Não sou poeta, sou sonhadora
Refugio a minha alma
nas palavras caladas
que tenho na mente
como búzios longe do mar
com som encantado,
derramo no branco do papel
entre linhas
sentimentos esculpidos
na ponta do lápis.
Não sou poeta, sou sonhadora
na elocução encontro flores
borboletas repletas de cores,
na ponta dos dedos
construo barcos de papel
contemplo o seu deslizar
rios de tinta, navegam nas veias
aquecem o meu corpo em utopia.
Memória em saudade
Balancei a memória do tempo
respirei o aroma de outrora
época que as tranças dançavam
no alto dos laços enrolados
pelos teus dedos firmes.
Saltava livre longe dos perigos
caia nos teus braços ternos
no regaço das tuas histórias
finalizadas por beijos suaves
escorridos pela luz do teu olhar.
Podia ter medo do escuro
onde o teu brilho me aconchegava,
sujar o vestido por ti bordado
nas noites que velavas por mim.
Aprendia a crescer segura
nos teus dedos repletos de afagos,
brincava por entre o capim
jogos inventados na imaginação.
Subia às arvores na gargalhada
dos teus temidos avisos,
levava nas mãos as cores das borboletas
pintadas na utopia inocente.
Sentia a porta abrir a cada chegada...
Hoje a porta abre-se
nos vincos do tempo
que a memória eterniza
com as marcas no teu rosto cansado,
nas mãos o mesmo fervor de sempre.
Mas ainda assim,
a saudade espreita na memória,
contudo...
este é o maior amor
e a vida que me dês-te,
és a minha verdade!
Dedicado à minha mãe.
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As nuvens choram
Perguntei ao céu
porque choram as nuvens...
Ausências da primavera
no verão que se despediu,
tecem madrigais impossíveis
imagens fáceis e ingénuas
no olhar de uma criança.
Atravessam o céu efémero
em visões da lua
no fulgurar das estrelas.
Visão poética...talvez
Ao ler esses desenhos agora
sentimo-nos adultos sem sonhos
na utopia de ver o branco do céu
sem lágrimas
que teimam escorrer na seiva da terra.
As nuvens choram
derramam emoções em libertação
a ver crescer as estações.
Devagar
vão-se embora encostadas ao vento
...até que de novo o sol resplandeça
na aurora amanhecida.
Flores de amor
Trás hoje
as flores que dão vida
ao meu coração,
lírios brancos...orquídeas amarelas
...rosas vermelhas...
Trás agora
estou aqui
sinto o seu aroma
contemplo a sua beleza
se destaca o teu sorriso,
que me dá amor e paz...
Trás agora...
hoje, estou aqui...
Amanhã não mais quero flores.
Quero sorrisos
sem flores...
No coração
estará aragem de Outono
adejar ventanias,
nuvens sem lágrimas a voar
ao encontro da eternidade.
Nesse Outono
as flores estarão no jardim
as abelhas
saboreiam seu néctar...
Ai está o meu sorriso
até que possa de novo
encontrar o teu...
Com ele flores de amor.
Nesse dia
sorri para mim
sem flores
nem lágrimas...
Só um olhar de amor
a saudade levarei comigo
para que a não possas sentir,
e vivas feliz,
até à eternidade.
Rubro desejo
Nuvens de incenso
Cobrem o altar
Pedaços do leito
Recebem pétalas de dois olhares,
Uma chama em fogo
A cera fundida
Na luz das velas…
Nasce um tango de inspiração
Das silhuetas em júbilo
Interminável paixão
Solta em sussurros
Gemidos de mel
No sentido das bocas
Em rubro desejo…
Os corpos falam de amor
A alma embriaga-se de calma
O sémen que fervilha
Nas veias em movimento
Constante velejar até
O sol amanhecer…
Cais de amor
A limpidez do diamante
luz forte e cristalina
os olhos apaixonados
nas pálpebras me abraças
meu exilo resguardado
nos lábios calmantes
na epiderme da vida
essência que me acalenta
a sede e a fome da alma.
Deslumbrada pelo calor
que teus braços seguram
neste cais de amor
minha âncora segura.
Envolvida de veludo
como jóias preciosas
vindas do oriente,
na brancura das vestes
despidas de acrimónia.
Mergulhada no teu peito
sinto a brisa suave
o pulsar dos sentidos
nas asas do vento
rasgadas pela ternura.
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Aqui" rel="nofollow">http://www.imeem.com/people/Nkcohy/mu ... ta_el_amor/">Aqui Esta El Amor - Various Artists
São tantas as vezes
Tantas são as vezes
que lutamos em vão por causas perdidas
vociferamos palavras expressivas
em surdos ouvidos distraídos…fingidos.
Tantas são as vezes
fechamos a mala na sensação vazia da derrota,
em que o sorriso se apaga
na chama escorrida do rosto em lágrimas.
Tantas são as vezes
que rasgamos emoções
em pedaços de papel encharcado
no vermelho que pulsa nas veias esculpidas,
queremos ser fortes
mas exaustos caímos na tempestiva vontade
da desilusão.
Tantas são as vezes
que calamos gritos, no peito mudo
na garganta seca em vórtice,
perjúrio hipócrita sem livre arbítrio
…Ah! Mas são
estas as vezes que do ermo
se erguem as forças ocultas,
guardadas nas mais recônditas entranhas,
renascer sublime
em horizontes alargados
de cada novo olhar.
Nos ombros do sonho
Debrucei o olhar
No parapeito do vórtice,
Indistintas águas
Alucinavam lá no fundo…
Amortecidas cores de porcelana
Despiam o brilho
Na penumbra em luto,
Indignos pensamentos
Com os pés longe do altar…
Nasce a noite
Num parto estremecido
No regaço de um manto estrelado.
Breves instantes
Que alugam o meditar…
As pálpebras
Reerguem-se
Nos ombros do sonho,
Espuma branca
Que beija os pés…
Irradiam flores misteriosas
Vindas do céu…
Nas mãos que nunca abandonam
A esperança…
Nos cantos da boca
Rasga-se um sorriso de esplendor…
Momento de loucura
Fui traída
Num dia de ilusão
Pela carne
Num momento vulgar
Banal
Nos despojos
Dum ordinário momento
Que o sentimento
Ficou trancado
Arrastado pela sedução
Trivial
Ah, sim fui traída
Num suicídio prenunciado
Pela voz amortecida
Restos incertos
Sem remate
O coração ficou à deriva
Nas redes do pecado essencial
Fui traída
E procurei a imensidão das invenções
Que movem
Todo escárnio e mal dizer…
Procurei
Mergulhei em gélidas emoções
…Mas afinal era um dia rotineiro
Ou seria a primeiro…
Ah, sim fui traída
Lembro-me a dor dos ossos
A partirem
Rasgos de sangue
A alucinarem por entre
Os golpes abertos
Sem dó nem piedade…
Como um simples mortal
Que ama e sofre
Perdoa porque ama
E ama porque o amor
É a dádiva
Que te ti aprendi…
Fui traída
E só assim conheci
O valor poderoso do perdão
Nas mãos de clamor
Do supremo amor
Que move a vida…
Aquele que junta e nunca separa…
Resposta a um desafio aqui:
http://eternofemenino.ning.com/forum/topics/traicaoperdao-1
Guardo nos bolsos a Primavera
Venho de longe, de tão longe
que já não encontro o caminho antigo!
Assim vou voar, deixar de procurar…
Estendo a mão até te sentir!
Abandono o corpo cansado
estendido no chão,
afasto-me…afasto-me
para que o coração não observe o peso!
Guardo nos bolsos a Primavera,
e avanço…avanço
com os pés, pela neve,
a voz solidifica!
A chuva deixa de cair…
As portas abrem-se
os olhos não voltam a trás!
Os tons cinza aproximam-se,
fica escuro…