Poemas, frases e mensagens de TRIGO

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de TRIGO

hoje é a noite que me traz para os teus lábios

 
Hoje regressas ao mar onde está a luz com um
degrau para os meus anos
e quem te viu trouxe-me um rio de flores.

Começou hoje o Outono, e como devia ser.
Começou e alguém, meu amor, pode ter
utilizado o teu espelho e pode ter feito que a
noite ande pela primeira vez debaixo das
árvores. Tenho
no futuro um pôr do sol com uma nuvem branca
e o amor abraçará a lua, se os teus pássaros
forem rápidos e seguirem o sol. E, hoje,
nenhuma rua
chegou aos teus dedos contra mim: hoje,
quando me mostras o ar que eu perdia, o ar
quando o sonhava ao pé do teu rosto. E hoje
é a noite que me traz para os teus lábios. E,
hoje, é a noite que me aproxima
.........................de ti,

agora que as flores nascem mais cedo, e os lagos
ficam a morrer do teu lado,
Meu amor
.
 
hoje é a noite que me traz para os teus lábios

o mar levava-te sempre nas mãos nuvens de alberta

 
.

O
mar
levava-te sempre nas
mãos
nuvens de Alberta,
passava-te
ainda
o vento: este, quase
depois de
uma rosa sobre os
bares
ao pé do sol, e tudo
andava,
excepto eu:
a chuva,
essa,
ouvia-se
na lida das
aves e
dos cardos
que estavam
no mar;
depois era
o ar, depois era
este incêndio de lábios
cumprido no Outono para que se
fizessem mais ruas, para que se
fizessem mais estas janelas
que existem ao longo do
sangue para ver o
sol, Meu
amor
 
o mar levava-te sempre nas mãos nuvens de alberta

ROSA DE PORCELANA

 
ROSA DE PORCELANA
 
ROSA DE PORCELANA
__________________________

Benguela — Angola........................— ....

http://franciscotrigo.bloguedemusica.com/
 
ROSA DE PORCELANA

Beija-me, meu amor. Beija-me. Pois já sabes onde pousar a lua por entre estas aves que voam de verdade

 
Põe agora o teu piano numa nuvem.
E tenta ver-me com os arcos que
disparam uma única vez. Tenta. Pois
o teu véu foi o primeiro rio a escrever
lábios com o gelo. Foi o primeiro
e o único incêndio a oscilar sobre
o pólen das flechas douradas. Sobre
o pólen. E sobre o louro inacabável que
adormeceste dentro de mim
até se perderem de vista
as rosas bran
cas, Meu
Amor
 
Beija-me, meu amor. Beija-me. Pois já sabes onde pousar a lua por entre estas aves que voam de verdade

na tua voz as primaveras de vidro continuam a trazer os bois para os juncos

 
Na
tua voz as primaveras
de vidro
continuam a trazer
os bois
para os juncos, e o
milho alto,
este que sobra sobre
todas estas
chávenas,
sutura presépios,
também
uma lua que não
fosse, mas
a chuva foi voando,
não foi? Em
grande
parte aquilo
que faz
são essas
explosões
que se dão no
útero às rosas, são
também essas toalhas de
vidro, e é quase impossível dizer
que elas pousam numa nuvem,
que elas pousam e muito
neste Outono que eu
apagaria nos teus
olhos, Meu
amor
 
na tua voz as primaveras de vidro continuam a trazer os bois para os juncos

até e sempre até a esse rio que se guarda com guitarras no teu véu

 
.
.
.
.
.
.
Hoje, meu amor, dou-me à foz dos

teus olhos: dou-me. E pelo sim e

pelo não a estes peixes verdes que

me irão levar ao último relâmpago

.
.
.
.
.
.
.
.
 
até e sempre até a esse rio que se guarda com guitarras no teu véu

não corras por mim, meu amor

 
Não
corras por mim, meu amor.
O teu barco
está na lua, está onde
o sobes às vezes;
ele de novo há-de
traduzir
as gavetas
de um porto,
e descer,
onde
há muito
o teu
joelho é uma nuvem,
um Reciotto
della Valpolicella,
outra vez
uma nuvem,
outra
vez um vinho, e
este parasitado
por Outonos onde
o orvalho a transbordar na tua
chávena acende com juncos
o tão leve manto de
nuvens leva-
das pelo
mar
 
não corras por mim, meu amor

desconfia deste piano ao telefone com as árvores

 
No
teu último degrau
branco
que as
chuvas não
separam,
vejo que corres,
que pintas os pás-
saros,
e, se não
é assim, faz-me teu,
faz-me, e
desconfia deste
piano
ao telefone com
as árvores:
faz-me
ainda
com as rosas
à volta, e
depois que
os pássaros
escolham
o mármore
para voar, que
os pássaros escolham o
mar para assim vermos a pri-
meira garganta do sono,
a dissidente e lenta
liturgia que foi
da insó-
nia
 
desconfia deste piano ao telefone com as árvores

Eugénio Trigo