Poemas, frases e mensagens de manesflama

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de manesflama

sou pela ultima vez feliz

 
fecho os sentidos pertinentes
procurando descrever-te sentir-te
viajo nas aguas cristalinas da ambiguidade
passando por verdejantes montanhas de paz
socalcos da mais pedregosa futilidade
em que me perco observando o sussurrar do vento
esvazio a mente aquela que emparedada me cegou
aquela que já não faz sentido e desvairado vou
vou ao teu encontro vou cair na areia
escaldante das tuas margens
sentir o perfume das tuas pétalas
que dançam um bailado ao som da luz que me encanta
que me faz sentir menino um menino capaz de gritar
de ser homem de ser fonte seca de desespero
as correntes que me sussurravam ferromagnéticas
acrobáticas sinapses desmembradas sem razão
vejo-te agora na margem do silencio
verde de capim de folhagem virgem coberta de raios de sol
sou pela ultima vez feliz .
 
sou pela ultima vez feliz

poetas de algibeira

 
poemas de algibeira
paridos em sofrimento
povoam de sobremaneira
pessoas feitas de cimento

num burgo aperfeiçoado
com maneiras teatrais
por um ser amaldiçoado
feitas poesias banais

a memoria de uma batalha
em que os cravos já murcharam
com pescoço na navalha
que os poetas inventaram

há os que regam na memoria
o canteiro de terra morta
na derrocada da historia
que nos entra pela porta

são poetas de algibeira
que nos impingem amor
queime-mo-los na fogueira
onde o ódio pariu a flor .
 
poetas de algibeira

quero-te ainda mais

 
levo-te para bem longe
e la longe me desespero
de não te querer deixar .
abandono-te , amaldiçoo-te,
escorraço-te! levo-te para bem longe
e la longe já sinto que a tua presença me aflige . que o ar me sufoca ,que o sol me queima ,
que o pó me engole !
levo-te para bem longe
e la longe onde o sol se confunde com outros sois tu és fria .
tu és incolor , insípida,
inodora ,insignificante !
mergulho na agua podre
de um lago profundo de cadáveres .
procurando-me ,evitando-me !
nado em agua seca de um mar
deserto de amor banal.
banho-me em laminas afiadas que rasgam
o sentimento frágil,amedrontado.
repito os rituais
dementes labirinticos que
desaguam em ti .
no recalcar das lágrimas de sangue
e pétalas de rosas brancas
tu sais feroz ,
capaz de atormentar de novo
quem um dia te abandonou.
 
quero-te ainda mais

Senta-te

 
senta-te ao meu lado
diz-me baixinho coisas boas
de ouvir
já estou farto das coisas más
aquelas que não quero sentir
diz-me baixinho coisas
e coisas no céu estrelado
vozes de nuvens
árvores a sorrir
senta-te ao meu lado
qualquer lado
só não deixes
o rio secar
as pedras chorar
vou ficar aqui sentado
e vou sorrir
e vais partir
e vais partir
 
Senta-te

incompriensivelmente

 
transtornados ,ou sera transformados...sei la!
recordo o local da minha infancia
o espectro da vida a preto e branco
que em todas as criancas padeceria
em um colorido fernetico de inventor manco

eramos como soldados de um exercito sem bandeira
inocentes criadores de formas de abstrato
de um pouco, que nada era, se fazia brincadeira
da lata de atum ,um carro,dos galhos da arvore, o abrigo
de nada se fazia de tudo o que tinhamos ,conquista de perigo.
o medo era vago
raras as aversoes
forte sentir da vida
depois de viver tudo isso
depois de assistir a toda a trajedia
depois de velar corpos aos quais a vida roubou a vida
quase desejada quase amaldicoada
que pena que e recordar
que alguma vez eu la estive
 
incompriensivelmente

aprendi a sonhar

 
aprendi a sonhar
embalado pela tua voz
os dias que passava ao teu lado
serviram para escrever todos os versos
todos os poemas
de inspiracao total
era como se a tua voz fosse feita de luar
com a tua boca talhada para tao delicada tarefa
de olhos fechados e respiracao contida
vejo a tua imagem a preto e branco
com sombras tenues
e recortes de fantasia
sentes o que te digo
e fazes-me sentir o que nao dizes
e parece que sempre foi assim desde que te conheci
parto a tua busca agora que me sinto so
mas estou cego e muito cansado
nao consigo pensar
tenho cuagulos de memoria que obstruem o raciocinio
que de certo me faria ver que ja nao existes
que ja te perdi
e nunca mais vou voltar a sonhar
 
aprendi a sonhar

Sim

 
colorido sorriso
alarido zumbido
farsante!
besta ruminante
das palavras digestivas
das paisagens coloridas
arre atropelo!
que se vai a longe
casta menina simples
no altar da pureza
uma rosa branca
uma vela acesa
sangra besta idolatrada!
catarro de fumador
bosta de boi, que fedor!
atropelado por um comboio de plástico
não!
não há medo de lata, nem coragem de borracha!
nem Deus que te valha !
sai sorrindo salto alto surdo.
sim.
 
Sim

vale a pena mudar

 
poetas operários de letras
esta na hora mais que certa
deixem-se de tretas
usem a linguagem correcta

ensinem as gerações
que a luta sem paixão
não aquece os corações
sedentos de pão

a fruta que nos roubaram sempre
é nossa por direito
e se houver uma bala que entre
que venha direita ao peito

ao menos mata
não engana
professores do regime
sofrem de esgana
o aluno deprime
a liberdade sana

sois podres e fedorentos
gritem alto que vale a pena lutar
vale a pena mudar
 
vale a pena mudar

amizade

 
amizade
nao quero ser inventivo na descricao desta palavra
nao quero ser repetitivo no suposto sentir da mesma
somente me questiono das vezes em que e usada em vazio
dos altares que lhe sao feitos meras fantasias
nao ouso sequer pertencer a essas engenhosas coisas
multidimensionais que confundem baralham atrapalham
a mera distancia entre a vida e amorte
os opostos sempre juntos
o amor e odio
sinto cansaco sinto frio
sede e fome
calor e riso
a faca no peito afiada a romper a carne
e o sangue a correr
o corpo a cair
e tudo a comecar de novo
la detras das sombras onde a noite abraca o dia
e saimos encantados da mentira a que somos sujeitos
do que aceitamos e que pedimos por tudo que seja verdade
que o som dos meus gritos ecoe pelas veias dos vivos
e que o reflexo enalteca os mortos
e que nunca ninguem deixe de falar sobre a amizade
 
amizade

o sol e um amor perdido

 
cansado de barba por fazer
deito-me e descanso na noite
parto em busca de algo feroz
um amor perdido
um sentir fervoroso
uma paleta de cores
uma disponibilidade
voo sem direcção marcada
voo sem hora de chegada
cansado de barba por fazer
sento-me junto do sol
conto-lhe acerca de nos
parece-me indiferente
pedi-lhe um pouco da sua luz
negou-me
parti
cansado de barba por fazer
e destemido
voltei a cama de onde parti
com a solidão nas mãos
com a saudade acrescida
com a magua da negação
fui a janela e
falei com a lua
que sorria
conversamos durante
tempos que esqueci
dancei com as
estrelas vadias da noite
iluminada
e o sol ciumento
cheio de magua
na manha seguinte
chorando veio
deu-me luz
pediu-me perdão
e
cansado com a barba por fazer
perdoei.
 
o sol e um amor perdido

Desculpem qualquer coisinha

 
desculpem qualquer coisinha
audaciosos e ilustres senhores
que escrevem de forma tão fofinha
sobre a vida e seus amores

desculpem a minha teimosia
de falar-vos de forma frontal
das coisas que descrevem
uma existência nojenta e banal

porque fogem com a ladainha
do amor e alma em sofrimento
desculpem qualquer coisinha
morrem homens neste momento

sem causar muito alarido
gostaria de salientar
o homem foi mal parido
esta na hora de consertar

nunca parem de escrever
mas tenham muita atenção
amor podre e alma fútil
aguas podres da educação

desculpem qualquer coisinha
é que ao silencio não me retiro
fazer barulho é coisa minha
porque não sou um vampiro!
 
Desculpem qualquer coisinha

gostava de poder falar de amor

 
gostava de poder falar de amor
sem perder um segundo que seja
a tentar racionalizar o sentido
do porquê auferir da mais pura dor.
do amargo ódio letal da inveja .
do amante secreto de coração partido.

gostava de poder falar de amor
e ganhar um segundo que seja
ao relógio do tempo amestrado
no decifrar de segredos perpétuos.
no beijo entre caricias de bandeja .
no entrelaçar das almas nos corpos.

gostava de poder falar de amor
as estrelas que bailam com a lua
e tão magnificamente só,me escutam .
 
gostava de poder falar de amor

A raiva

 
quero partir os meus próprios dentes
que habitam na fossa do meu ser
assim as palavras veneno de serpentes
ecoariam de forma livre sem apodrecer

decerto algum desalinho dos iões positivos
não vou culpar um deus ou falso demónio
vou injectar sódio ou outros respectivos
e esperar ate ao rebentar do crânio

a raiva dentro de mim só em mim aumenta
tenho um colete de forcas intravenoso
que só a morte vai terminar a tormenta

o sabor da derrota do desistir penoso
critico do sol da lua e astros presentes
não os posso morder já parti os meus dentes.
 
A raiva

basta de palermices

 
basta de palermices

de palermices basta
fora as encomendas
que nao sejam rendas
e de boa casta
algeroz de barro
e cantaro de palha
um belo carro
e um tanto de tralha
que nao falte caganeira
arroz doce com canela
dose certa de parvalheira
e arroz com carne na panela
casaquinho de trez botoes
com sapato a condizer
uma mao cheia de baroes
que se regalam ao comer
ah mas que delicia
que e ver tais comensais
aos que morrem de etricia
premeados de funerais
mas nao falta ferramenta
pois que trabalho dignifica
homem sem lavoura e tormenta
carne podre camera frigorifica
e por la ao abandono
triste sozinha amargurada
tem uma pessima vida
que amorte lhe chegue em abono
numa linda madrugada

Publicada por manes fl

parece-me hoge ser um dia adequado a este texto
bom 25 de abril e viva a liberdade
 
basta de palermices

Dissolução

 
a erva que rompe de um solo mineralmente puro.
o sal que deposita nas margens beijadas do sol na salina .
dadivas inquestionadas da natureza .
perpetua irmandade .
severa a face que alisada por ter sofrido da erosao da memoria .
cai em rebolao e a descida parece sem fim .
damo-nos calados !
damo-nos surdos!
damo-nos !
de inocencia !
escarnio da era dos perdidos .
sofrega cidade de amantes da decadencia .
sofridos.
arrebatados .
sem pressistir na demencia a que sujeitos nos enconchamos como desaparecendo
deste horizonte perfido que inala morte!
destruicao !
sangue das facas afiadas,na pedra do temnpo,
reflexo da imagem negra do ser .
 
Dissolução

Um poeta não existe .vegeta !

 
reconheço que fingir é brincar com a verdade.
o real imaginário a fuga audaz do quotidiano.
perder-se no virtual em busca da realidade.
é um ser sem existir rodopiando antes de cair
mas se fingir é brincar?
brincar será fingir?
qual é a linha que separa o real do virtual?
o ego do poeta é o real ou o fingimento ?
será que fingir o virtual é tocar o real ?
pode ser-se poeta e desmascara-se ?
no seu ego fulminante que cega ao ponto de não se poder rever.
e com facada certeira acerta o seu próprio peito ferindo todos a sua volta .
cria sem fadiga emoções, suposições, cobardias ,fragilidades .
exorta nos leitores a viagem egocêntrica o rancor descaracterizado .
sobe ao pedestal por ele imaginado .
e cai .
sim cai !
e depois de cair sente que a realidade e mera inexistência.
um poeta não existe ,
vegeta !
 
Um poeta não existe  .vegeta !

A Saramago

 
foi poeta escritor acima de tudo Homem
lutou a toda a forca em defesa de ideais
contra os poderosos que nos consomem
e fazem das vidas Humanas objectos banais

camarada Humanista mestre da escrita
descansa em paz .
 
A  Saramago

a morte

 
para quem nunca sentiu
o cheiro perfido da morte
ele abafa os sentidos
queima a vida
lenta e dolorosamente
e um cheiro a podre
uma presensa
sempre
putrefacta
rebenta em furiosas ulceras
rouba as veias
tapa a respiracao
e leva a vida de vencida
num apice
e o perfume de petalas de rosa
que inspira os poetas
desaparece
num apice
e dor e sofrimento que
ao aparecer acaba
com o sofrimento
provocado
por si mesmo
e um falso misterio
insipido
e tortura e martirio
nao teme nada e
sai sempre de vencida
e um cheiro maligno
por vezes conseguimos
engana-lo
ou
ignora-lo
mas nunca
nunca
jamais
o esquecemos
 
a morte

pudera eu estar la para ver!

 
la vou eu de mao dada com a burrice
sempre a par com a minha condicao
houve quem me dissera juncosamente
que acorda que trago atada ao pe saiu
e de fora a fora eu sangrei meu coracao
nao pensei que se tornasse a velhice
um tao disparate digo-o sinceramente!
se ficam aborrecidos ?
e a nova que pariu?

atravesso uma parede de um salao silencioso
rasgo os panos ,espreito a janela
e a par com a maquina do tempo caio
desmonto-me e embrulhu-me numa caixa de lata velha
que me guardem num sotao e com sorte um dia
uma crianca brincando podera talvez
montar o velho brinquedo e divertir-se a valer
ah!
pudera eu estar la para ver !!
 
pudera eu estar la para ver!

possivelmente...

 
um homem que trabalha
um homem que perde o dia
um homem que abafa o silencio
um homem que nao sustenta o perigo

desce a rua e tremendo vai
sem medo com fome vai
com o penssamento no amanha vai
lutar males bem conhecidos vai

de cabeca no chao chega ao local de sempre
de cabeca no chao ve as pessoas de sempre
de cabeca no chao faz as suas tarefas de sempre
de cabeca no chao regressa a casa como sempre

cansado torturado humilhado senta-se

mas

sorri e brinca com os filhos
sorri e beija a mulher
sorri e janta a mesa com a familia e um amigo
sorri e feliz vai-se deitar

canssado feliz e alimentado

descansa

sonha com o dia seguinte
sonha com um amanhecer diferente
sonha com uma realidade irreverente
sonha e sorri a dormir ...

possivelmente ...
possivelmente ...
possivelmente...
possivelmente ...

acorda e o dia comeca
novamente .
 
possivelmente...

manesflama (jose neves)