Sonetos : 

Na cabeceira o copo de cicuta

 
Na cabeceira o copo de cicuta,
Encimado aquele rosto de Cristo,
Triste por sempre ver o mundo visto,
Prisioneiro comigo na gruta.

Na cama de dossel onde desisto,
Do teu corpo de virgem e de puta,
Tomo o socrático néctar sem luta,
No abraço do fim a que não resisto.

Revejo-me no limbo sem barqueiro,
Sem corpo, sem alma, sem a saudade,
Sozinho com o meu esquecimento…

Ir-se é só um despertar violento,
Conta-me o tempo que me persuade,
Ao repouso de rendido guerreiro.

14 de Junho de 2009

 
Autor
ViriatoSamora
 
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Enviado por Tópico
iLA
Publicado: 03/07/2025 00:28  Atualizado: 03/07/2025 00:28
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Mensagens: 1088
 Re: Na cabeceira o copo de cicuta
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uma reflexão profunda sobre a morte, a solidão e a busca por significado.
A qual a atmosfera de tristeza e resignação do seu eu lírico parece estar preso em uma gruta, simbolizando um sentimento de confinamento e desespero.

É um trabalho intrigante.

Me lembra o lado sombrio de Fernando Pessoa.


iLA 🌻

Enviado por Tópico
AlexandreCosta
Publicado: 03/07/2025 10:23  Atualizado: 03/07/2025 10:23
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 Re: Na cabeceira o copo de cicuta
tanto me parece um caminho resignado em direcção à morte literal, como me parece, em tudo, a morte egoísta de um orgasmo.
É um soneto extremamente denso!

Um abraço