Poemas, frases e mensagens de flaviogustavo

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de flaviogustavo

Cartas do Suriname

 
Carta 1.

Mãe, eu não queria ser tão direta, mas num vai ter jeito, o papel no Suriname é caro, muito caro. Mãe, o pai morreu. Foi assim: ele foi ao médico (mãe, no Suriname os médicos se vestem com terno preto e gravata vermelha ) reclamou de dor no peito. O médico deu uma risada, disse assim: “gases, gases”. Mandou ele para casa. Papai riu e disse: “imagina!, ir no médico por causa dum peidos de nada”. O resto a senhora já sabe. Manda um dinheiro, senão num dá para enterrar o pai.

Carta 2.

Mãe, como a senhora não mandou dinheiro, eu tive que enterrar o pai no quintal mesmo. A senhora imagina, mãe, que aqui no Suriname tem um imposto para ser enterrado? Eu perguntei o porquê da taxa; o médico — que mandou o papai peidar em casa — é, também, o prefeito da cidade; ele disse assim: “se vocês pagam imposto para cagar lá no Brasil, por que aqui não podem pagar para morrer no Suri Suri?”

Carta 3.

Mãe, ontem eu acordei o pai estava desenterrado, acho que a cova ficou rasa demais. Tinha dois cachorros comendo o cu do pai, mãe, literalmente. O que aconteceu com a senhora? Às vezes penso que a senhora não gostava muito do pai, e que deve estar rindo com a boca bem aberta, só porque eu disse que um pastor alemão comeu o cu dele. Mãe, manda dinheiro. Ah! O prefeito perguntou se a senhora gosta dum coroa charmoso.

Carta 4.

Mãe, o dinheiro não chegou. Eu falei para o médico/prefeito o que aconteceu. Ele disse que se fosse no Brasil o cu do pai já estaria no osso bem antes dele morrer. Mãe eu quero ir embora daqui. Manda o dinheiro.
 
Cartas do Suriname

Alea jacta est

 
Quando minha mulher soube que eu era um assassino, ela se desesperou.

Como você é capaz de ganhar dinheiro fazendo isso?

Foram as últimas palavras da vadia.

Minha mulher era uma puta, disso eu não tinha dúvidas, era burra também. Porém, as palavras dela fizeram eu enxergar que receber para matar é como ser uma puta, entendeu? Quando mato sinto um grande prazer, o mesmo prazer de foder uma mulher gostosa. Depois que enxerguei esta realidade vi que não podia mais cobrar para matar ninguém.

Peguei meu trinta e oito e minha bíblia, saí na rua, observei a multidão e concluí: todos são ruins. Pobres, ricos, mulheres, homens, altos, magros, carecas, cabeludos, veados, putas, mulheres casadas, pais, filhos, fumantes, não fumantes; eram todos iguais, eram seres humanos, eram a maior bosta que Deus havia colocado na terra. Eu não tinha opção. Porém, eu era o escolhido, acabei dando meu jeito.

Neste dia meu critério foi: o primeiro que me mandasse tomar no cu iria morrer. Vi um cara passando, estava apressado, eram seis horas da tarde, provavelmente queria chegar em casa rápido. Será que seria de primeira?

Quer conhecer os planos de Deus para você?

Tô atrasado!

Escute o salmo...

Fui interrompido pelas belas palavras mágicas, pela caneta que assinaria a sentença de morte do infeliz. Elas foram ditas em alto e bom som.

Vai tomar no cu! Enfia essa bíblia no cu! Não tá vendo que tô atrasado, vai pregar para a puta da sua mãe!

Minha mãe realmente era puta, seria ele um vidente? Quase mudei as regras do meu jogo.

A bíblia estava marcada, abri rapidamente, risquei o sexto mandamento, sorri, invoquei o nome de Deus. Em seguida, meti seis tiros no puto, dava para enxergar as pessoas do outro lado através do corpo daquele infiel.

O prazer invadiu meu corpo, tremi, chorei de emoção devido àquela sensação. A sorte tinha sido lançada!
 
Alea jacta est

Atentando terrorista masturbatório, ou bomba relógio.

 
Ele entrou no salão. Todos lá. Felizes, sorrindo. Ricos, putrefatos de ricos. Bando de putos, veadinhos, cheiradores de pó, ele pensou.

Explodiu! Todos sumiram. Nunca mais apareceriam diante dos seus olhos.

Causa mortis dele: um aneurisma.
 
Atentando terrorista masturbatório, ou bomba relógio.

Novena

 
Achou que deveria rezar primeiro, assim o fez.

Rezou primeiro para o tio, um índio travesti que tinha o sonho de ir para o Suriname, ser artista de telenovelas, mercado, segundo indígena, pouco explorado no pequeno país. À noite ele cheirava cocaína, com a calça no joelho, sentado na privada, com a porta do banheiro entre-aberta. Ela sentia o cheiro de merda desembocando na cozinha, ao mesmo tempo que ele gritava: "Dar o cu, filha? Eu dou, até dou, mas só se for prum alemão, prum alemão".

Depois rezou para o dono do bar. Nome: Jorge; Idade: 47; Estado civil: casado; Ator favorito: Tarcísio Meira; Escola de samba: Mangueira; Sonho: conhecer à Argentina; Signo: Libras; Marca de carro favorita: Ford; Dia mais feliz da vida: o dia do casamento. No dia cinco de março de 1986 tomou um tiro na testa. No interrogatório, os jurados riram quando ela, a esposa, disse que ele peidava demais.

Incluiu na oração o professor de matemática. Nome: Chânkio; Nacionalidade: chinesa. Usava uma bota vermelha, camisa amarela e cinto branco. Peso: 180 quilos. As costas suavam em abundância, era o rio amazonas que ditava vinte equações, e depois sentava-se na mesa e murmurava: "bosta de vida."

Rezou pra filha que não nasceu, ele tirou o pau, antes de gozar dentro.

A tia-avó, Antônia, portuguesa de Portugal, como a própria tia-avó gostava de deixar bem claro, surgiu-lhe à mente, achou melhor incluí-la também. Surpreendeu-se quando ouviu a tia-avó dizer antes de morrer: "É, Deus! Por que tu me fodestes?!"

Rezou para o galã da novela, que tinha sido vítimas de boatos do vilão. Boatos cruéis diga-se de passagem, seria injusto mencioná-los aqui, aumentaria os boatos. Ela orou para ele, mesmo sabendo que no final a verdadeira história seria trazida à tona, ele casaria-se com a protagonista e teria dois filhos. O vilão iria pedir perdão. Mas para esse ela achou melhor dedicar uma extrema unção.

Orou para um morto sem saber que esse, em questão de segundos, estaria doutro lado. Era o tio Arlindo, que no final da oração da moça — um Credo —, dava a última cagada da sua vida, antes de descer à mansão dos mortos para não ressuscitar. O avião estava no exato momento colidindo com as torres gêmeas.

Pediu a Deus que olhasse para o cara da festa, que ao invés de inspecionar a corda do bungee jumping preferiu cheirar cocaína, atolar o dedo no cu e admirar a revista de homens nus, roubadas da gaveta esquerda da mesa do patrão. Naquele dia o pastor Valmiro, um amante dos esportes radicais, ficou parecendo molho de tomate.

Por fim, orou por você e para Nossa Senhora da Boa Morte, antes de enfiar um tiro no ouvido.
 
Novena

Micro-novela: Cheirando a sexo II

 
Acordou, sem pernas, sem braços, só olhos e o cheiro, o cheiro. Odor de cigarro, luz amarela, a cama ao lado revirada. Dois homens e uma mulher. Sexo.

Onde estava? Sexo. Olhou em volta: fumaça e sexo. Um grito estridente; o fim. Eles saíram, ela ficou lá estirada. Ela com cara macilenta, pele pálida, cabelos curtos, nariz sangrando. Ela ainda lá, estacada; morta? Levantou e disse baixinho: graças a Deus, eram dois bostas, que se fodam os dois, os dois!

A mulher acendeu um cigarro, em seguida, decidiu pegá-lo. Ele suspirou, pois queria ficar lá em cima do criado mudo. Bruscamente, ela colocou-o no bolso.

Ele agora era uma nota de cinquenta reais, ao seu lado uma nota de dois reais —chamava-se Joice — e lá no fundo uma moeda de um centavo — a Carlete.

Carlete era um travesti, havia virado uma moeda, tinha dez anos que estava no mercado. Joice, a nota, uma cantora de churrascaria.

Carlete ria, enquanto dizia: "Fodeu! Fodeu!"

Ele desesperava-se. Joice tentou falar algo, Carlete não deixava, a voz estridente da moeda impedia.

Ele sentiu-se leve, viu as pernas da mulher e notou que um cigarro jazia ao seu lado. Alías, um ex-cigarro, pois Clodoaldo, sim Clodoaldo, agora era uma bituca suja de batom.

Ela me fodeu, estou morrendo, puta merda, morrendo, Clodoaldo falava.

Não irá morrer, não irá morrer, ele tentava tranquilizar Clodoaldo.

Por que será que existimos? Tão moço eu. Vadia me fumou toda. Você tem sorte, é uma nota de cinquenta reais, vai viver para sempre, para sempre..., a voz foi ficando inaudível, Clodoaldo se apagara.

Melancolia.Seu primeiro amigo naquela nova vida. Clodoaldo, um bom sujeito. Claudete, um traveco safado, tão insignificante. E Joice? Uma nota de dez reais, que não falava; que coisa! Pobre Joice, ele pensou...

Encontrou um panfleto, sem muito assunto que falava apenas: "Lira da Bahia trago a pessoa amada em três dias." Resolveu ignorar o papel sujo de bosta, sim estava sujo de merda, parecia com um papel higiênico, tamanha a quantidade de fezes.

Sim, era um imortal, agora sim, tudo iria mudar. Rodaria por todos os cantos do país no bolso, nas carteiras, depois iria para um banco, todos precisam de férias, depois voltaria ao mercado, emocionante, emocionante. Clodoaldo tinha razão. Um filósofo, Clodoaldo, um filósofo flamejante, um dos melhores, um filósofo. Quem diria, hein? Logo Clodoaldo, uma mente nicotinada. Cientistas burros! A prova estava aí, era um bom cigarro; não, melhor!, era um excelente cigarro.

Veio a chuva. Ele gritou: por que será que existimos?!
 
Micro-novela: Cheirando a sexo II

Pós-modernidade

 
Sinto:
O coração a acelerar,
A mão a esfriar
A fronte a transpirar
água atlântica
que
molha
inutilmente
meus
negros
cabelos
— Ora! Estás apaixonado, doce mancebo?
Não! Tenho síndrome do pânico!
 
Pós-modernidade

Sexo, bebedeira e poesia

 
Sexo:

Os animais:

[Mulher fogosa com bunda grande e boca gulosa. Faço anal, oral, vaginal. 25 anos. Me liga!]

Ele liga. Encontram-se. Estão juntos no:

[Motel Barão. Canal 3. Per noite: 10 reais. Uma hora: 3,50. Temos ventilador e café da manhã!]

[Quarto 103. Ventilador ligado.]

[Temperatura: 34 graus.]

O macho tira a roupa. Pelos pubianos raspados. No pênis está escrito: "torneira do amor."

A fêmea sorri, abocanha, tem realmente a boca gulosa.

A torneira do amor permanece apontada em direção ao chão.

O macho senta na cama e chora.

A fêmea, que entra no cio apenas durante o período monetário, sorri, desliga o ventilador. Vai tentar novamente, não é todo dia que tem ração.

Bebedeira

[O pai:] 1,66m., 68k. Crânio alongado, mandíbulas volumosas, orelhas desiguais, falta de barba.

[O filho:] 1,68, 70k. Crânio redondo, dentes mal conformados com precoces caídas nas formas mais graves.

[A mãe:] 1,62, 82K. Crânio alongado. fisionomia viril, ângulo facial baixo.

Abre a porta. Vê o filho.

O filho vê o pai.

O pai olha para o filho.

O filho com o dedo em riste, olhando na direção do pai dispara;

"Sua bicha fodida! Espero que tu se foda por aí, quer chegar aqui esculachar todo mundo, todo o dia? Filho-da-puta do caralho. Minha avó e meu avô foram dois filhos-da-puta, dois grande filhos-da-puta! Filhos-duma-puta que conseguiram colocar um merda como tu no mundo. Filho-da-puta!

O pai soletra:

"F-o-d-a--s-e o m-u-n-d-o!"

A mãe morreu, há dez anos.

Poesia:

"Não tem poesia lá no finalzinho do cu"

"Por que você num senta no meu pau e faz au au?"

Deu a descarga, a merda escura desceu deixando marca no vaso, parecia que até tinha braços.

Não deviam cobrar para usar o banheiro nas rodoviárias da capital, ele pensou enquanto lavava a mão com o sabão verde que escorria com má vontade da saboneteira.
 
Sexo, bebedeira e poesia

Ó bela Ana Rosa!

 
Ana Rosa é, digamos, uma pessoa problemática. Vejamos!...

Ana Rosa, no ano de 1982 sofreu seu primeiro acidente de avião, morreu. Era o voo 1348. Não se sabe o porquê, mas Ana Rosa, doravante, passou a acordar todos os dias em diferentes voos que estavam fadados a cair.

O primeiro deles foi num voo que partiu da Rússia para Paris. Ana Rosa não sabia russo, achou estranho ter acordado no voo. Decidiu pergunta onde estava, notou que pensava e falava russo. Não houve tempo, o avião, que estava escangalhado, espatifou-se.

Sete segundos depois, Ana Rosa acordou num voo saído de Lisboa que ia directo para o Brasil. Sorriu, iria voltar para casa. Durante a viagem, sentada ao lado de Carlos, ela explicou o que estava a lhe ocorrer. Carlos sorriu e disse que ela deveria procurar um doutor especializado em drogas. Ele disse também que no Brasil as pessoas estavam sempre a cheirar cocaína e a dar tiros nos pobres. E finalizou, falando que o Brasil deveria voltar a pertencer a Portugal. Vinte um segundos depois, o avião caiu!

Ana Rosa, exactamente, trinta segundos após a outra queda, viu-se sentada próximo à janela. Ao seu lado, um chinês com cabelo loiro e dente d'oiro, dizia: "Kong Lee Dai Lee? Kong Lee Ho Ling Bee?". O Tristar explodiu sete segundos depois.

"Puta qui la mierda! Son los americanos!". Do lado sete mexicanos e um brasileiro. Finalmente!, ela pensou. O avião: um monomotor vermelho claro. O brasileiro chamava-se Camilo. Ela tentou falar algo, ele era mudo. "Puta qui la mierda! Entón tu nón abasteciestes?!" Sete segundos...

Ana Rosa acordou, desta vez ela estava sentada na primeira cadeira. O avião vazio, pousado, no chão, nO CHÃO! Ela dançou, gritou em português, em pORTUGUÊS! Era um avião de testes; sete...

Ana Rosa, é, digamos...
 
Ó bela Ana Rosa!

Desabafo

 
Acordei durante a madrugada, estava sentindo uma culpa enorme. Pobre de merda igual eu não tem psicólogo, psiquiatra, essas veadices todas. Eu precisava desabafar.

Abri a porta do meu quarto, logo de cara vi minha mãe de quatro sendo fodida pelo Josimar, o dono do bar. É estranho imaginar nossa mãe dando a bunda. Sempre pensamos nelas castas e puras, no estilo virgem Maria, no entanto, minha mãe estava lá dando o cu para o dono do bar. Eu não falei nada, fechei a porta do quarto, coloquei uma camisa e saí pela janela. Eu precisava desabafar.

Caminhando pela rua tive uma idéia, iria me confessar com um padre. Era o único jeito de desabafar e tirar a culpa da cabeça. Eu não iria naquela igreja de merda lá do bairro, que era fodida e de pobre, pois o Cristo havia sido assaltado, tinham roubado a coroa. Um cristo sem coroa não vale merda nenhuma. Decidi ir numa igreja de rico. Além de coroa, o Cristo deles tem cara de ator de Hollywood, é todo bombado, não se parece com aquele fodidão lá do meu bairro.

Dei sinal, um ônibus parou. Entrei. Vi um monte de gente, não sei porque de repente fiquei imaginando aquelas pessoas fodendo. Imaginei uma velha sentada no banco da frente fodendo com todo mundo do ônibus, uma grande orgia. Desci do ônibus, todo mundo que eu via na rua eu imaginava fodendo, dando o cu, gritando, falando putaria. Eu precisava desabafar.

Entrei na igreja, fui até o altar. Lá estava o Cristo todo bombado, olhos azuis, era um ator de Hollywood. O padre se aproximou.

O senhor vai casar? Ele perguntou.

Não vou não, quero me confessar.

Hoje não tem confissão, ele disse virando as costas. Em seguida, saiu rebolando até o altar, gingando com aquela bunda santa de veado. Parecia que queria trepar comigo. Eu não era veado.

Filho-da-puta! Você vai me ouvir, eu gritei. Depois saquei o vinte e dois coloquei na cabeça dele. O puto tremeu, começou a mijar e chorar. Aquilo me deu nojo, mudei de idéia na hora. Porém outra surgiu rapidamente. Levei ele até a sacristia, levantei a batina, desci as calças do puto, peguei uma hóstia.

Benze isto aqui! Eu ordenei.

Ele obedeceu. Peguei a hóstia e soquei no cu dele. Em seguida falei, queria dar o cu para mim, veado? Dá para Cristo, não para mim.

Saí da sacristia, dei um tiro na coroa e nos olhos do Jesus hollywoodiano. Fui embora. A vontade de desabafar tinha sumido.
 
Desabafo

Micro-novela: Cheirando a sexo

 
Acordou com alguém lhe segurando. Sentiu o suor da perna, e o pano da cueca do velho. Sim, era velho, a perna flácida denunciava, pensou. Não sentiu os dedos, nem as pernas. Porém, após ponderar um tempo sobre sua estranha situação, constatou o seguinte: notou que havia transformado-se num trinta e oito enferrujado. Depois da fascinante descoberta, imbecilmente questionou-se: "como iria cagar agora? De nada importava isso. Ele agora era um revólver, um trinta e oito enferrujado. Para onde iria?

Visitou um casal. O velho sacou-lhe e gritou: puta véia, puta véia. Logo ocê, Tonin, logo ocê, fazer isso cumigo, sô. Puta merda Tonin. Nois era amigo, sô!

Sentiu que uma das balas, chamada de Paola, logo iria abandonar-lhe. Ele gostava de Paola, ela tinha virado uma bala e ele um revólver. Acho que isso está bem claro. Paola, antes de virar bala - talvez a transformação da jovem não tenha ficado clara - era, outrora, funcionária pública, agora era uma bala rápida. Irônica a vida!

Paola saiu, ele lamentou. Paola entrou na cabeça da mulher. Ele desejou sorte para a amiga. Sentiu saudades.

Destino diferente teve Lívia, que também era uma bala. Adianto-lhes, não era funcionária pública. Lívia falava muito, por isso ele não gostava dela. Lívia perguntava: por quê?, por quê? Fez essa pergunta durante todo trajeto.

Lívia saiu apressada, entrou no peito de Tonin. Graças a Deus, ele pensou.

Depois ele caiu no chão. Acordou, já não era mais um revólver. Era outra coisa, era outra... outra coisa.
 
Micro-novela: Cheirando a sexo

Três vidas em seis linhas

 
Ele nasceu, respirou; cinco segundos depois, recebeu três tiros na cabeça.

Maria casou-se com 22, aos 38 uma filha; uma 45 ceifou-lhe a vida.

Pulsos cortados; tiro no peito; 180 aspirinas. Ele completou hoje 105 anos.
 
Três vidas em seis linhas

Reservatório para onde escorrem os resíduos

 
Passar onze anos da vida numa escola, depois que sai, você fica perdido. Estou assim sem rumo.

O Lampreia, aquele filho-duma-puta cabeluda, arrumou emprego. O cara é aleijado, por isso conseguiu entrou num trampo, e agora está conseguindo tirar uma grana boa. Acho que vou meter um tiro na minha coluna.

Dizem que temos livre arbítrio. Claro que temos, podemos escolher quem será nossos pais, escolher se vamos nascer ricos, pobres, aleijados — igual o Lampreia —, podemos, até mesmo, não ter o nome de Irenaldo. É esse meu nome.

Estou defronte à porta da casa do Lampreia. Darei parabéns a ele.

A porta abre-se.

"Parabéns, Lampreia, pelo trabalho!"

Uma das coisas que eu mais admiro no mundo é a hipocrisia. Pode acreditar, meu caro, nem todos estão preparados para ouvir de tudo. A hipocrisia preserva a paz, preserva o casamento; em suma, preserva a ordem social. É isso.

Ele sorri. Pede para eu entrar. Digo: "não!"

Vou para o Centro.

Sento num dos monumentos da Praça da Rodoviária. Há vagabundo, prostituta, traficante, noiado, há uns caras com uns rodos na mão e uns detergentes; detergente porra nenhuma!, é, na verdade, uma água suja cheia de terra. Tem outro cara puxando uma carroça. E, há também aqueles que tentam escapar dessa merda toda que eu disse aí atrás. Só te digo uma coisa, meu amigo, escapam temporariamente. Estamos todos na merda, eu você, eles, Ele; enfim, todos! Penso que Deus segurou o pau dele abriu a bunda de toda humanidade e mandou porra. Mandou a semente; aí nasceu merda, eu você e eles! Ele agora de pau mole vê toda a merda que fez. De pau mole, mas feliz; e você?, está feliz? Eu não.

Acendo um cigarro. Decido matar o Lampreia. É isso.
 
Reservatório para onde escorrem os resíduos

A vida é!

 
Ele entregou o dinheiro na mão dele, depois disse: "você tem mãos bonitas, sabia?"

O rapaz sorriu e falou: "obrigado, senhor! Próximo!"

Ele não se mexeu, para a impaciência dos outros que estavam na fila.

"Eu disse que você tem mãos bonitas, sabia?", repetiu.

"Obrigado, senhor!", respondeu maquinalmente.

"Quer ganhar dinheiro?...", ele perguntou para o rapaz. Depois completou "Se quer, me procure ali! Vá até à minha mesa", disse apontando para um local no canto.

Devia ser um veadão. Só um veadão falaria aquilo! E daí? E se fosse um veadão, uma bichona que gosta de dar o cu? Foda-se, que se foda, que se foda!, ele pensou.

"Preciso ir no banheiro!", falou.

Foi ao banheiro, olhou para o espelho, notou que seu rosto assemelhava-se a dum rato, um rato de esgoto. Depois dirigiu-se à mesa. O homem, sem dizer nada, entregou-lhe um papel com o número dum telefone.

"Pode ligar a cobrar!"

Voltou para o caixa e ficou lá até às 22:00. Saiu. Pegou o celular, ligou.

"Alô!"

"Alô! Que bom que você ligou!"

"Cê é veado? É para comer o seu cu? Eu já comi o cu de muita bicha velha, bicha igual tu."

"É pra outra coisa... já ouviu falar em e, glory hole?"

"Não."

"É um lugar onde os caras colocam o pau, é um buraco. Você vai lá, meu querido, e bate uma punheta para eles. Eles vão gostar da sua mão, mão macia.", o homem disse.

"Sei não...", o rapaz disse.

"Para de palhaçada! Você ganha uma porcaria de salário naquela lanchonete. Eu te ofereço sucesso profissional. É só ir lá bater uma punheta pros caras, eles nem vão ver seu rosto e você nem vai ver o deles. Eu gostei da sua mão, eu juro que gostei e eles vão gostar também, vão gostar."

O rapaz ficou pensativo, nunca tinha comido o cu duma bicha! Havia mentido! Pensava que era necessário por moral, queria mostrar pro velhote que ele não era qualquer um. Ele precisava de dinheiro, o pai era tetraplégico, não mexia nem o cabelo da bunda. Piscava, só piscava os olhos. Recebia uma aposentadoria de merda, e ele que trabalhava na lanchonete complementava. A irmã, Cíntia, estava com AIDS, não tomava remédio nenhum, dizia que a igreja ia curar! "Curar porra nenhuma! Curar nada! Só de olhar pra ela a pessoa já ficava aidética, não precisava nem de colocar a ponta do pau no cu na boceta dela", ele pensava.

"Quanto cê vai me pagá?"

O homem disse o valor. Ele assustou, era muito, daria para alugar um apartamento, um apartamento fodido, mas já era alguma coisa. Ele poderia deixar o pai cagado na cadeira de rodas e Cíntia se fodendo naquela casa de merda. Ele aceitou.

Noutro dia, não voltou à lanchonete. Foi ao endereço combinado. Entrou numa casa. Acompanhado pelo homem, seguiu em direção a um corredor que desembocava num quarto iluminado por uma luz vermelha. As paredes do local possuíam vários buracos.

"Tá vendo?" Eles vão colocar o pau num desses buracos; aí é só bater uma."

"Tem mais alguém aqui? Alguém que também bate uma bronha pra esses caras?"

O homem não disse nada. O rapaz interpretou como "bata punheta! Bata punheta!"

Segundos depois viu quando um pênis foi inserido num dos buracos. Deu uma cuspida na mão, pegou o pênis do estranho e começou o serviço.

Saiu do local. Ao chegar em casa viu Cíntia conversando com o pastor, o Genaldo. O pai, sentado na cadeira, estava cagado. A casa cheirava a merda, merda, mijo e merda.Não falou nada, entrou no quarto. Quis cortar a mão, quis cortar o pênis, quis cortar a irmã no meio, abrir a barriga dela, ver o útero e as tripas, queria cortar o pai ver as tripas dele, enfiaria a faca devagar na barriga de ambos, enfiaria depois a faca no peito do pai e colocaria fogo nos corpos, colocaria fogo na casa e iria enfiar a faca em todos; fugiria. Ser preso? Nem fodendo, pensava.

Noite. Dia. Noite.

Foi em direção à "casa da punheta" — era o nome que ele havia dado ao lugar. Entrou no corredor, em seguida, no quarto.

Depois de fazer um cara gozar, um cliente assíduo —pensava assim pois já conseguia identificar o pau de cada um —, ele viu quando cano duma arma entrou num dos buracos. Não teve dúvidas, abriu a boca, sentiu quando o cano bateu em seus dentes; alguém queria certificar se ele realmente tinha colocado a boca ali.

Sangue, cérebro e ossos e esperma. Foi um bom tiro, um tiro preciso, um impacto forte que fez com que alma pulasse do corpo.
 
A vida é!

Vil metal

 
Segura ela, segura ela!

Talita rebatia-se no chão babando.

Geraldo olhava para a televisão. Calor da porra, pensava. Calor da porra! Que calor, puta merda! Que calor! Merda de cidade dos inferno!

Segura ela, segura ela!

Geraldo, estacado no sofá, olhava para Maria que agarrava a filha e ao mesmo tempo pedia a Deus para ajudá-la.

Filho duma égua! A filha é sua também, filho duma égua!, Maria berrava.

É o caralho! Pau no cu, sua vagabunda! Acha que eu ia botar filho em barriga de puta? Essa aí já tava no teu bucho há muito tempo!

Geraldo levantou-se enxugando o suor da testa com as costas da mão, depois olhou para Talita e disse: tá tremendo assim, babando, puxando a roupa porque falta pra ela um pinto no cu! Um pinto bem no meio do cu!

Talita debatia-se, Maria rezava, Geraldo ia de encontro à rua.

***

Valdo estava parado num posto de Gasolina. Era a primeira vez que transportava uma carga para Manaus. Lugar quente pra caralho, ele pensava, enquanto sentava-se numa mesa enferrujada. Parece que o diabo soltou um peido nesse Estado de merda, falou baixo enquanto acendia um cigarro e chamava alguém para atendê-lo.

***

Num banheiro dum bar Talita arruma o cabelo olhando para o espelho descascado. Cheiro de mijo, merda e esperma tomam conta do local.

Num aguento mais, minha buceta tá até doenu!, ela fala olhando pra Giró, que está ao lado passando batom.

Ih, minha filha, ainda bem que tu tem boceta! E eu? Eu que tenho que dar o cu? Tem dia que arde, feito como se eles tivesse passado pimenta.

Talita cai e debate-se. Giró grita.

Aldo abre a porta do banheiro.

Ah, desgraçada! Hoje eu mando essa vadia embora, essa vadia safada do caralho!

Aldo ajoelha-se perto de Talita, segura-lhe o cabelo. Como um movimento brusco joga o crânio da moça de encontro à privada.

Talita aquieta-se. Morta.

***

Alzira abre a janela, o barraco ficado o lado da casa de Geraldo. Ela olha para o Marido e fala: a menina da Maria tá possuída de novo, homi!

Tá, tá. Também, bem feito pro Geraldo. É praga de índio. Ele matou seis índio lá no garimpo, eu te falei num falei.?

Falô.

Os índio entra no corpo da menina e faz ela cuspi pra tudo quanto é lado.

Alzira faz o sinal da cruz.

Hoje sai um morte naquela desgraça lá!, Aldo fala enquanto caminha para o quarto e fecha a porta.

Vai lá, homi! Vai lá ajudar a Maria!

Ajudar bosta nenhuma! Se eu fosse o Geraldo já tinha quebrado a cara dela no meio. O Geraldo é um homi bom até demais.

***

Tu me paga uma pinga?, Talita pergunta pra Valdo.

Calor aqui, né?

Tá nada!, ela responde.

Senta aí!, Valdo aponta para uma cadeira.

Não tem cerveja!, uma voz avisa lá de dentro do bar.

Era só o que faltava, sem cerveja! Calor dos infernos, o Brasil acaba é ali ó, depois que passa de Minas Gerais, dali pra cima é tudo uma bosta sem fim, uma bosta sem fim, pensava. Deus quando mandou o diabo pro inferno falou assim: "passa ali ó, ali de Minas Gerais pra cima e solta uma cagada daquelas!". Valdo sorria, ele tinha descobrido o mistério.

O caminhoneiro joga o cigarro no chão. Um homem traz a pinga; serve uma dose para Talita e para ele.

Tu é daqui?, ele pergunta.

Sou de Manaus.

Tô indo pra Manaus!, ela fala.

É?

É.

Tu me leva?, ela fala olhando para o caminhoneiro.

Não!, Valdo responde.

Bicha, veado!, ela grita.

A garrafa de pinga vai de encontro a cabeça de Talita. Sangue escorrendo no chão. Ela cai da cadeira. Valdo levanta, em seguida corre na direção do caminhão, entra no veículo, liga o ventilador da boleia, parte correndo. Tem uma carga para entregar em Manaus.

***
Mulher se não tivesse uma buceta, não servia pra nada!, Geraldo fala, enquanto ergue o copo de pinga.

Tu é homi bom, Geraldo! Se fosse eu já tinha mandado aquela tua mulher e a filha pra merda há muito tempo.

Tem até nome santo!, um que estava perto do balcão fala.

Geraldo sorri concordando.

Santo mesmo, Geraldo, tu é santo mesmo... Ô, Geraldo, tu sabe que eu num sou de fazer intriga, porque essas coisa dá até morte. Mas, ô Geraldo, fiquei sabendo que o Nenê tá comendo a Talita.

Geraldo sai do bar mandando todos irem à merda.

***
Manaus. Quente, quente demais.

Talita olha para a mãe, aproxima-se da porta e diz: vou embora.

Pra onde?, pergunta Maria.

Não sei.

E se ele perguntar?

Fala que eu fui para o olho do cu.

A mãe não diz nada.

***

O ônibus, um vil metal quente, deambula pelas ruas de Manaus.

Ele entra.

Tem daquela de morango?, ela pergunta.

Não.

Ô, porra! Num pode vendê bala. Desce, desce!

Um coro: desce logo, merda! Desce porra! Quero ir embora! Desce!

Vou te jogar pela janela, seu bosta!, alguém grita.

É!, o coro apoia.

***

Giró aproxima-se de Talita, em seguida pergunta: tu me empresta teu vestidinho roxo e o teu sapato de salto?

Não!, ela responde.

Vadia, piranha, vagabunda! Quem te colocou aqui, hein? Safada! É assim que tu trata os amigo, sua safada, vagabunda. Tu me paga, vagabunda! Ah, Se paga!

Ele sai. Outro entra.

Quanto é?

Depende.

Anal?

É. Sem camisinha, eu quero sem.

Por mais dez eu faço.

Por mais cinco, pode ser?

Não!

Tá.

Fazem.

***

Uma cortina vermelha. Uma foto duma artista na parede. O guarda-roupa desarrumado. Cheiro de merda e mijo.

Nenê com uma corda no pescoço balança.

***

Ela disse que não ia emprestá o vestido! E falô que tá pouco se fudenu! Tá aidética a vagabunda! Tá aidética!

Olha pra mim!, ele fala apontando o dedo no rosto de Giró!

Tu acha que eu vou ficar aguentando reclamação de veado na minha cabeça?

Se quiser arrumá suas coisa e some daqui. Ninguém tá querendo comer cu de veado não.

Giró não responde; depois sai, vai para o banheiro.

Um dia passa um caminhoneiro aqui me leva, me leva, ele fala olhando para o espelho.

***

É assim mesmo! Todo mundo morre! Só que uns dão sorte! Morrem de maneira mais bonita, não é?

É

É sina, é sina.

Parece até que ele enferrujou.

Ele ou ela?

Todos.

Fecham-se os esquifes.

Todos
descem
ao
solo.
Todos.

Manaus é quente... muito quente.
 
Vil metal

Cartas do Suriname Cap. II

 
Carta 5.

Mãe, não sei se continuo com as cartas. A senhora não mandou o dinheiro, por quê? Mãe, o pai antes de viajar para cá, dentro do avião, ele me disse: “filha, quando eu morrer coloque uma peruca loira em mim, prometa que vai colocar”. Mãe, eu não tinha dinheiro para por a peruca no pai. Manda o dinheiro pelo menos para por o cabelo loiro nele. Beijos!

Carta 6.

Mãe, arrumei dinheiro com o prefeito/médico aqui da cidade. Mãe, ele arrumou uma peruca bonita para o pai. Mas uma parte do pai continua lá no quintal; explico. Eu peguei o crânio dele e coloquei a peruca, deixei em cima da mesa, o crânio. Às vezes, acho que o pai quer falar algo comigo. Ele tem um olhar tão vazio, mãe. Conta-me mais sobre esse olhar. Mãe, manda dinheiro, eu quero ir embora.

Carta 7.

Mãe, aqui no Suriname, depois que a pessoa morre ninguém elogia. A senhora acredita que um dos pastores alemães — o que não comeu o cu o do pai — entrou na casa e derrubou o crânio. A cabeça do pai quebrou, o pai morreu mãe. Mãe, meu dinheiro acaba hoje. Por isso, esta será a última carta, caso a senhora não mande o dinheiro. Tudo no Suriname é caro, mãe, tudo, tudo…
 
Cartas do Suriname Cap. II

Quiçá Deus foda tua bunda!

 
Possua-me, Deus, possua-me, Deus! Possua-me com todo o seu vigor! Encha-me, encha-me!… [10 vezes]

Porta aberta. Entrou. Ela ajoelhada, olhos esbugalhados, o buço suado. As duas mãos apontadas para o alto.

"Sete horas da manhã e aquela porra toda?", ele pensava.

Possua-me, Deus, possua-me, Deus!…

Num deu outra. E, foi com a faca de cortar carne mesmo, aquela estilo açougueiro, cujo cabo branco é da cor da nuvem donde Nosso Senhor dá as ordens. Rasgou a barriga dela e chutou o rádio.

Preso. 12 anos de cadeia.

Antes dele chegar ao presídio, Montoia — o agente penitenciário — contactou os pastores, isto é, os detentos que fazem o diabo ter vergonha de suas puerilidades.

Montoia: Tá chegando um cara aí, bicho, que eu vou te contar, viu…
Pastor Jó: O quê que ele fez?
Montoia (a dar uma risadinha de malandro): Um menagi a truá com uma irmã.
Pastor Jó: Que porra é essa?
Montoia (fazendo o movimento de cópula): Assim, matou uma irmã que tava rezando, aí ele sodomizou Jesus e a irmã! Um surubão!
Pastor Jó (gesticulando): Sodomizou?
Montoia: É, meu amigo!, é! Comeu o cu dela e de Deus, entendeu?, pegou o pau assim, ó (juntou o indicador com o polegar, e com o indicador doutra mão inseriu no circulo que formara), coisa de louco! (daí contou a história completa).
Pastor Jó: Tá fodido!

Chegou ao presídio. Dir-se-ia que uma inquisição luterana o esperava. Curraram-lhe de 20 maneiras diferentes, um Kama Sutra à Calvino.

No cárcere, com o cu inchado, costurava bolas que ninguém usava. Devido a isso saiu mais rápido da prisão. Não preciso mencionar que ele ficou sendo obreiro da Igreja do presídio Santa Rita. A tarefa era soltar a rabiola para a rapaziada, os irmãos. Mas, um dia, saiu.

Vagou a tarde inteira. No final da noite entrou num boteco, pediu um cigarro, conseguiu. Sentou-se num meio-fio, olhava as pessoas saindo do trabalho. Seu olhar ia em direcção às nádegas dos transeuntes. Imagina que cada um carregava um cu fedorento, um cu que deambulava, um cu que carregava a podridão. O ser humano já nascia podre. Era isso.

Apagou o cigarro, deitou no meio-fio. Nada de poético ocorreu com nosso herói! A história? Interrompamo-na, agora, aqui!
 
Quiçá Deus foda tua bunda!