Poemas, frases e mensagens de lilianreinhardt

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de lilianreinhardt

MOLDURA

 
Meus olhos rasgam o azul
as pedras se levantam contra mim
meu corpo flutua
ora sou verso sou reverso
rasgo o vestido que teço
minhas folhas são lanças
salgo meus pássaros
depeno as pétalas das minhas borboletas
e meu sonho desfalece
nessa imensa vaga que se tece
sou a tua ausencia
no fio elástico da minha moldura
 
MOLDURA

HORA INTRANSITIVA

 
Da maleta janela semi aberta para a rua
ele espreita
o mêdo não tem sexo
o mêdo é feio
e o belo me assusta
com sua bondade
eu não sei quem é voce
mas os seus circunflexos fascinam
não há mais tempo para dizer
o que não foi dito
a cada segundo o relógio a bomba
e a língua deslocam o verbo intransitivo
Esse cão que lambe os pés do dono
conhece das verdades do amor
que eu não conheço...
 
HORA INTRANSITIVA

UM INTERMEZZO

 
(líricas de um evangelho insano)

Enquanto o tempo
desfolha meus olhos
a placenta orvalha a semente
a semente reflui
germina o eixo
vegetal partícula azul de ti
em minha alma
em minha mente
Ceifo e colho desta inquietação
do sangue de teus grãos
guardo nas águas
do meu éter
os teus sonhos escritos
nos meus ossos.
A verve de tua essencia
incensa-me beija-me
esta minha boca
salivada de chão!
 
UM INTERMEZZO

ASSIM VERDE

 
Porque te vejo negro!
Pálido, obscuro,
Porque maldito e impuro,
verde sangue,
na alma te pintei de azul!
Verde rosto, verde feno,
verde tinto, amarelo veneno,
cálice de sombras,
te pintei o pó!
Assim mortífero, assim nú,
verde-ébano, verde- crú,
neste inferno de Dante,
entre os meus arfantes seios,
de verde-leite, lírio e azeite,
de alma-verde,te amamentei ó Jó!
Ah...impudico verde de cinza errante,
que ainda respinga com essa luz vazante,
reflexos fugidios desse azul alado.
Mariposas dançam, negro é o telhado,
a noite é sempre verde, de azul molhado,
refletindo em gotas este negro prisma,
este insólito verde,
que do azul do céu não cisma.
Verde-sol, verde-morte,
verde barro,
porque te vejo negro,
na alma
te pintei de azul!


www.lilianreinhardt.prosaeverso.net
http://cordasensivel.blogspot.com
 
ASSIM VERDE

100 reticencias

 
Diga-me 100 reticencias........................
diga-me do eco que não ouço
da voz que não escuto
da ausência em que me oculto
diga-me ponto faminto
da lúbrica aureola desse teu labirinto
sempre dor e desencontro
diga-me olhando-me nos olhos
voce que me envolve a pele
com esse doce crepúsculo
e me veste de auroras as minhas sombras
que não há mais que reticencias
além de todas as ausências
quando a vida se nos faz encontros
sem reticencias...
 
100 reticencias

POEMA EM CLARO/ESCURO

 
Quando as luzes se apagam
a vigília escurece a aurora
e os ciclones pela noite vagam
e o verso já não sabe mais onde mora
.......................................................
........................................................
........................................................
Se o rumo perdeu por insano
se o vento rebateu forte a mirada
e a gota maior que o oceano
explodiu-lhe em quimeras passadas...
.........................................................

Assim o teu poema não dito
aquele que guardaste sem memória
no verso do verso ainda não escrito
....................................................
que o digas em outra plaga
pois nunca o disseste em claro dia
a esta alma que de ti se apaga
 
POEMA EM CLARO/ESCURO

UM PENTAGRAMA PASCAL

 
FELIZ PÁSCOA!

Quando o vento sopra as estrelas
tudo o que se guarda
se move
Pois quem traçou o caminho dos ventos
dos turbilhões
também deixou escrito o das estrelas
e um pentagrama de gaivotas...
e quem está em cima
também embaixo está
Desde a primeira pedra te espero
à beira do rio onde nasce o milho
lá onde se pescam os peixes de sangue e jade
e a aurora esparge o pólen
A pedra foi revolvida!
Vem!
 
UM PENTAGRAMA PASCAL

ETERNAMENTE

 
Claro que te busco
mesmo quando a noite de mim se esconde
e pincela com asteriscos duendes
as colméias do meu céu brusco
Claro que te busco
nas entrelinhas das minhas sílabas
escritas perdidas entre as nódoas
da árvore lanhada
Claro que te busco
no claro escuro das minhas raízes
além dos meus pensamentos
neste vaso andarilho de geratrizes
que acende os dias e noites
de meus sonhos pagãos
te busco sempre no altar ancestral da minha carne
nú e revestido de nenúfares em celestial canção
Sou apenas torso e composição sobre a lousa fria
que aleita o ritmo a acustica dessa liturgia
dessa busca dessa plangente melodia
na câmara ardente do gozo do coração
deste hemisfério que sangra
entre os teus rios fragmentados
Claro que te sei quando entranhado
lingan sorvo delfim
te hospedas eternamente no secreto de mim!


www.lilianreinhardt.prosaeverso.net
http://cordasensivel.blogspot.com
 
ETERNAMENTE

Haicais 34/33/32

 
34
Folha seca ao vento
flutua na morna brisa
o lamento escreve
33
Borboletas aladas
sopram as flores do tempo
florescem ao vento

32
Na boca do lírio
a seiva viva lavra
o pólen do verso
 
Haicais 34/33/32

Que fizeste tu com minhas flores?

 
Antes de Heráclito as águas e as flores já eram de fogo e sangue!)

Que fizeste tu antes e depois do agora?
sopras e apagas e mesmo assim floresces
que fazes tu com essas flores do agora?
deixei-te bilhetes à porta do acaso
escrevi -acasos por bilhetes
escrevi no vaso no vento
escrevi na chuva e fora do tempo
e não me ouviste
então canto para não morrer
canto porque a flor sangra/tenho fome
e é preciso não morrer além das palavras
e mesmo assim só tu és ainda minha ventura
e desventura como diz Borges
Inesgotável e pura!
 
Que fizeste tu com minhas flores?

Sofia Versus/Zocha/ Poema em claro/oscuro

 
Quando as luzes se apagam
a vigília escurece a aurora
e os ciclones pela noite vagam
e o verso já não sabe mais onde mora
.......................................................
........................................................
........................................................
Se o rumo perdeu por insano
se o vento rebateu forte a mirada
e a gota maior que o oceano
explodiu-lhe em quimeras passadas...
.........................................................

Assim o teu poema não dito
aquele que guardaste sem memória
atrás do verso ainda não escrito
....................................................
que o digas em outra plaga
pois nunca o disseste em claro dia
a esta alma que de ti se apaga

www.lilianreinhardt.prosaeverso.net
 
Sofia Versus/Zocha/ Poema em claro/oscuro

UM NOTURNO ACALANTO DOS CORPOS

 
Onde aquele rosto?

Onde aquelas mãos desnudando

a ânsia e os beirais

de nossos corpos
nas turbas outonais?

Onde aquele selo esfolando-se

e o vapor daquelas nuances

tingindo nossos madrigais?

- que os corpos falam

e se resvalam e se trescalam

porque descansam

e agonizam juntos

e nunca se evaporam

entre as sombras

quando a noite se esfumaça

se remodela e se retraça...

porque na vertigem e na graça

se abrem e morrem
como as sementes,

que guardam o gosto puro

e o mistério dos desejos,

das romãs, das manhãs

com suas folhas escritas,

esparsas...

Teu corpo e tua alma

nunca se fazem ausentes,

tua forma nunca informe

de mim se desentrelaça...

E há que levantar véus

a cada tua chegada!



www.lilianreinhardt.prosaeverso.net
www.cordasensivel.blogspot.com
 
UM NOTURNO ACALANTO DOS CORPOS

SINCRONIA

 
Tua alma minha ressonância
no infinito presente
além dos nossos hemisférios
da razão deste verbo
em cósmica conjugação
sob as aladas circunstancias
entre as luas dessas fronteiras
longínquas
tua alma teu corpo
grave espera entre
escamas
tua roupa de batalha entre os ninhos
dessa selvagem cidade agreste
que te enlaça
sou a tua pátria e língua além
da passagem
da sombra pousada com suas asas
sobre o crepúsculo da pedra
sou o alfabeto que te escreve
quando a argila em aroma chove
em ti o perfume o delírio
o estribilho o grito a mordida
desse teu bosque inacessível
de esperas
vem minha alma te enlaça em raízes
além dos signos sob o soluço desse
rio parido de polpas
além das ilhas e das terras
das chuvas sou-te argila
em alturas e nervuras
sou-te espuma e lama
semente fogo e flor
em tuas águas Amor


www.lilianreinhardt.prosaeverso.net
http://cordasensivel.blogspot.com
 
SINCRONIA

ETER_NO FOGO/Líricas de um Evangelho Insano

 
Desde ontem quando a arca
emergiu das águas e salvou
as vozes da eternidade
que habitam a concha da minha lâmpada
queimam meus rios em chamas
além das vestes da minhas ramas
com seus tufões que me despem
e assim desnudas gritam teu nome
no labirinto quando te chamo
que o amor arde em outra língua
além da palavra!

www.lilianreinhardt.prosaeverso.net
http://cordasensivel.blogspot.com
 
ETER_NO FOGO/Líricas de um  Evangelho Insano

HAIKAIS III, VII, XI, XII, XXXIII

 
HAICAIS

iii

Vestida de tempos
a aranha é fio de rumos
que o prumo tece

vii

Terra queimada
esparge e sopra cinzas
penas das horas

XI

Ave pelo céu
Afundam-se as raízes
dos olhos da árvore

xii

Pergaminho d’ água
chora a metáfora na pauta
da cachoeira


XXXIII
Menino sem ninho
pássaro no buraco negro
busca-o na ave
 
HAIKAIS III, VII, XI, XII, XXXIII

Margeandos

 
(líricas de um evangelho insano)

O estranho caminhante que passa ao meu lado
não me vê
falamos hemisférios diferentes
nossos olhos tem altos e baixos castanhos
e não podemos ver o céu com o mar na mesma pessoa
nem o sentido oculto das pedras
Ele me olha e eu não consigo vê-lo
Ele me vê e eu não consigo olhá-lo
só nos cumprimentamos
um leve aceno e um sorriso lacônico
e a porta fecha-se
passamos como nossos passos
fico só ouvindo o som do meu tambor
o dele vai tamborilando ao longe
O luar se esfuma atrás dos ramos
entre os nossos olhares cortados
houve a ciência que nada disse
 
Margeandos

Quando o Amor se Faz

 
(líricas de um evangelho insano)

Paciente senta-se à beira do caminho
a suportar silencios e escuridão
pacientemente espera pelo rocio
além das palavras
na inquietude das vigílias estreladas
porque com certeza as melodias
brotarão do chão
porque pacientemente o amanhã
virá em única adoração
e saberei que te procurei e me procuraste
em tuas famintas madrugadas
e saberei que me guardaste em tua dor
e em tua água perfumada
 
Quando o Amor se Faz

ENQUANTO OS MENINOS DORMEM

 
Dormem ainda guardados os meninos
nos homens marcados
com seus segredos degredos
dormem nos orfanatos da memória
dormem na história
com seus códigos indecifrados
dormem entre os semáforos das ruas
da cidade bélica do corpo
caminhantes ou habitantes dos últimos modelos das ultimas naves
trafegam pelas esquinas escuras da indiferença
no colo da flor da própria pele
o abandono a febre
de si próprios
no colo da flor da civilidade
soltam pipas
soltam pipa no lixo das bocas
dormem os meninos por entre os seios da cidade louca
despida e sem leite
no vértice das ruas
com suas musas nuas
dormem no colo meu no colo teu
dormem no útero
daquele que veio e não nasceu
dormem nas estrelas no bicho papão que o gato comeu
entre as teias dos alvéolos de ozônio
Dormem os meninos homens sem céu sem sonhos
enquanto derretem o azul ...


www.lilianreinhardt.prosaeverso.net
http:cordasensivel.blogspot.com
 
ENQUANTO OS MENINOS DORMEM

Haicais 30/29/28/22

 
haicai 30
borboleta negra
engole a luz no deserto
apaga areias

hacai 29
Primavera morta
esparge cinzas das horas
réquiem sem flores

hacai 28

No desfiladeiro
o grito incontido eco
esvazia o verbo

haici 22
Na voz desta flauta
sobrevive o triste pássaro
ressoa a alma da floresta
 
Haicais 30/29/28/22

RÁ_MA

 
(líricas de um evangelho insano)

Meus olhos perdem-se
nesses teus verdes campos,
de magnética força,
avessos diáfanos explodem
das sombras.
O teu manto
de luz me envolve,
rabisca esse meu
frio de suor.
Suavemente
te escrevo com
meus lábios
nessas páginas
secretas
do meu corpo,
oh guardião de mim!

www.lilianreinhardt.prosaeverso.net
http://cordassensivel.blogspot.com
 
RÁ_MA