Poemas, frases e mensagens de CoresemtonsdeCinza

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de CoresemtonsdeCinza

Não é melhor. Simplesmente existe.

 
Ouço uma guitarra que não toca,

Aprecio uma voz que não soa,
~
Limito-me à velocidade dilacerante do pensamento,

Limito-me ao descontrolo do batimento cardíaco...

Absorto, prendo-me ao imaginário,

Liberto-me e durmo, sonhando acordado, sorrio para ninguém...

Um ninguém que conforta,

Que liberta e nos prende a isto um pouco mais.

Continuei sentado, no mesmo local onde não existe horizontalidade,

Onde o chão é céu e o céu se apaga.

Continuei aqui,

Porque aqui me sinto como não me sinto em qualquer outro lado.

Não é melhor, simplesmente existe.

Talvez um dia tudo recomece como se nada existisse para trás.

Alimento-me de ar e sonhos,

Um ar irrespirável,

Sonhos jamais sonháveis.

Não alegra mas alimenta...

Talvez um dia a guitarra soe

E a música se escute numa simbiose perfeita onde o que existe, existe

E o imaginário se reencontra

E se funde num misto de realidade e dor.

Talvez um dia o céu reapareça

E o chão enrijeça perante a abruptidade dos medos.

Talvez um dia.
 
Não é melhor. Simplesmente existe.

O outro lado do Amor

 
O outro lado do amor
Tem mais cor
Tem tons de vermelho
Em golpes de dor.
O outro lado do amor
Tem saudade
Tem sorrisos
Sem cara-metade.
O outro lado do amor
Tem mais sal
Escorre no rosto
Num gesto bruto animal.
O outro lado do amor
Tem mais alento
Tem abraços auteros
A cada lamento.
O outro lado do amor
É mais seguro
Não há como escapar
Ostenta altos os muros.
O outro lado do amor
É mais acolhedor
Tem tudo
Tudo! (excepto amor)

http://coresemtonsdecinza.blogspot.com
 
O outro lado do Amor

Saudade

 
Sinto
Aperto.
Uma
Dor
Amarga,
Desesperada,
Eterna.

Sinto saudade
 
Saudade

Um olhar menor

 
Eu peguei no azul
E pintei um país
Pintei do Norte ao Sul
E pulei de feliz.

Eu peguei no laranja
Para pintar um macaco
Cortei-lhe a franja
E deitei-o no charco.

Eu pequei no verde
E pintei o rio
Tinha tanta sede
Que o bebi de fio.

Eu peguei no encarnado
Para pintar o jardim
Ficou tão engraçado…
Vou deixá-lo assim.

Eu peguei no roxo
Para pintar as pessoas
Pintei um homem coxo
Depois ouvi das boas.

(Não parei de pintar
Afinal não foi por mal
Disse-lhe para esperar
Pela pintura final.)

Pintei o que via
À minha maneira
No fim só me ria
Com a brincadeira!

Com olhares menores
É mais engraçado
Um Mundo de cores
Com tudo trocado!

Por fim peguei no rosa
Para pintar o meu dia
E com um texto em prosa
Pintei poesia.

http:\\coresemtonsdecinza.blogspot.com
 
Um olhar menor

Refúgios

 
Hoje passei por uma criança que corria pela rua.
Olhei para ela e o tempo parou.
Julgo que não reparou no meu olhar atento.
Julgo que para ela este momento sequer existiu.
(Recordações do tempo em que os momentos eram nossos.)
Segui-lhe os passos.
A meio do caminho, ela olhou pelo ombro mas,
Definitivamente, aquele era tão somente o meu momento.
Porque o dela era outro.
Sorri.

(Estranho.
Como pôde este momento ser só meu?)

Voltei a seguir-lhe os passos, sem alguma vez recusar a gravidade.
Aquele que antes era um ser pequeno ficou grande,
Porque o tempo é enzima e a memória, alimento.
Por instantes voltei a ser maior,
Voltei a ser pequeno... mas maior.
Apoderei-me da grandeza dos seus passos
E fiz-me seu autor.
E nos caminhos dos sentidos revi(vi).
Agora sim, vou ser feliz,
vou lembrar-me de nada que realmente importa,
vou sorrir de tudo o que não tem graça,
vou cantar o que não é cantável,
vou escutar o que mais ninguém ouve...

Mas ela mudou de rua,
E eu perdi-lhe os passos...
 
Refúgios

Da minha janela

 
Acordas os dias sem regra,
Sem horas nem compromissos.
Remeteram-te aos papéis sociais
Que se firmam nessas quatro paredes.
Paredes velhas, pob(d)res
Onde o tecto é tecto
E o chão ruiu.
Vives um mundo de sonhos
Sonhos que apagas à janela
Porque dela avistas vidas
Vidas como as paredes que te cercam.
As mesmas que te deitam no chão
Porque comes o que te dão
E não o que te sacia.
Vives no sorriso dos teus
Porque os teus te pertencem,
Te garantem alento
E incitam ao sonho outra vez.
Sonhas o que não tens
Porque a regra assim o dita.
Receias o futuro
Que por ora não existe.
Limitas-te a um presente
Que te escapa entre os dedos
Mas resistes sem medos
E esperas por mais
Porque ainda acreditas
Em sonhos reais

“Sempre sonhei que escreviam sobre mim.”

http:\\coresemtonsdecinza.blogspot.com
 
Da minha janela

Sigo livre

 
Sigo livre

Sigo os dias
Sem vivências passadas
Nem pretenções futuras
Que me prendam
Ou me não deixem ser rei e senhor
Dos actos sem intenção ou propósito.
Sigo sem pressas nem vidas
Que não conheço, que não vejo ou sinto.
Sigo ao sabor do vento, da chuva,
Tempestades vagueando em sonhos perdidos
Num qualquer lugar isento dos ivas que o mundo tem...
Sigo livre...
Mas esqueço ideais.

http:\\coresemtonsdecinza.blogspot.com
 
Sigo livre

E porque não?

 
Percorri todo este caminho
Nunca olhei para trás.
Porque te sei aqui,
Como soube outrora, sempre.
E porque não?
Seguir-te-ei, porque sei-te aqui,
Como soube outrora.
Segues numa linha ténue.
Procuras o medo em vão,
Porque tu pregas,
Num silêncio mordaz.
Em vão me escondo dele,
Porque eu calo
Num grito incapaz,
De mais e de ti.
Seguir-te-ei, sempre.
Porque sei-te, como sempre soube,
Aqui.
 
E porque não?

Vive outra vez! - uma revolta social.

 
Acordas todos os dias àquela hora,
Aquela que mais ninguém conhece,
Aquela que para os outros
Existe na horizontal.
Retomas rotinas, bacocas,
Fatídicas de repetição.
Segues os dias sem novidade,
Sem nada de novo.

Existe um estendal.
Nele estendes os dias,
As vivências dos outros,
Que se despem de vaidade,
E se vestem da vontade,
Das rotinas que tu desprezas,
Porque te despiram,
De desejo e de saudade.

Grita mulher!
 
Vive outra vez! - uma revolta social.

Mesmo que em segredo...

 
Amo-te em segredo.
Porque em segredo te sinto.
Não digo a mais ninguém,
Porque custam as palavras.
Soletro os dias,
Em sentido único.
Escapam-me os medos
E submeto-me ao silêncio.
Não digo o que penso
Sequer penso o que digo
Mas em segredo penso
Em continuar a sonhar.
Sopra-me ao ouvido
Palavras de alento.
Rasga-me o peito
Sem pudores maiores.
Usurpa as palavras
Porque te pertencem.
E liberta-as
Para alguém as adoptar.
Não grites, sussurra.
Apenas se sentires,
Ama-me.
Mesmo que em segredo.

http://coresemtonsdecinza.blogspot.com
 
Mesmo que em segredo...

Hoje acho que vou ser feliz.

 
Partilho vivências, construções diárias de tudo o que me atropela.

Hoje fui atropelado.
Por um sol descontextualizado.
Por uma brisa que não é daqui.
Hoje fui atropelado e permiti-o!
Acordei feliz, sem pressas, sem rodeios, sem tons de cinza.
Percorri os meus passos,
E redescobri-me!
Olhei o céu e o canto voava, alegre.
Então voltei a um lugar comum,
Que me prende mais que o aceitável.
Obriguei-me a pensar, a sentir.
Mas hoje não quero!
Neste momento não quero.
Neste momento limito-me a escrever,
Sem sentidos, sem preciosismos.
Apetece-me enumerar tudo que penso,
Sem emendas, sem retornos.
E é o que vou fazer,
Quando me sentir feliz.

Não lamento o que escrevo, antes o que penso,

Mas prendo-me às ideias, porque os ideais já foram.

http:\\coresemtonsdecinza.blogspot.com
 
Hoje acho que vou ser feliz.

És linear. Ainda assim, amo-te.

 
Por entre tamanhas sinuosidades
És linear.
És o que vejo.

Vejo o que cantas,
Porque sou o que escuto.
Tu não me levantas
Mas sabes que luto
Por ti
Por mais ninguém
Porque só por ti
Nada me detém
Desta vontade de mais
De pura ilusão
De sentimentos reais
De um pedaço de chão.

O vento leva-te
E mata a lembrança.
O sonho devolve-te
E eu retomo a dança.

Num fôlego audaz
Que de fraco se apaga.

(Talvez seja fugaz
Ou talvez ele te traga.)

http:\\coresemtonsdecinza.blogspot.com
 
És linear. Ainda assim, amo-te.

Compõe e encanta.

 
Vives em sonhos que te atormentam os dias.
Sonhas viver-te, ser-te e encontrar-te.
Flutuas, em realidade, paralela ao que te prende.
E prendes-te a realidades passadas, por ultrapassar.
Grita! Canta! Desafina e incomoda os demais!
Cansa-me ver-te agonizar.
Cansa-me ver-te em altares, imaculada em imposição.
Olhas sem horizontes, porque te encravaram espinhos.
Viraste rosa perfeita e sentiste o aroma da dor.
Arrancaram-te da terra e fizeram-te arranjo...
Parte pratos, parte prantos, parte para outra!
Compõe um sorriso e canta-o, encanta-o e deixa-te encantar.
Estou aqui…

http:\\coresemtonsdecinza.blogspot.com
 
Compõe e encanta.

O meu avô é velho.

 
O meu avô é velho, antigo, idoso.
Acumulou vidas, de estórias de uma história sem intervalos.
Acumulou vidas, emoções.
Trilhou caminhos de um saber atroz.

Ser velho é saber mais.
De um saber que não se aprende nos livros, mas que tantos livros deu. Livros editados num papel que só o velho sabe ler.
Ser velho é falar de cor, numa certeza de pleno e paixão. É ser índice, conteúdo, bibliografia e valor.
Ser velho é olhar e verdadeiramente ver, com a certeza dos sábios e a sinceridade dos infantes.
É, mais que o acumular dos anos, o preservar de imagens e sons que a Terra cantou.
É virar páginas numa leitura certa e ludibriante na diagonal.
É delinear cada curva que a vida impôs, na expressão sincera de uma ruga, na voz da objectiva que um dia se apagará de cansaço e dor.

Quantas imagens passaram por este olhar?
Quantas palavras romperam estes lábios?
Quantos sussurros beijaram estes ouvidos?
Quantos aromas invadiram este nariz?
Quantos soslaios arrombaram esta pele?

Estima,
Por este livro antigo, que afinal,
É apenas velho.

http:\\coresemtonsdecinza.blogspot.com
 
O meu avô é velho.

http:\\coresemtonsdecinza.blogspot.com