Poemas, frases e mensagens de licinio

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de licinio

Praga de gafanhotos

 
Praga de gafanhotos
Praga de ambição
Infestaram o mundo
Já sem salvação

A peste anda direita
Nada lhe escapa
Tudo lhe serve
Nada lhe resta

Praga de gafanhotos
Praga das pragas
É vil é esperta
Parece correcta

Estupidamente acentua
A sua marca o seu fim
Mas mesmo assim
Alastra vaidosa sedenta

Sinais negaram
Cruéis se tornaram
Os sábios avisaram
Os sábios se mataram

Num inferno o éden ficou
Nas labaredas os profetas
A arder as letras
Na sombra as baratas

Poucos escaparam
Mutantes nojentos
Animais canibais
Não sabem falar
Mas sabem matar

A roda não pára
Infecta

Licinio
 
Praga de gafanhotos

Gênero feminino

 
São as mulheres que coloram o mundo
São as mulheres que asseguram o futuro

São as mulheres que me fazem sonhar
São as mulheres que me fazem sofrer
São as mulheres que não consigo entender
São as mulheres que me fazem crescer
São aquelas que não consigo agradar

Uma mulher linda é um encanto
Um fascínio
Um tesouro por abrir

São lindas vaidosas inteligentes teimosas
Para mim se não são assim não são mulheres
São fêmeas

Licinio
 
Gênero feminino

Mijo

 
Saio sozinho da taberna
Nem bebi muito
Pouco mais de um litro e meio talvez
A vontade de urinar só me dá depois de sair
Vem mais rápida que a sede
A pé sigo em ruelas estreitas
O chão brilha da chuva
As paredes em redor torcem-se para cair
E a agonia de mijar já me controla o cérebro
Aguento para escolher o sitio certo

E no meio duma ladeira
No meio de uma valeta
No meio do trajecto
No meio da rua
No meio das estrelas
Tiro o órgão adormecido
Que canaliza da bexiga
O excretado dessa noite
Acerto num poste que imóvel fica
Aquecido erodido fedido por mim

Polui-o a via publica
Arrasto o saibro caído
Nutro com amoníaco as ervas
Com o mijo que me evade o corpo
Adoço com sal as baratas das gretas

Marca suja deixo minha
No meio da cidade mijo
Mijo pra sociedade

Licínio

http://cirrosehemorroidal.blogspot.com
 
Mijo

Título

 
Não preciso de esquema
Não preciso de nada
Não preciso de tema
Não preciso de motivação
Não preciso de papel
Não preciso de mais ninguém

Só preciso de ti

Preciso de continuar assim
Preciso de viver
Preciso de sentir o poema da vida a brotar
Preciso de sofrer por não conseguir mais gritar
Preciso da corrente da terra que me nutre
Preciso do cão que me ruge

Faz-me mais alto
Deixa-me olhar-te
Quero ajudar a tua dor
Quero ter-te ao pé de mim

Não me digas não

Licínio

http://cirrosehemorroidal.blogspot.com/
 
Título

Estrada

 
Na estrada eu vou
Azul é o tapete e o céu
Ninguém me pará
Todos me ultrapassam
Sinto as cores e os cheiros
Que me golpeiam como beijos
As terras ao lado sofrem
Por serem vistas e não pisadas

Corvos abutres
Esperam a sorte
Esperam a morte

O tráfego em nós se desdobra
Em filas se afunila

Até os barcos vorazes me alcançam
Me acompanham e me fogem

Em rotundas manhosas erro o destino certo
Tantas vezes pretendido e atingido

O sol levantou-se e já caiu
E eu ando
Vivo andando
Sempre em frente
Sempre depressa
Sempre em dúvida

Licínio

http://cirrosehemorroidal.blogspot.com
 
Estrada

Nada

 
Nada me dizes
Espero um sinal
Um momento
Uma resposta

Não devo valer tal acto
De facto não o mereço

As musas são deusas
E as deusas estão distantes

Os grandes heróis as afagam
Mas não as tocam
Não as mudam

Os grandes poetas com elas se deitam
Sonhando embriagados

Os grandes músicos fazem-nas dançar
Mas não as abraçam

Os grandes pintores as pintam
Mas raramente as avistam

Eu sou pequeno demais
Nem te conheço
Nem sei qual das musas és tu
Aguardo o sonho
De acordar contigo

Licínio

http://cirrosehemorroidal.blogspot.com/
 
Nada

Há um leão na montanha

 
Há um leão na montanha chamado Lúcifer

Lá de cima te vê sempre
Quer te comer

As garras vermelhas afia numa pia

Labaredas peludas saem-lhe do pescoço

Olhos que matam penetram
Na tua carne na tua alma

Os anjos dão-lhe caça
Para o amamentar

A solidão não o afecta
Só o resgata

Só têm violência embutida
A vida quer esgotar

É o rei que te faz
Que te quer

Quer o teu sujo sangue
Para o vomitar

Licínio

http://cirrosehemorroidal.blogspot.com
 
Há um leão na montanha

Almonda

 
Onde o rio nasce
A serra acaba
A aldeia mora
Os velhos em pé assustam
Os gatos gordos abundam
As velhas de casa não saem
Ermo triste singelo

Daqui me vou
Vou pro mar
Grita o Almonda à serra
A serra velha quieta escuta
O vento dos choupos em lamento

Renova o papel que existe
Limpa no mundo a greta suja

Faltam os moinhos que esmagavam as mondas
Faltam os sorrisos que iluminam as sombras

Serra dos fojos
Terra dos brancos
Porque me trazes
Porque me chamas
Por quem me tomas
 
Almonda

Natal

 
Um presépio
Uma árvore
Um palhaço
Uma gruta
Um presente
Uma história
Um menino
Uma estrela cadente
Um cortejo
Uma blasfémia
Um ritual
Uma ceia
Um aniversário
Uma família

Um desejo duma fé

Licínio

http://cirrosehemorroidal.blogspot.com/
 
Natal