DOCE ILUSÃO
DOCE ILUSÃO
Ilusionado coração, por quem esperas?
Quer viver doce paixão,
Não te abate a solidão,
Busca com sofreguidão,
Mesmo que sejam quimeras,
As promessas que ouvistes
E que louco perseguistes
De sonhar jamais desistes
Teus temores os superas.
Bate forte, compassado
E na luta, qual soldado
Em batalhas derrotado
Vence a guerra na insistência
E conquista a complacência
Do Universo a iminência
De tornar realizado
Doce sonho, só pensado
Mas possível ser sonhado.
QUE FALEM AS FLORES !
QUE FALEM AS FLORES !
Que falem as flores!
Que cativam os sentidos,
Que inspiram, sem pudores,
Romances sequer consentidos,
Que denunciam amores,
Aqueles que levam poetas
A falar de suas dores
E que se servem da pena,
Tal qual pintor numa tela,
Ao retratar as ninféias
Em seu lago de aquarela,
Pra descrever o encanto,
Todo seu deslumbramento
Pelo amor que no momento
Não pode ser declarado
Mas que nas cores, matizes,
Na beleza dessas flores
Que levam poetas, pintores
Sua paixão externar,
Declarem, nas entrelinhas,
O amor que se advinha
Que os impele a criar.
CHORAVA POR QUE NÃO TINHA SAPATOS...
CHORAVA POR QUE NÃO TINHA SAPATOS...
Vem do céu a lição que nos ensina
Superar nossas tragédias costumeiras
Sem perder a esperança que anima
E tentar viver melhor de outra maneira.
Se olharmos para nossos semelhantes
E pudermos ver a dor que os golpeia
Essa é a chance que o Universo propicia
Aprendermos com o forte que guerreia.
Quantas dores são maiores que as nossas
Mesmo assim não desistem da aventura
De querer tirar da vida que os consome
A coragem de vivê-la com bravura.
São milhares que caminham pés descalços
E lamentam sua sina por revés
Mas são muitos que encontram em seu caminho
Os que lutam apesar de não ter pés.
FOGUEIRA DAS VAIDADES
FOGUEIRA DAS VAIDADES
A vida é feita de questionamentos.
Do que sei o que posso.
Do que devo, me apercebo?
Para quem e porque num impulso escrevo?
Me vem a vontade e as palavras fluem.
Uso da métrica e rima que me soam pobres.
Me preocupa a forma, a ousadia,
Mas, fora a cisma, as idéias me parecem nobres.
Porque o faço?
É o meu ego procurando eco,
Ou o que escrevo traz à alguém um certo alento?
Falo de amor, de alegria e sofrimento.
No mais das vezes, de paixão, deslumbramento.
Se sou provida de razão e sentimento,
Quero, por mote, propagar a esperança.
Se conseguir compartilhar o pensamento,
Que eu possa, então, fazer da pena instrumento.
LOUCURA
LOUCURA
Amar é uma grande loucura.
Vai-se em busca do prazer,
Do fazer acontecer,
No tempo que nos é dado,
Malgrado a nossa sorte,
Toda nossa desventura,
Os sonhos que arquitetamos,
Driblando o nosso fado,
Subjugados à ordem,
Aos planos por outros traçados,
Que controlam o desejo
E exigem sanidade,
Como se o que nos comanda
Não fosse a nossa demência
E a nossa impertinência
Em querer, sem sofrer dor,
Vivermos um grande amor.
ANSEIO
ANSEIO
Te procuro não te encontro meu amado.
Se por sina ver-me só fui conjurada,
Que não seja a eternidade meu legado
De chorar a tua ausência pranteada
No anseio do amor tão esperado.
Quantas vidas te busquei apaixonada
Quero agora o sentimento protelado
Pois minh'alma busca em versos desvairada
Penitente redimir o seu pecado.
AMOR DE PERDIÇÃO
AMOR DE PERDIÇÃO
Perder-se de si mesmo.
Quem controla o coração?
É um estar ausente de sentido.
É um sofrer calado comovido.
É um sentir intenso mas contido.
É viver do amor a perdição.
Do tempo perde-se a noção.
Na ausência, minutos parecem horas
E a alma agita e o coração implora.
Na presença, do tempo a sensação
De que voa ligeiro e se faz mensageiro
Da insensatez da mente, do amor impertinente
Que exaure e maltrata quem dele é companheiro
E se entrega por inteiro a esse amor sem perdão.
BOLERO DE RAVEL
BOLERO DE RAVEL
Calmo e envolvente.
Começa assim.
Vem dolente.
Vem aos poucos;se apodera.
Fecho os olhos. Eu silente.
Ele impera.
Abandono o ambiente.
Eu flutuo. É lascivo.
Me permito essa viagem.
Me entrego à miragem.
Já não quero ser cativo.
Vai num crescendo a euforia.
O coração descompassa.
O som é forte.
Encoraja.
Arrebata, me alivia.
Acompanho a cadência.
Estrondosa melodia
Entra em mim, esvazia
A tristeza que perpassa.
Abro os olhos. Eu silente.
Já não sinto sua ausência.
SEDUÇÃO
SEDUÇÃO
Penso que o que me seduz
Seduz os que são viventes:
Viver bem e plenamente
A vida que se apresenta
Sempre a mesma e diferente
A cada manhã que inicia
E propõe um novo dia
Àquele que esteja atento
E aberto ao sentimento
De que se pode mudar:
Ter mais luz, discernimento
À cada acontecimento
Que no caminho encontrar
Ser o mesmo e diferente
Já que a vida da gente
È um eterno sonhar!
ENCONTROS
ENCONTROS
Como se dão os encontros?
Serão meros acasos ou buscas apaixonadas?
Sentir-se só de si mesmo
Traz uma angústia velada
É possível esse encontro
De uma alma ensimesmada?
Parece o caminho certeiro
Para ver-se revelada
Buscar ouvir no silêncio
A emoção desejada
A vontade, o saber-se
Sem deixar que tudo ou nada
Contrarie esse desejo
Essa paixão aflorada
Não deixando ao acaso
Tão importante jornada
Essa busca do encontro
Da alma com sua amada!