois não entendo nada e estou bastante cansada para aguardar um trem a essas horas. Se quiser fazer isso, gostaria de explicar que não sou assim, apenas fiquei furiosa pois nada nesse dia saiu como o planejado."
Ouvindo aquelas palavras, senti que não seria bem visto da minha parte não ajudar a jovem.
_ Tudo bem, respondi sem muito entusiasmo. "Gostaria de saber qual o problema com seu carro", ela falou que o carro estava desligando sozinho e que não conseguia dar partida. Eu verifiquei e percebi que restava apenas um pouco de gasolina e por isso o carro estava desligando. Falei com toda calma que o problema era simples e fácil de resolver, mas só no dia seguinte. Ela me olhou meio incrédula com a situação e começou a falar: _ senhor, para onde eu irei? Não tenho parentes na cidade e muito menos conhecidos. Estava apenas de passagem e decidi comer alguma coisa antes de continuar minha viagem. Oh céus, como ficarei em um lugar desconhecido e sem alguém.
_ Senhorita, por favor, não chore. Eu sei que essa não é a melhor das situações, mas pense comigo: seu carro poderia ficar sem gasolina no meio da estrada, o que seria muito pior para você. Caso a senhorita não veja problema, podemos caminhar e eu vou apresentar um pouco da cidade para deixá-la um pouco mais calma. Enquanto isso, posso pedir ao meu amigo que consiga uma gasolina para seu carro com o chefe do posto.
Ela ficou um pouco desconfiada e não demonstrou muito interesse em meu convite, então decidi me apresentar para esclarecer qualquer dúvida que ela tenha a meu respeito.
- Sei que não sou uma pessoa conhecida da senhora, mas meu nome é Amor, eu sou professor da academia Asgard e dou aula de Física, uma das minhas maiores paixões depois dos livros. Também trabalho na biblioteca pública da cidade e sou irmão do prefeito. Acho que agora a senhorita pode ficar um pouco mais calma perante minha presença.
_ Senhor, não me entenda mal, mas suas credenciais são impecáveis, mas não tão boas quanto o tempo que levamos para saber se alguém é de nossa inteira confiança. Acho melhor eu ficar por aqui mesmo e aguardar algum policial.
-Senhorita, estamos às vésperas de um feriado muito especial para a cidade e todos os policiais estão na academia cuidando dos afazeres da festa.
- Mas será possível que não haja um policial disponível nessa cidade? Exclamou ela com bastante fúria.
- Olha, realmente estou tentando fazer o melhor que posso, mas se a senhorita acha melhor ficar e esperar por alguém, desejo boa sorte!
- Não, por favor! Fique! Eu preciso de uma companhia e a do senhor me parece a melhor nessa cidade.
Decidimos, por fim, caminhar um pouco e conversar sobre o que ela estava fazendo durante a viagem. Ela contou que era escritora e estava para ir a um evento na cidade de Fortes, que ficava a duas noites de viagem de Alegres. Fiquei surpreso, pois não imaginava ela ser escritora, apesar de seus dedos manchados de tinta de caneta revelarem um pouco de sua personalidade. Passamos a noite conversando e rindo de alguns desastres que costumam acontecer nesses eventos. Contei a ela um pouco sobre minha paixão pela arte, música e livros. Ela ficou encantada enquanto eu falava. Foram as melhores horas da minha vida, mas passaram tão rápido que, quando olhamos para o relógio, o dia estava para raiar. A convidei para um café no mesmo restaurante e ela foi de bom grado.
Depois do café e com o problema do carro solucionado, fiquei ansioso para pedir o número dela, mas antes que eu o fizesse, ela esticou a mão e apertou a minha em um gesto de agradecimento. Disse em poucas palavras que aquelas foram as melhores conversas em anos com alguém real, e depois foi embora. Foi quando corri para alcançar seu carro, que o relógio disparou a tocar, me acordando daquele que, sem dúvidas, foi o sonho mais real que já tive em anos.
Até hoje ainda sinto falta daquela conversa despretensiosa e agitada com uma escritora. Eu ainda acordo no meio da noite e percebo que tudo não passou de apenas uma imaginação. A moça do restaurante nunca teve problemas com o carro e muito menos ficou na cidade. A moça com quem eu conversei nunca foi real também, apenas minha cabeça conseguiu criar uma noite com ela para conversar. Às vezes, os sonhos são tão reais que parecem querer sair de nossas cabeças e brincar com nossos sentimentos.
3 CAPITULO – FINAL
O SONHO SE APAGOU
Eu sei que fiz vocês acreditarem que esse amor era real, mas para mim foi tão difícil seguir com toda aquela história até o fim e perceber que eu não estava enganando apenas vocês, eu me enganei também. Pensei que era verdade por alguns momentos e senti que tudo tinha realmente acontecido. Lembra quando eu falei que eu amava livros? Bem, eu só esqueci-me de contar uma coisa, ou melhor, eu decidi esconder de vocês que também era escritor e desde criança vivo sonhando e esquecendo-me de viver a vida real. Quando sinto que estou me afundando, eu crio uma história e fujo para dentro dela e lá monto o cenário perfeito para amar alguém. Não me julgue, pois quem nunca inventou um amor e uma cena perfeita para si? Eu errei quando deixei chegar ao ponto em que cheguei. Eu falei para amigos que a tinha conhecido e quando me questionavam sobre nunca terem ouvido falar dessa tal escritora, eu trocava de assunto o mais rápido possível. Isso me levou ao esgotamento mental tão grande que não pude suportar e por fim acabei nesse lugar. Eles disseram que era para eu melhorar e que tudo seria bom para mim, mas eu não estou convencido disso. Eles passam o dia e a noite me vigiando, alegando que não estou apto a ficar sozinho ou voltar para meus únicos amigos, "Os Livros". Sério, eles querem tirar tudo de mim e me deixar aqui sozinho. Eu não aguento, eu preciso dela e de toda aquela mentira que eu inventei. Não posso ser considerado um louco só porque não consigo viver na realidade. Alguém que já sentiu o mesmo que eu, se sim, por favor! Eu peço que escreva para mim e faça-me acreditar que ainda não sou louco o suficiente para me trancafiarem nesse hospício.
Eu preciso escrever uma última linha, um último capítulo para essa história que criei. A vocês, vozes da minha cabeça, eu dedico meu ponto final nessa aventura que foi escrever cada palavra, cada frase. Minha caneta deixou marcas de quem nunca fingiu ser poeta, manchei meus dedos com as gotas azuis da tinta de cada sonho, experimentei cada frase criada para não ser escrita e a escrevi. Desafiei as expectativas de um escritor e entreguei minha alma para as palavras. E agora não posso descansar em paz sem escrever uma última carta para ela, àquela que nunca foi real.
Eu quero que você saiba que eu criei você em minha mente e amei cada ponto, vírgula ou exclamação que saiu da sua boca imaginária. Eu deixei cada gota de suor molhar o papel para dar um toque ao seu perfume e sonhei com você. Eu desejei tanto que você fosse minha, que criei você para me confortar nas noites frias e pensei que nunca iria precisar dividir você com outros. Mas eles arrancaram você de mim e a publicaram em todas as livrarias. Você não era mais uma história, apenas um conto. Você era única e extraordinária para mim. Eu me senti tão violado quando expuseram nossas conversas. Eu fiquei tão envergonhado por fazerem de você uma leitura de fim de tarde. Você era mais que tudo isso. Eu não aceitei o fim que eles desejaram dar para nós e assumi o controle da situação, mas era tarde demais. Eu só quero que você saiba que nunca violei nossos sentimentos e jamais desejei torná-los públicos, pois eram somente nosso. Como poeta, sinto que perdi minha musa expiradora e que agora, com todos esses remédios, sou forçado a voltar e esquecer que um dia fui capaz de conviver com você. Mesmo que eu nunca mais sonhe desse jeito, mesmo que cada linha que escreva agora não faça sentido, sempre serei seu escritor mais infiel, pois só eu posso dar vida ao que um dia foi capaz de devolver para mim a arte de viver.
Minha carta para você é apenas uma continuação do que eu queria que fosse verdade. Espero que eles nunca a encontrem, pois isso seria o fim para mim e o começo de uma longa viagem para o quarto branco sem jardim.
"Despertando de um Sonho"
Na esperança de viver um sonho,
Adormeci e encontrei você.
Na tentativa de permanecer em sua vida,
Busquei agarrar-me a seu sorriso, sua voz e seu cheiro.
Parece difícil permanecer em seu peito, uma lágrima escorre,
E sinto o toque da realidade beijar minha testa, convidando-me.
A despertar daquele que parecia ser o melhor sonho.
Mas, para que viver o melhor sonho se tenho a realidade?
Escrevo em letras vermelhas para mostrar que meu amor não acabou, Mas a tinta da caneta acabou e o que me sobrou foi o sangue Que deu vida a você.
Uma historia de amor e desilusão
Samira Monteiro