Poemas, frases e mensagens de pedroribeiro

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de pedroribeiro

LUZ

 
Luz! Luz! Faça-se luz!

Possuído por um deus
celebro festins interiores

Luz! luz! Faça-se luz!

Em busca de iluminações
atiro-me contra as paredes

Luz! Luz!

Pedaços de mim
esvoaçam sublimes

Luz! Luz!

Meu canto doido
para lá dos homens!

Luz! Luz!

Para lá das montanhas
para lá das cidades!

Luz! Luz!

À mesa do café
percorro eternidades

Luz! Luz!

Ao poeta das trevas
ao vagabundo das eras!

Luz! Luz!

Dá-me vinhos, licores
mostra-me a saída!

Luz! Luz!

Ilha dos amores,
minha rainha!

Luz! Luz!

Meu canto doido

e um deus
que dança
a meus pés.

A. Pedro Ribeiro, Motina/Clássico Real, 1.12.2007.
 
LUZ

REI

 
Cair no meio da arena
morrer como um touro
em sangue
cair, solene,
como um rei
para cá da escumalha
dos risinhos idiotas
da ignorância.

A. Pedro Ribeiro.
www.myspace.com/manacalorica
 
REI

FACADAS NA MORAL

 
Vêm ao rio
carregadas de bebés

Gin puro
beijam os putos
enchem-nos de tesão
e rock n' roll

cravos vermelhos
na Junta de Freguesia
bacantes em guerra
antónio
dionisos
na imagem
no papel
no BI

hei-de morrer de tédio
ao quarto dia
num quarto de hotel
mães que choram
cães danados
irmãos irmãs
partilhas pastilhas
fantasias

em Braga sem nada
sem mulheres

no cu na cona
da Flávia
10 da noite
nada na roleta
bate a punheta
primeiro-ministro
Jesus na cruz

aulas
professoras
aguas das pedras
pedrada salgada
Carla em Braga
em Bragança
nos Passos da dança
nos paços da Sé
Che ébrio
luz de morte
coca cola cao
cão cabrão
equilibrista, não!
Saloon exibicionista
estoirar
bar aberto canção
tiro aos bonecos
aos mortos
aos matrecos
badamecos
noitadas
gargantas secas

TER O MUNDO NA MÃO
E ANDAR AOS TROCOS
aos rotos
às facadas na moral!

A. Pedro Ribeiro, Braga, 2010.
 
FACADAS NA MORAL

SEM CONTROLE

 
SEM CONTROLE

Quando estás sem controle
Ofereces as tragédias gregas
A gajas desconhecidas
Dás telemóveis às putas
Gritas por Satã na Avenida

Quando estás sem controle
Os polícias ameaçam-te de porrada
Bebes e bebes
E não queres saber de nada
Quando estás sem controle
Percebes que a vida é uma merda
E que o teu reino não é aqui

Quando estás sem controle
Ofereces poemas inéditos
Exemplares únicos
E perdes a namorada.

A. Pedro Ribeiro.
http://xamachama.blogspot.com
 
SEM CONTROLE

Amor

 
Só o Amor e a Paixão sem ciúmes salvarão o Mundo.
 
Amor

PAREDES DE COURA

 
As caras olham-te
E sentes-te em cima
As caras olham-te
E sentes-te em baixo
Os boatos correm
Foges das caras
Partes vidros
Intriga assassina
Ai! A minha vida

Os poetas malditos amam-te
Os outros ignoram-te
Dão cabo de ti
A mulher que amas
Fugiu para a Venezuela
Os polícias vigiam-te
Cospem na tua literatura
As outras adoram-na
Mas não te entendem

Chamam-te palhaço e não fazes caso
Dizem que o teu mestre era um bebedolas
Em Atenas
E não fazes caso
Dizem que és um desordeiro um alcoólico
E pedem-te “Borboletas”
Dizem que a tua mulher só te quer
Porque agora és uma estrela
O gerente persegue-te obcecado pelas tuas dívidas
Mas tu não dás troco
És realmente uma estrela mas continuas teso
Os vidreiros atrás de ti
E continuas teso

Defendes os guerrilheiros da Colômbia
E chamam-te canalha
Defendes os teus ideais e dão-te porrada
Apresentas o teu livro e dão-te patadas
Julgas-te o maior, dizes patacoadas
E cais bêbado na esquina
Vais ter com o caos e não sacas nada
Vais fornicar ao cais e espetam-te a faca
Vais à procura da luz e só encontras merda
Estás com alucinações e és alvo de chacota
Deves o cacau e apertam-te o cerco
És um animal de palco
E não consegues sair do transe
És uma puta do rock
E sobes aos céus até cair até à veia
Nunca mais vais saber se a plateia
Te ama ou te odeia

Ouves os aplausos
Mas estás fechado em casa
E as mulheres só aparecem
Quando andas agarrado à cena
Amam-te e armam-te ciladas
Provocam-te fazem-te enlouquecer no hotel
Com os orgasmos da gaja do quarto de cima
Depois acusam-te de tráfico de droga
Não sabes onde estás
Com quem estás
Onde vais
E escreves coisas supostamente geniais
Para agradar à populaça

Queres mulheres e elas não vêm
Queres mulheres e elas fogem
Do whisky, da maldição, da subversão,
Da vida que queres
Queres mulheres e elas caem
Querem filhos, casamentos, rotinas, obrigações
Queres mulheres e já não queres
Porque estás para lá
E andas fodido dos cornos
E só te apetece beber mais.
 
PAREDES DE COURA

barbeiro

 
O barbeiro corta-me as barbas
dialoga comigo
e faz-me feliz

já não preciso
de noitadas nem de rockadas
o barbeiro corta-me as barbas
e faz-me feliz.
 
barbeiro

MADALENA

 
Para a Ana Paula

Deste-me a morada
a meio da tempestade
vieste por entre os duendes
ao lugar da trip

Imaculada
levantaste-me do túmulo
e levaste-me pela mão de Deus
para fora dos bares
e dos artifícios do demo
das cassetes pirateadas
das notícias do templo
beijaste-me a outra face
e amaste-me.

A. Pedro Ribeiro, in "Saloon" (EDições Mortas, 2007)
 
MADALENA

MENINA DO CASTELO DA ESCÓCIA

 
MENINA LINDA

Menina linda
Que estás ao balcão
Menina linda
Que varres o chão
Menina linda
Que vens
Sorris
E mostras a pele
Menina de mel
Por quem suspiras
No moinho de pedra
No castelo da Escócia?

Quando olho para ti
Vejo o mar
Vejo o amor
Menina-amor
Menina-flor

Fazes desaparecer
As feridas do rocker
Enches de carícias
O anjo maldito
As chamas de Lúcifer.

“Moinho de Pedra”, Telha, 22.12.2006.
A. Pedro Ribeiro
AOS MEUS AMIGOS

Onde estais vós,
Meus amigos,
Que me beijais a cara?
Já partistes deste mundo
Ou continuais a caminhada?
Onde estão as conversas que nos elevam
E as gargalhadas sem medo
Que enfrentam os medíocres
E a corja mercantilizada?
Onde estais,
Irmãos de sangue,
Que bebeis da minha taça?
Camelot Elsenor
Aí celebramos a aliança.

Onde estais vós
Que sois eu
Só num bar até de madrugada?
Tentaram sempre aniquilar-nos
Encostar-nos à parede
Até à última cilada
Mas nós resistimos sempre
Ao cântico da sereia.
Onde estais, companheiros,
Agora que vos chamo
Do fundo do Totem
À beira do nada?

Bem sei que para nós
O caminho é doloroso
Mas o que nos guia
Não são as leis do mundo
Nem do mercado
Mas a luz ao fundo da guitarra.
Onde estais, amigos,
Porque não bebeis a taça?

Conquistadores do oculto
Pesquisadores da alma
O caminho somos nós
Mas a visão ainda não é
Inteiramente clara.
Onde estais, irmãos de sangue,
Companheiros de noitada?

Abençoados malditos
Reis sem trono
Esperamos a última batalha.

Olhos de Deus
Voz de Satã
Iluminações
Até ao fim da estrada.

Vila do Conde, Pátio, 20.1.2007.
A. PEDRO RIBEIRO
www.myspace.com/manacalorica
http://tripnaarcada.blogspot.com
 
MENINA DO CASTELO DA ESCÓCIA

D. Sebastião

 
Morrer em frente à cerveja
em frente ao jornal

vultos no corredor
D. Sebastião
de espada na mão

o tédio enlouquece
mata a canção.

A. Pedro Ribeiro in "Sexo, Noitadas & Rock n' Roll" (Ediçoes Pirata)

www.myspace.com/manacalorica
http://tripnaarcada.blogspot.comEu vi a morte nos olhos de Deus.
 
D. Sebastião

THE BLACK SWAN

 
THE BLACK SWAN

Vens à cidade
E ela escapa-se-te
Por entre os dedos do último metro
Uma vez mais
O acaso que fere que queres
À deriva por fora da cartilha maternal
Apeado por um metro por um minuto
Por uma fita amarela
Nos braços da Aurora

Vens à cidade
E ninguém te espera
Nem sequer as mamas
Da gaja do lado
Cujas mãos folheiam um livro
Talvez até de Cesariny
Olha, afinal não,
É o “Discurso do Método” de Descartes
A razão a descartar o instinto e a loucura
Mas tu continuas a ser tu próprio
A aguentar o “Barco Bêbado”
As cheias do Douro
Com o ouro nos bolsos, para variar
À deriva por uma diva
À deriva a ferir a dama
Mas, apesar de tudo,
Permaneces íntegro integral
Até pediste um café
Enquanto que as gajas do lado
Se emborracham
Para contrariar o habitual

Vieste com Cesariny, com a liberdade, com o surreal
Mas o bar da poesia ficou alagado
Pelo rio da àgua
Pelo Rio da Câmara
E perdeste a vontade de rir

Sempre odiaste os grupos, os grupelhos organizados,
Os grupecos fechados
Embora até prefiras juntar-te às matilhas de fêmeas
Em detrimento dos machos
Porque são mais selvagens, mais livres,
Mais próximas, mais naturais
E riem loucamente
E acariciam os cabelos loucamente
E fazem-te beber até ao fim
Como o teu amigo Jim
Até ao tasco fechar
Até ao barco se afundar
Na cidade onde nasceste
Onde já foste tudo e nada
“O nada que é tudo”
Rei e mendigo
Actor e espectador
Vítima e carrasco
Vens da noite e amas a noite
Vens do fracasso em busca da luz
Vens do cansaço em busca do Homem
Bebes porque só assim consegues viver
Vives porque só assim consegues beber
Entre mulheres e fantasmas
Entre delírios e gargalhadas
Entre a Pamela Anderson, a Mimi,
A Minka e a baba dos cães
Entre as gajas das revistas
E as putas da rua
Ama-las a todas
Quere-las a todas
Excepto se forem feias
Excepto se forem frias
Excepto se forem vazias
Excepto se forem santas

Mas amas sobretudo a rainha de copas
E as tuas irmãs
Não sabes é, ao certo, quantas são
Algumas nunca as viste
Nem sabes quem são
Vives em Roma, em Atenas
E és completamente doido
Completamente fora
Por isso é que os guardiões do templo e os moralistas
Te querem manter cativo, em hospícios,
Longe da cidade
Porque sabem que tens o dom da palavra
E podes tornar-te perigoso
Sobretudo nos dias e noites em que tens visões
E procuras a tribo

Na infância e na adolescência controlavas-te
E fechavas-te numa espécie de redoma
E tinhas medo de Deus, da moral e de partir os vidros
Mas a tola é a mesma:
Genial? Mágica? Maníaca? Demoníaca? Dionisíaca? Apolínea?-talvez, também.

Vens à cidade- ela pertence-te
Nada tens a temer
É a tua mulher- a dama de espadas
É tua como a lua como a cona
Como a rua do poema
E já perdeste o preconceito a vergonha
E já te apetece perderes-te com as gajas com as bacantes
No meio delas no meio do mar
Mas o amigo chama-te
O velho camarada de outras eras
Do outro que eras
E ainda és

E o camarada arranca a página da “Ilíada”
No meio das patas, dos marinheiros, dos travestis
E a rainha faz anos
O rei está doente
E até parece pecado
Quando te fazem perguntas
Acerca de Timor e da Indonésia
Do Suharto, do Alatas
Do Ximenes, o Belo, e do Horta diplomata
Todos uns bons filhos da puta
Da puta não, que até a amas
Como à Madalena
É aqui que te tomam por culto, por santo,
Porque lês Sade, Nietzsche, Miller
E compras jornais
E todos eles estão em ti
O Cesariny, o Oom e o Lisboa

Putas travestidas de mamas à mostra
Poema contínuo (como Herberto)
Em coma, na cona, em Roma
Vais chegar a casa às 7 da manhã
Como Satã na canção (na tua canção)
E o teu nome é mesmo Liberdade
És o anarquista do Vale
A caminho do Hades será que hás-de
Cair na Graça
Ou em desgraça?

Puto de poema que nunca mais acaba
Puta do poema que me desperta
De qualquer forma, cavaleiro negro,
Não olhes para mim
Não me estendas a mão
Contigo não vou
Não sou teu
Nem por milhões
Nem por euromilhões
Vai, morte,
Que me persegues,
Vai, sorte,
Que me feres

Olha, voltaram a meter conversa
Com os meus versos
Falam-te de Fidel, de Chávez, da América Latina
Tornaste-te um intelectual respeitado
Por estas bandas
Esquerdista convicto
Bombista nas horas vagas
Afinal, os livros até te servem de alguma coisa
E o filme regressa
Sobes, de novo, ao palco,
Armado em estrela
Não consegues fugir à fama, à ilusão maldita
Só no palco te sentes em cima
Amado odiado
Com fantasmas nos cornos, é certo,
Com moinhos e Dulcineias
Narciso incendeias
Mas permaneces em comunhão
Com aqueles que segues com aqueles que amas
Com a estrela que segues sempre
Rubra negra imensa maldita
Que te faz “intensamente livre”
Imensamente livre
Como o cisne, como o poeta
O último dos românticos- como dizem na entrevista
Que nada tem a ver com o caramelo lá de cima
Ou talvez até tenha- já nem sei
Não quero saber

És o poeta, o cisne negro, the black swan,
The end.

Porto, piolho-big ben, nov. 2006
 
THE BLACK SWAN

VENHO

 
Venho para junto das mulheres
porque as amo
a elas pertenço
por elas caio
por elas danço
por elas estremeço
venho ao recanto
onde elas falam e falam

Venho por elas
para olhar para elas
para amá-las com os olhos
mesmo sem saber se elas me amam

São as mulheres que me dão a poesia
a fantasia no meio da merda
são elas que me dão a àgua
o canto
a doçura que traz o encanto
os lábios
a magia
a alegria

Amo-as só de as olhar
quero ficar
petrificado a vê-las falar
e esquecer o mundo
que vai ao fundo

Quero ficar em silêncio
a ouvi-las falar
até que me reconheçam
e falem comigo
a brincar
a sorrir
a provocar
a falar das tranças e das crianças

Venho para junto das mulheres
para me acalmar
e deixar-me levar
até ao céu.
 
VENHO

A ANTEVISÃO DO CU

 
Para escrever poesia
não preciso sair da aldeia

Bastam as tuas cuecas
os Pink Floyd
e a antevisão do cu.
 
A ANTEVISÃO DO CU