A Fotografia
Não me retrates quando não sou eu, porque não o mereço, não me atires com um clarão que me prende numa película, porque nesse passado ainda não era eu.
Uma fotografia guarda na recordação das suas linhas, lembranças de um instante, um momento de um segundo recortado de um tempo assustado, que acaba por sossegar e descansar nos olhos de quem a vê.
É no sentido inverso que me faz olhar, no instante parado que possa ser tão facilmente roubado, que agora ponho as minhas frases, a minha mente, o meu observar. É no entender que uma foto guarda, que se explica e é réplica na sua afirmação.
Era no desejo de ficar mal guardado, um eu que não pessoal, mas a cápsula que de mim apenas minha alma adormecida guardava e me fazia lembrar, o que não era, ou se era, estava assim por acordar, não nas linhas e cores que uma fotografia tem, mas na data que se esconde e que lembra o momento da qual foi roubada.
Agora exponha de verdade, ofereço-lhe os recantos que o presente guarda, e disponhas para que nesse passado retirado o presente seja agora guardado. É nela que vejo sorrisos, é nela que me vejo a faltar, porque agora na sinceridade no que escrevo, guardo o desejo numa foto a minha verdadeira alma ser roubada, agora com esta nova manhã despertou.
E que nela sejam guardados os sonhos e aspirações de felicidade, para não serem esquecidos, que sejam gravados em pequenos pixéis de imaginação, as regras que aquele momento regera, e que nela se torne viva o momento que o futuro conforta.
Porque o tempo cura e uma foto para sempre recorda
O amor
Porque o amor é confiança, é saber dar a mão quando nos pedem para agarrar.
É fechar os olhos e ver apenas o que nos sussurram ao ouvido. É deixar-se cair em medo sabendo que somos agarrados.
Porque o amor é confiança.
É lutar pelo mesmo destino através de diferentes caminhos, é impor distâncias através de pedidos, porque banhados pela confiança elas facilmente serão encurtadas.
Confio-te porque me conheces, confio-te por sabes que só posso ser amado ou amar-te se nos sentir mos livres, confio te porque sabes em ti o que tenho de mim, e que só sendo nós é que realmente nos amamos. Tudo o resto são réstia de medo.
Por amor desejo te ver feliz e confio que a tua decisão te traga felicidade.
Dispo me assim de preconceito e tempo e confio te o nosso segredo para sempre que o precises.
Porque o amor não é uma obrigação. Não aparece com a maré, não se esconde no vento nem se deixa ir em contramão.
Duas pessoas só se amam realmente quando o seu nível de amor é igual, tudo o resto que dai sobra, a tristeza que demonstra, é o medo de uma delas ter deixado de amar.
Por isso guardam se as recordações preenchidas com pequenas frases enroladas em notas carinhosas, guardam se os mimo e carinhos em baús de cetim para nunca se perderem em divagações, e criam se historias para que não seja esquecido o quanto é bom dizer “AMO-TE”
O amor é o unico o som projectado na alma de dois corações abraçados quando o tempo recusa a avançar para a frente.
André Rocha
Musica
Anima com sons que arrepiam, como que encontrando notas esquecidas. Traz mãos tremidas com toques fraternos, que abraçam em toques simbólicos a miséria de quem não a sente.
Oferece o mundo, atraiçoa a alma, anima os olhos, escurece a alma, tropeça em colcheias apaixonadas por sonata perdida em ritmos de valsa.
Percorre, sente e cria, faz de si seu esboço e deixa-se vaguear em círculos de arredondamentos sonoros que encantam a imaginação com lágrimas traídas por amor.
Esquece se como uma lembrança mal guardada, refaz te de si própria e encontra-se em arrepios desorientados nos percorrem a espinha.
E no final, que sua copia seja entregue ao vento, que esta se espalhe e faça de si seu sussurro, pois será no inicio do seu silêncio que sinto encontra-la.
Recantos de ciúme
Ciúme de mim que me encanto em longos sobejos,
que recrio desejos de outro tempos.
Ciúme de mim que me revejo em passados caminhos,
maresias de quem sou e de verdades que escondo.
Ciúme de mim que me gastam egoísmos nascidos em cidades outrora,
recolhido agora em aldeias envelhecidas por lembranças esquecidas.
Ciúme de mim por me olhar em retornos desaparecidos,
sentimentos de culpa gerados de mentiras gélidas de esperança.
Ciúme de mim por encantar momentos rústicos de passados,
enfraquecidos por devaneios de tempo.
Ciúme de mim por me guardar em atravessados pensamentos,
renegando palavras que te poderia dizer a ti
Revitaliza-me em autor de segredos, e que na humildade do teu ciúme
me encontres em ti.
Segredos de Lua
Desinibida sem desleixe, encantadora como a natureza te descreveu, és imagem de teu reflexo, entoação de silêncio de antigas pautas tocadas.
Na tua condição de mulher, interpretas o papel de menina, sincera, honesta e brilhantemente tímida e escondida. A 4 fases te descreves, todas elas completas, enraizadas em recordações futuras, descritas em longas linhas de poesia.
Foste musa com a tua timidez, despida aos olhos de corpos celestes, aquecidas por mantos de marés de estrelas, mesmo reconhecendo as manhas em que te afogas em madrugadas esquecidas.
Parei então para te tentar absorver, enquanto fazia tua minha vergonha, admirava te absurda de poder, deixavas assim de ser menina nas minhas memorias e desenhavas te rainha de perdidas encruzilhadas.
Nesta tua nobreza, coroada pela noite, aquecida por fogueiras de estrelas, via te reconhecida pois o mar vénias te fazia sempre que a areia cobria.
Da minha curiosidade, as tuas respostas de silêncio por si só me satisfaziam, enquanto em mim tua confiança procurava, e o tempo rapidamente decidiu enciumar-se e acelerava.
Atribui tua timidez à tua sinceridade, o teu gesto de mulher à tua essência de menina, os teus repartidos sonhos a pequenas regalias de fado, enquanto do teu coração não tiravas escondidas verdades passadas.
Adorei assim os segundos passados, absorvi te durante a tua maior amplitude, embaracei te quando directamente te olhava, e segurei me em margens pouco seguras, quando por ti alguma tristeza assolava.
Na tua abundância sucumbiu por momentos o teu sorriso crescente, quando no passado sem futuro de um reencontro deformado de eclipse, fugis te me da visão e por certo em poucos momentos de quarto minguante te vestis te.
Mas era a tua atracção gravitacional que me sustentava, enquanto navegante de curiosidade te embaraçava, enches te marés altas e revoltas, e cobris te assim minha imaginação em curtas-metragens de histórias mal contadas.
Por certo reluzente quero voltar a encontrar-te, na tua companhia emaranhar me, por que da noite ofereces o teu clarão, não fosses tu agora uma futura recordação, não fosses tu lua discernente e pequeno encontro de razão.
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