Poemas, frases e mensagens de zedaesquina

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de zedaesquina

Mulheres...

 
Eh mulheres fanáticas de poemas lusos
Damas dengosas, de lisonja pronta
Deixem-se de rodeios, pensamentos obtusos
Se é homem que querem, estou eu aqui!

Carrego as compras e pago a conta…
E levo os meninos à escola, nas horas de ponta.
Ao sábado vou ao El Corte Ingles e fico a secar, ali…
Ao fim do dia, compro o jantar, quando estão cansadas…
Vocês? ficam em casa a ver novelas… sentadas.

Sou assim como um cavaleiro andante
Que depois de servir, bajula a dama.
E na hora de dormir, de ir prá cama,
Chama a donzela em tom galante:

Se queres sexo, já podes vir,
Se não quiseres, vamos dormir…

Não sonhem mais, sua galdérias!
Sou talvez mordomo, não masoquista,
de desocupadas, a sonhar conquistas,
que em poemas fáceis carpem misérias…
 
Mulheres...

Guloso

 
De repente bate uma tristeza,
Minh´ alma derrama-se no chão.
Fico em baixo…
Devo estar doente, com certeza.
Acende em mim o medo, como um facho.

Procuro, tem de haver uma solução;

Esquecer o passado de uma vez,
Criar pr´ó futuro novo alento,
Ir pr´á rua e sentir o vento,
ou fazer outra coisa, mas que dê gozo;
Comer um chocolate, talvez.

É assim, a artimanha de um guloso…
 
Guloso

Baptizado

 
Revolvo insónia, é madrugada,
há dois que lutam em mim.
Travam razões, luta empolgada.
Já de manhã a luta acaba, até que enfim!

Fico a cismar no que venceu
E pergunto a mim mesmo qual deles sou eu.

Mas pronto, é de fato preto
que vou ao baptizado de meu neto.
 
Baptizado

na hora da morte

 
Eu queria ser católico, chamar o padre na hora da morte.
Rosto cavado, mão suave, sem calos, afagava-me dizendo:
Estás perdoado. Que sorte!

E desfaziam-se meus pecados,
Abandonavam o corpo
Saindo pelas pontas dos dedos, aos bocados,
Suavemente, exalando um sopro.
E sentia-me pasmado, feliz, sereno,
no gozo deste leito de morte terreno.

Mas não sou católico, por vaidade!
E vejo os milhões de células, diabinhos
a lutar p’ra viverem em meu corpo, que mesquinhos!
Uns mandam-me à sopa e ao pão, querem manjar…
Outros, sujos e pesados, querem latrina, cagar.

Sinistra realidade!

Sou escravo, cumpro ordens, bem vejo,
de quem comanda meu desejo,
de ser feliz, de dançar e de beber.
E se o que sinto é amor
é que me mandam foder.

Até lhes tenho rancor!

Poetas e artistas rimam que a vida é bela
Não entendo esse rimar.
Se calhar estou farto dela.
Mais belos são montes, rios e ventos,
esses não querem nada, são serenos.
É n´eles que quero estar.

Portanto sosseguem, putas matreiras,
Aqui não há padres nem boas maneiras,
Para onde for vêm comigo.

Nem morrer em paz consigo!
 
na hora da morte

Quem manda aqui não sou eu

 
Meu querido, tens de acordar

Três diabinhos lutam dentro do meu ser
Um quer que eu leve a criança à ama
Outro quer que eu fique mais um pouco na cama
Outro, que me levante, há muita coisa p’ra fazer!

Sofro pressões a toda a hora, sem parar…
Fico impotente, curioso de quem vai ganhar.

O primeiro insiste, és um pai desnaturado
O segundo: espera um pouco, estás cansado!
O terceiro, o moralista, não me larga: és preguiçoso!
(faz subir-me o sangue à cabeça, de tão rançoso!)

Ganha o primeiro. É o mais forte, grande sacana…
E eu estremeço a espreguiçar-me, e salto da cama!
Meu querido, tens de acordar, vamos prá ama!
 
Quem manda aqui não sou eu

Na hora da morte II

 
Eu queria ser católico pra rogar a Nossa Senhora
Que me acuda nesta hora.

Minha vida está pr’um fio, falta-me o ar.
Minha carne está revolta, não consigo respirar.
Ardo em febre, ai de mim que vou ao fundo,
já me sinto a chegar a outro mundo.

Roga por mim, Mãe Santa dos aflitos,
ao criador que sempre ouviu meus ais e gritos.
Que eu sinta a brandura de teu amplexo, de teu amor.
Acalma meu ser, alivia minha dor…

Mas não sou católico, me lembro agora…
só posso valer-me da razão,
e imploro à minha carne, a meu sangue, sem demora
que sigam as leis da criação

Hé células, aminoácidos, membranas, cartilagens!
Não vos deixeis derrotar, expulsai venenos, micróbios inimigos!
Lembrai-vos dos ensinamentos herdados, de vossos códigos antigos!
Vamos viver, não vamos morrer nestas paragens…
 
Na hora da morte II

Quanto mais ignorante, mais livre

 
Não quero saber o mundo como é feito.
Não quero saber aquilo que é, como acontece.
Saber, é domar o coração no meu peito.
Ignorar é ser livre,
e fazer só o que me apetece.
 
Quanto mais ignorante, mais livre

O meu diário

 
Ao cair da noite, é terrível,
Que fiz eu hoje?, não fiz nada!
Mais uma nódoa indelével
Na minha alma enganada…

Se meus actos não merecem
Ser escritos em vil diário,
É porque sou um otário
É porque mereço desdém!

Ou então é minha ambição
De querer louros, glória!
Ser mais que um simples cidadão
Ser adulado, passar à história!
 
O meu diário

Homens...

 
Eh homens fanáticos de poemas lusos
Machos só por fora, de lisonja pronta
Deixem-se de rodeios, pensamentos obtusos
Se é mulher que querem, estou eu aqui!

Carrego as compras e pago a conta…
E levo os meninos à escola, nas horas de ponta.
Ao sábado vou ao Estádio e fico a secar, ali…
Ao fim do dia, compro o jantar, porque estão cansados…
Vocês? ficam em casa a ver futebol, sentados.

Sou assim como uma diva andante
Que só para o servir se entrega e ama.
E na hora de dormir, de ir prá cama,
Chama o senhor, dengosa, a sorrir:

Se queres sexo, já podes vir,
Se não quiseres, vamos dormir.

Não sonhem mais, seus pederastas!
Sou talvez criada, não masoquista,
de desocupados vaidosos, a sonhar conquistas,
que em poemas fáceis limam arestas.
 
Homens...

TVI

 
A beiçolas da TVI
Quer ir atrás do marido
Ir a banhos, sair dali.
Sem ele tudo é diferente
Embora ela jure que não
O que quer é indemnização
Quem mais jura mais mente…
 
TVI

Masturbação

 
Não há prazer mais intenso
Que o de uma boa masturbação
Sentir a ternura, o calor imenso
Invadindo meu coração.

Meu corpo em brasa pressente
O fragor da explosão derradeira
E o teu, meu amor, o que sente?
Quanto lutas à tua maneira?

Quem diz que o amor sexo é fusão
Mente com todos os dentes
Sexo é luta de dementes
0 resto é só presunção!
 
Masturbação

O meu filho

 
Eu quero ter um filho homem, que seja macho
Que tenha pele alva e olhos azuis, de arrasar.
Quero que seja o atleta que transporta o facho,
E que destrua os corações, por onde passar.

Quero que seja banqueiro ou general,
e se for futebolista também não faz mal.
Já professor não quero, ficava mal visto,
Deus me livre ser pai, de algum anti-cristo.

Doutor, faça um trabalho de qualidade suprema…
Tome lá o frasco que contém o meu esperma.
 
O meu filho

Angústia existencial

 
Feed-back de realimentação positiva,
dos ácidos, aminoácidos, proteínas.
Fechados em células, ou à deriva,
a regularem para que não cresça a mais,
a regularem para que não cresça a menos,
a regularem para que seja assim.

E eu, assisto impotente a este frenesim...

Hé-lá açucares, compostos de carbono, adrenalina.
Guiados por algoritmo incorpóreo, cego, oculto.
Deixem de regular a minha sorte,
em tropel, falsa desordem, tumulto...
E de gerir minhas dores, meus amores, meus ais.

Se isto é a vida, eu quero a morte !

Ao menos, os ácidos neutralizam as bases; dão sais, que sorte!... ha ha ha
 
Angústia existencial

Preguiça

 
Amanhã eu faço, hoje não tenho alento!
O sol vai alto sobre os telhados.
Gatos lânguidos dormem, afortunados.
Andorinhas esvoaçam em bailados.
Não me façam mexer, senão rebento!

Amanhã sim, podem estar certos, prometo.
Vou cuidar de meu cabelo desordenado.
Vou à praça, vou escrever-lhe, e ao mercado.
Tanto tempo sem notícias o coitado!
Amanhã é que é, vou mexer o meu esqueleto!

Mas hoje não, corro a cortina, fico quieto!
 
Preguiça

25 de Abril

 
A vinte e cinco d’ Abril fui jantar com uns amigos
tudo gente da minha criação.
Lembrámos lutas, amores, sonhos antigos,
muitos destes que, talvez, quero esquecer.
Mas falou mais alto a tradição,
a vida é assim, que hei-de eu fazer.

Pró ano não vou lá, vocês vão ver!
 
25 de Abril

No futuro

 
Tudo do futuro são sonhos.
O real só existe no passado,
no que aconteceu realmente.
Sei que é assim, e estou cansado.

Só promete o futuro quem mente…

Enganam-me os teus olhos risonhos.
Teus feitiços oblongos de serpente.
Prometem pr´ amanhã o que eu quero agora,
que é beijar teus lábios como um demente.

Ou então fico aqui, não me vou embora…
 
No futuro

Vertigem

 
Vertigem

Que estranha sensação, não sabia como explicar…
Era como se uma grua celeste tivesse vindo, na vertical,
e a tivesse ajudado a transportar o saco pelo quintal…
Prostrou-se em êxtase, olhos em alvo no céu a rezar,
e sucumbiu… vazia no ar, diáfana, nua…

Quando acordou é que viu que era um guindaste do outro lado do muro, na rua.
 
Vertigem

Uma bica, cheia

 
De tanto esperar, a bica arrefeceu
De esperar ainda mais, acabou por secar,
e a chávena jaz inerte no mármore frio da minha mesa.
Símbolo da amizade perdida.

A Vida é sermos obrigados a descer este rápido,
sempre atentos à distância às margens,
Sempre com receio de encalhar.

E, ainda assim, apreciamos os arvoredos ao longe.
E o espelho das águas calmas que por momentos acontece.
E as novidades das montras do El Corte Inglês.
E a vitória inesperada no futebol.

E continuamos a dizer, distraidamente:
Uma bica, por favor, cheia.
 
Uma bica, cheia

O outro eu

 
Como são enigmáticas e estranhas
as relações que mantenho comigo mesmo.
Essas a que a toda a hora me empenho,
dentro de meu corpo, minhas entranhas!

Discuto comigo próprio e argumento,
como se um outro estivesse aqui,
a julgar as intenções e os sentimentos dentro de mim.
Sem me dar trégua, a todo momento!

Quem é esse outro, que não sou eu?
De aonde vem ele, de onde nasceu?
Seremos irmãos, os dois, um do outro?
É que só descansamos quando chegamos a acordo!

No cérebro humano a decisão acontece com a vitória de um eu sobre os outros eus que existem no Homem.
 
O outro eu