Ausência
Abraço a doce saudade,
Do teu extasiante sol poente em mim...
Ofusco-me nas centelhas de prazer
Que as tuas ousadias lançam ao céu
E seduzo-te no planeta das emoções,
Na galáxia da minha paixão!
Estrelas reluzem e cintilam no teu toque,
A pele da minha alma suspira
Ao compasso da voz do teu amor em mim,
Qual reflexo da essência do tempo!
Copio uma fantasia
Lida nas estrelas
Que espalhaste no céu do meu desejo...
Despes-me em carícias enfeitadas de lírios brancos
Enlaçadas na luz dos teus dedos
E nascem no meu corpo
As mãos da tua alma...
Acaricias-me em conquistas mágicas
De encantamento e perdição...
Caminho ao encontro da minha ilusão
E encontro-te dentro de mim!
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Solidão
Nas brumas do tempo,
Incontornável espaço,
Me desatino no desatino de nós!
Nas inconstâncias do vento,
Incontornável suspiro,
Me desafio no desafio da vida!
Nas buscas de sol,
Incontornável luz,
Me derreto no desfazer do frio em nós!
E na ausência de um mundo em ti,
A solidão de uma vida …
Choro-te a lonjura
E o tempo sem tempo…
Posse
Visto-me na sumptuosidade da Lua
Com tecidos de sombra e loucura!
Solto convites surdos,
Caprichos fantasiosos
De secretos anseios...
Pego fogo à pira das emoções
Na sede de te querer,
Na fome de te possuir...
Penso-te no arrepio da minha pele,
Possuo-te no desassossego da minha saudade invertida!
Gotículas de prazeres mútuos fogem de nós,
Instalam-se na distância,
Unem-se para lá das imposições.
Sinto o meu amplexo fluir sobre ti,
As bocas sofridas,
Entreabertos,
Os lábios gritam no instante sublime
Do prazer consumado...
Na minha alienada cegueira,
A inquietação da tua ausência esbateu-se
E ,na tentação dos sentidos,
Contemplei-te através das doces carícias que te entreguei,
Da união que projectei além de nós!
Silêncio adormecido
Na vertigem das manhãs de prata,
Proibe-se a harmonia dos seres,
As gotas de maresia evaporam-se
E choram chuva sobre a cidade...
E na terra explodindo sombras,
A dor inunda o espanto perante o nada,
A lava que a brisa não arrefece
Palpita no coração perdido...
E floresce o silêncio adormecido!
Para sempre
No vazio de tudo,
Na presença de nada,
Pouso os lábios no vento,
Acaricio almas desconhecidas,
Partilho a paixão de abraços intempestivos...
No orvalho da madrugada,
No coração que pula estrangulado,
Sinto-me surda e loucamente incapaz,
Perante beijos inusitados de folhas molhadas,
Em uniões radiosas de bocas doces mas aprisionadas...
Em diademas de sonhos impossíveis,
Cinjo a coroa do amor perdido,
Brando o ceptro da saudade!
Assimilo-te numa fantasia...
Meu para sempre...
Eco
Num cosmo de contradições,
Numa contagem inexistente,
Sou tua...
Em cada suspiro,
Em cada enleio,
Escapo-me para ti,
Braços desentendidos,
Incertamente te buscando...
O teu toque adoça-me,
Entranha-se-me na dor
E patenteia a evidência
Inutilmente guardada...
Na minha intimidade!
Interrogo-me,
E a minha alma,
Essa ingénua devassa,
Nada me responde!
Impiedosa,
Devolve-me o eco das minhas perguntas,
E amplifica as tuas palavras!
E o mundo ao meu redor
Pactua contigo,
Repete-te a cada segundo desta eternidade!
Saudade
Abro os braços à noite,
Ao alvoroço sufocante
Da minha pele passeando em ti...
Estendo as asas da saudade,
E liberto o carinho com que te enlaço!
Prendo-te no fio de seda que solto do meu abraço
A caminho de nós...
Roço-te o ventre com a língua do pensamento
Impulsionando o teu aroma
Para os beirais do meu desejo...
Desvendo-te gotas de prazer
Escorrendo em mim
E desfruto-as no feitiço das minhas palavras!
Sugo-te o fulgor da alma
Suspensa nos lábios
E beijo cada pingo de mel
Que se te afunda na pele!
Cheiro o calor da tua paixão
Queimando a minha voz
E envolvo-te no vazio da saudade!
Sucumbo à ternura inflamada...
E fujo de mim!
Abraço de sol e mar
Perco-me entre ti e mim,
Equilibro-me no indizível
E despenho-me no incontestável...
Reinvento-me no calor do sol
E no azul do mar,
Em abraços de luz!
Doem-me os braços que te não rodeiam,
Choro-te na saudade que não muda,
No amor que me não tens,
Nos caminhos desconhecidos,
Apetecidos,
Que não trilhei!
Despem-me os dedos do sol,
Acariciam-me as ondas do mar,
Embala-me o marulhar doce,
Espuma desfazendo-se na minha pele,
Sequiosa de água e luz
Que acorda cada amanhecer!
Entreabrem-se lábios doces,
Estendem-se braços ansiosos,
Distendem-se músculos tensos!...
És em mim sabor que espero,
Amálgama de segredos e paixão,
Gravado nas linhas do destino!
Vem!
Aperta-me no teu sonho,
Desperta-me no teu desejo!
Abraça-me!
Quero colher,
Na imensidão do sonho,
Teu abraço de sol e mar!
Encho-me de palavras
Encho-me de palavras até afogar a dor,
Prendo os soluços ao esteio da alma
E esqueço-me de mim...
Guardo as mágoas,
Espero além do infinito,
E sobrevoo a eternidade
Espreitando a janela da tua alma...
Voam-me verdes enganos sobre a cabeça,
Poisam-me asas de ilusão sobre os ombros...
Vem, no teu sorriso puro,
Girar o meu mundo adormecido!
Vem, na alvura da tua luz,
Iluminar a minha alma!
Vem, na prisão do teu desdém,
Esconder a fúria do meu assombro!
Mãos
Voltei ao sonho...
Aos teus braços de seda e lua...
Procuro-te numa noite a dois,
Em mim,
Dentro de nós!
No silêncio dos corpos unidos,
No tempo de além tempo,
Encontro-te em cada palavra,
Em cada gemido da alma que me possui!
Perdura-me nos dedos
O cheiro da tua boca,
Nos lábios,
A doçura da tua saliva,
No ventre,
A ânsia partilhada,
O enleio,
A tormenta,
O querer igualado
Na razão perdida,
Numa memória de mãos,
Percorrendo-me!