Poemas, frases e mensagens de AMICI

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de AMICI

ESSÊNCIA DA VIDA

 
Sonho, essência da vida
Janelas abertas
Voo versátil de ave
Cestos silvestres de beijos
Aves grávidas de mar

Sonho, alimento de litorais de espanto
Liberdade,
Cavalo à solta, solitário
Sacudindo a crina da cor do arco-iris

Sonho, rebeldia, utopia,
Galaxias prodigiosas
Duro de paixões,
Solar, lunar, ardente, frio, repentino

Sonho, tecido que na adversidade
Ri, confiante e mudo.
Coração às voltas como um volante louco
Flor bela rubra, pura
Por sobre os espinhos amanhece
 
ESSÊNCIA DA VIDA

PRECE

 
Desliza um cisne
descalço e sem outras penas
que não sejam de cristal
além da pena natural
que no bico leva aos despedir-se
do exangue lago que fenece
e com o meu amor (nosso)
irá por galáxias prodigiosas
disseminar a sedição da seda
e a inevitabilidade das rosas.
 
PRECE

MORRI

 
Fechei a janela à Primavera
E morri de tanto morrer.

05.06.2010
 
MORRI

ARREPIO

 
No repasto ensaguentado
Os deuses passeiam entre nós!
Provoca-me um arrepio!

Sobre pele ilesa e lisa inicial
No mundo imenso dos sinais
Transitam entre colunas
Num país fandango

Ir de alma solta como uma folha em branco
Sem esforço gozando avaramente
O silêncio feliz, o desfastio.
Alegres, tristes vagabundos
Mares de filosofia ... Balelas

Nem beijos, nem abraços, nem paixão ...
Imagens, vertigens, ânsias
Que o meu raciocínio tenta dominar

Sento-me num banco em ruínas
Recolho as cinzas de Quarta feira.
Da terra molhada, o prazer do cheiro
Cheiro da vida que invade de novo.
 
ARREPIO

INQUIETAÇÃO

 
Ah! esse mar!
Ter esse mar
As suas marés
As suas ondas
Passos inseguros me conduzem apenas.

Perco-me nos beijos
Jardim suspenso onde bebo
Encantos de paraíso perdido
No limiar que transponho

Encontrar-te a ti queria
Num abraço absoluto,
Terno e apaixonado
E tudo em mim encerraria no teu ser

Inquietação
Movimentos em ânsia para as sombras
Onde há praias sem areia
E o mar acaba

Agita-me uma força
Que pára no vazio
Ou talvez o limiar
do mundo irreal.
 
INQUIETAÇÃO

ORQUESTRA TRÁGICA

 
Tronco nu e anoso
Flui a lisura do tempo,
Dançando em tom de aguarela
O seu aéreo segredo

Desdobra-se a noite
Em segredos privados
Pronunciados pelas mãos
Dum marinheiro sagaz
Decidido a navegar

A distância, o deserto,
A paixão
Nocturna de uma orquestra trágica

Dizem-me outras vozes
O mundo que preciso
São vozes de silêncio liso
E bem vísivel
Desenhadas de afectos
Sem gesto esquivo.
 
ORQUESTRA TRÁGICA

QUERO

 
Já não quero mais as manhãs
atormentadas adormecidas
ao meu lado
nem a nocturna vigília venenosa
da serpente.

Quero a elegância da garça
que regressa à mesma fonte
para beber o breve instante
de mais uma primavera.
 
QUERO

MEU RIO

 
Meu rio, sob restos de arco-iris
Para onde me queres levar
Quando me procuram
E eu mesmo me procuro.

05.06.2010
 
MEU RIO

TECENDO SONHOS

 
Era leve, macia
Completa
A minha esperança
Que tecendo sonhos
Levava as mãos
Cheias de rosas.

Na vertigem da aventura
Fui eu co'as minhas virtudes
E defeitos
Fiz da entrega o destino
Enquanto a luz como areia
por entre os dedos se esvaía.
 
TECENDO SONHOS

GRAÇA DAS "3 GRAÇAS" DE POMPEIA

 
Sinto-me!
Sinto que te pertenço
Metades que se combinam
Desejo analfabeto
Que pensa tocar ao de leve a tua vida

Intimamente
Meu corpo solto
Quer ser verso
Em pedra esculpida
Graça das " 3 Graças" de Pompeia.

Intemporal extase de emoção
Princípio, fim, princípio
Efêmero imprudente em valsa ...
Em valsa louca, à míngua
De um sorriso de Deus.

09.05.2010
 
GRAÇA DAS "3 GRAÇAS" DE POMPEIA

DOÇURA DOS SENTIDOS

 
Hoje acordei com
o barulho dos meus
sentidos que dardejava
em doçura

Abri a janela e
despi-me em teus braços
que cantavam
um hálito ardente,
murmúrio de flores

Abri o mar
com as mãos
e enlouquecida
no meu próprio perfume
nasceram frutos e flores
no centro da vida.
 
DOÇURA DOS SENTIDOS

VENHO NUA

 
Cansada de promessas, venho nua,
Gritar à rua o meu amor antigo,
Amor profundo,
Amor puro e verdadeiro,
Amor que é feito todo para ti,
Que remonta às origens do primeiro,
Daquele encontro em que nasci.
Venho nua dos enleios que não tive,
Das carícias acenadas venho nua,
Meu segredo, como ontem ainda vive
Na esperança de poderes sabê-lo tu

Passa gente pelas ruas, apressada ...
Despida e estranha, roubam meu olhar,
Nele pus toda a esperança de encontrar-te.

Nesta teima de esperar que venhas sempre
Passo os dias a bater, de porta em porta
(riem dos gestos do meu corpo nu)
Não encontro ninguém que diga: - Entre!

Que me importam as vozes? Que me importa?
Se sei que quem me ouve serás tu?
 
VENHO NUA

PROJECTO

 
Uma dor muda me mudou a vida
a de uma demora em vão repartida
e não sou agora mais que uma sombra
de nenhum objecto ou corpo ou semblante.
Por isso descrente já não sou projecto
de rima dum rumo ao fundo do túnel.
 
PROJECTO

NA LÍNGUA DOS DEUSES

 
Lagos límpidos, infindos
teus olhos, teus lábios
onde me perco
em beijos doces sem tempo
Sensações sedosas,
carícias, enleio
tuas mãos suaves como cerejas
Leveza inquieta
treme meu corpo ardente na humidade da noite
Rios infindos
tomados de paixão
de serem mares
ânsia pura e louca sem limites ...
... meu amor ...
seiva anunciada
na língua dos deuses
 
NA LÍNGUA DOS DEUSES

A TUA RUA

 
Estás tão além ! ...
Além daqueles que se julgam no centro do mundo
E são becos na linha do horizonte.
Gente de mentes truculentas,
Amargas e trocidas
que fazem os dias envelhecidos.

Porque sentes as coisas simples
A tua rua é maior que a cidade
E o teu ser
Veste a natureza e acende o mar,
Sem lepra ou outras moléstias.

29.05.2010
 
A TUA RUA

ANAMNESIA

 
Por entre a bruma
sobrevive, renasce, emerge
um canto, um nome,
o aroma da espuma.
Apalpo a polpa
das palavras mais antigas
e nelas pulsa um fio
de prata, um frémito,
fruto do pudor
que desenha a geografia
do universo interior
e é quanto basta
Casta se mantém a poesia.
 
ANAMNESIA

À BOLEIA DE DANTE

 
À boleia de Dante
entrei na casa de Hades
Ele continuou ...
A aurora desvaneceu-se
e todos os pássaros cairam calcinados.

Virgílio,
voltou atrás,
apressando o passo
separando montanhas
desatando infernos

Fiammetta,
de indomável olhar,
erguia-se,
devorando distâncias
de açúcar enlutado.
Dizia-lhe Boccaccio:
- os beijos imprecisos
são letais como veneno...
... fia a primavera entre as amoras,
sem o desassossego da abelha,
a lua ensina-te o movimento.

Da casa de Hades saí,
coberta de solitárias cicatrizes.
Virgílio,
na quietude de um fruto
pousou a mão no meu ombro
e no rumor
de desconhecidas nascentes
acordei de um sonho.
 
À BOLEIA DE DANTE