(In)felicidade
Vivo de amor,
fujo da dor,
procuro felicidade
para a eternidade.
Escondo tristezas,
recordo certezas,
vivo escondida
com medo da vida.
Percorro estradas,
vejo pessoas cansadas,
mostro sorrisos
nos momentos precisos.
Dissimulo máguas
perdidas nas águas,
de lágrimas caídas
há muito perdidas.
Sónia Farinho
Vulgar
Sou só mais uma...
perdida no infinito,
sou só mais uma...
sem aquele rosto bonito,
sou só mais uma...
entre tantas corriqueiras,
sou só mais uma...
entre as tardes soalheiras.
Vejo-te
Vejo-te...
Nas minhas lembranças,
nos meus pensamentos,
vejo-te... por momentos.
Vejo-te...
Tu não estás....
mas eu vejo-te...
Vejo-te...
Dentro de mim...
No meu coração,
onde guardo a paixão.
Vejo-te...
Tu não sabes...
mas eu vejo-te.
Deriva
Andei há deriva,
como um barco no mar,
sem remos nem velas,
sem porto seguro,
para atracar.
Andei há deriva,
como folha no ar,
levada pela brisa,
sem o chão encontrar.
Andei há deriva,
sem ninguém para amar,
só e esquecida,
nesta vida perdida,
sem ninguém para abraçar.
Quadras
Tantos poemas tenho escritos,
mas não consigo encontrar
um que me apeteça,
hoje revelar.
Vou escrevendo,
palavra por palavra,
frases sem nexo,
para acabar uma quadra.
Algo diferente queria
publicar, com amor,
carinho ou ternura,
algo com sabor
a maré ou fervura.
Alguma coisa simples,
que vai saindo da minha mente
escrito com o coração,
loucura passageira
de um momento simplesmente.
Tu...
O teu sorriso foi como o sol,
que me iluminou.
Os teus beijos como ferro em brasa,
que me marcou.
O teu sabor como o mel,
o mais doce que eu provei.
Os teus desejos foram vícios,
que eu jamais esquecerei.
Encruzilhada
A vida por vezes é cruel
nem sempre tem o sabor do mel,
tem muitos espinhos,
milhares de caminhos,
por onde escolher.
A escolha modifica tudo,
vivemos numa encruzilhada
em que tudo, vale nada.
A vida é um castelo de cartas,
que cai com facilidade.
São muito breves,
os momentos de felicidade.
Mar
Uma cama eu fiz
com uma onda do mar,
quero aí viver
para sempre morar.
Acordar ao sabor
do seu aroma salgado,
como uma lágrima que desliza
num rosto transtornado.
Viver para sempre nesse mar
sem ninguém para me julgar,
ficar deitada no seu manto,
esquecida no meu canto.
Sónia Farinho
Insónia
Não me apetece dormir,
apetece-me escrever,
mas as horas passam,
com os minutos a correr.
Já não sei o que escrever,
alguma coisa há-de cair,
escrevo pequenas palavras,
até de sono estiver a cair.
O João pestana já lá vem,
de vagar e de mansinho,
as minhas crianças já dormem,
um abençoado soninho.
Durmam bem meus amores,
amanhã é outro dia,
vou acordar de manhã,
tratar de vocês com alegria.
Agora vou dormir também,
um soninho descansado,
o João pestana já chegou,
e de sono vem carregado.
Sónia Farinho
Princesa
Encontrei uma princesa,
vivia dentro de mim,
com ela era feliz,
tinha brincadeiras sem fim.
Á medida que fui crescendo,
ela me acompanhou,
amou-me de tal maneira,
como nunca ninguém me amou.
Mas houve um certo dia,
que alguém ma arrancou,
foi cruel a tal ponto,
agarrou nela e a matou.
Sónia Farinho