Poemas, frases e mensagens de Raul Los Dias

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Raul Los Dias

TUA AUSÊNCIA ME DESALINHA

 
o meu certo é um desacerto
o teu torto era o meu conserto

a minha determinação se esvai
no desalinho do teu pensamento

o meu ponto de vista exato é nada
diante da tua improvisação

a matemática do pensamento
é pouco é nada frente à tua emoção

meus nós são sozinho e soturnos
diante do sol da tua presença

a tua ausência inquieta e desalinha
e o meu caminho se entorta

minha rota minha bússola embriaga-se
e navego na contradição
 
TUA AUSÊNCIA ME DESALINHA

AINDA TROPEÇO NAS TUAS MARCAS

 
Suas marcas estão lá
Ainda tropeço nelas
Suas atitudes bruscas
Sua meia lua e um sol inteiro
Seu sorriso seu brilho
Único lume
Que ainda fresta meus escuros
Sua boca seu gosto
Seu rosto seus cabelos
Suas digitais
Ainda marcam meu corpo
Suas manias
Suas mentiras curtas
Aquelas manias tolas
Suas alegrias e molecagens
Ainda alentam-me
Seus seios
Seus meios
Ainda alimentam meu imaginário
Seu mundo confuso
As dívidas os traumas
As tramas
Você nua na cama
Seu calor seu corpo gostoso
Seus murmúrios
Seus gozos
Ainda me atordoam na noite
Seus papéis
Rascunhos
As gavetas confusas
Suas marcas ainda estão lá
E tropeço nelas
Toda hora te busco
Pego no telefone e desisto
Me toco
Resisto e calo-me
Na minha razão
Na minha rima
Cumpro sina e destino
Linhas transversais incertas e desvios
Caminhos tortos que nos levam
E depois nos abandonam o coração
 
AINDA TROPEÇO NAS TUAS MARCAS

UM COPO D'ÁGUA, URGENTE!

 
"traga-me um copo d'água eu tenho
sede e essa sede pode me matar"
(Dominguinhos)

Estou ficando louco/ estou ficando pouco/ daqui a momentos eu sumo/ já estou sem rumo/ talvez vire poeira e vá ventania/ talvez vire frangalho/ areia/ e acabe na praia.

Saio por ai/ sem violão/ sem tamborim/ em toda casa eu bato/ toda viela eu entro/ em todo gueto eu grito/ em toda roda eu paro e desafino o samba/ no seu encalço eu fico.

Se te ligo meu telefone fica sem linha/ te conecto e minha telepatia falha/ se bato tambor/ meu coração desanda/ se te mando sinais de fumaça você acho que é nuvem que é chuva

Se te mando poemas eles não rimam/ minha canção destoa/ minha prosa não te agrada/ minha estrada virou vereda/ desvio/ meu rio é o Tietê/ afasta-se do mar/ sem ti falta ar.

Assim eu fico sem tino/ desando/ e nem Freud dá jeito/ por isso te peço não me perca/ me acene/ me chame/ inflame/ me leve contigo pra fogueira/ me ame/ me leva pra praia

Se você quiser vou até aí/ seja no campo/ na roça/ na cidade/ solto rojões/ faço o alarde/vá logo me ache/ saia da caverna/ do casulo/ não me deixe bobo/ solto feito pipa no ar.

Estou árido/ sou deserto/ eu tenho sede/ faltam nuvens/ falta água/ tua boca pra beijar/ quero-te oásis/ o édem do teu olhar/ o úmido do seu corpo/ um copo d'água por favor.
 
UM COPO D'ÁGUA, URGENTE!

JÁ ESTAVA FERIDO DE AMOR

 
Quebrei os copos,
esmurrei os cacos
e não senti nada.
Já estava ferido de amor.

Bebi todas,
arrumei intriga, brigas,
me feri, rompi, matei
Já estava bêbado de amor.

Fui preso, paguei caro,
perdi tempo, vida,
me fodi todo.
Já estava fadado ao amor
 
JÁ ESTAVA FERIDO DE AMOR

VOCÊ POR LONGO TEMPO

 
quero você
e não é para hoje
não é um pouco
quero o instante todo
da gênesis ao apocalipse
quero você
por longo tempo
até que se gaste
ao máximo
e não gasta-se o amor
eu sei
por mais que se use
quero que abuse
do meu corpo
que fique
quero fincar-me no seu íntimo
como nunca antes
que me faça seu
que sinta-se bem
sempre
que possível
comigo
quero correr perigo
contigo
ou viver no sossego
quero você
e isso me basta
e se no fim do caminho
o seu carinho
for tudo
é certo
isso nunca será pouco
é o que me basta
mesmo sonhando
com todas as conquistas
e glórias
tudo será nada
sem você ao lado
é o que acho
é o que vislumbro
seu abraço
seu cheiro
seu perfume
seu colo
sua intimidade
porto e mar
onde me finco e onde navego
 
VOCÊ POR LONGO TEMPO

A POESIA HIBERNA

 
Deixa mudar a lua
Cair a chuva
Soprar o vento
Vir as flores
Que a poesia hiberne
Que as folhas caem
Que os dias nublem
Que venha o inverno
E tudo se cale
Que o cadáver desça
E tudo seja lápide
Que os céus desabem
E o resto se mude

Que o pano caia
O público saia
A casa fique vazia
Nenhum burburinho
No quintal
Na sala
As crianças durmam
Os velhos chorem
Que as borboletas lagartem
Nos casulos

A neblina que caia
A inundação que tome
Que a vida se lave
Se neve
Que haja saída
Que o novo depois raie
E o horizonte se aclare
Na hora certa
No tempo medido
Que se salvem os feridos
Que o arreio se parta
E quem sabe
A poesia retorne
Que retome a jornada
Que as flores abram-se
Os perdões brotem
As mágoas cessem
E tudo se ache
 
A POESIA HIBERNA

AMOR QUE É AMOR SE DÁ E NÃO QUER TROCO

 
No amor a moeda deve ser a compreensão
Sem o troco da mágoa e do rancor
Sem aquele dinheiro miúdo da agressão
No amor não há troco
Há troca/ permuta/ entrega
Contenda sem vencedor
O amor que é amor resulta soma
Um embate que completa
Uma luta sã/ um afã/ entrega
Um leva e trás profícuo/ são
Não há dano não há dono/ disputa
É uma corrida sem podium
Sem troféu/ sem medalha
Amor que é amor se dá e não quer troco

poetry.poesia@hotmail.com
 
AMOR QUE É AMOR SE DÁ E NÃO QUER TROCO

MÚSICA PRA TE TER

 
Música pra te ter/ pra te dar
Pra te trazer pra perto
Pra te trazer pra junto
Música pra fazer contato/ tocar você
Pra te acordar/ e te fazer dormir
Pra te deixar tranqüila
Pra rumar contigo
Pra alisar o umbigo
Pra te dizer baixinho
Pra falar ao ouvido: Amor
Música pra te abrir o riso
Te dizer: Preciso
Pra caminhar contigo
Pra te dar a mão
Passear na praça
Acompanhar teu passo
Fazer um fundo
Enquanto faz amor comigo
 
MÚSICA PRA TE TER

ESSE AMOR É O CONTRÁRIO DA DOR E DÓI

 
Esse amor me dói
Me corrói
É uma droga
Uma coca-cola
Que saboreio no deserto

Esse amor me abre janelas
E fecha portas
Me entorta
E descabela
Não dá trela ao coração

Esse amor é me joga no chão
E me põe no alto
Me faz dar salto
E ficar na moita
Na muda, sem onda

Essa amor é o inverso da dor
Mas dói
 
ESSE AMOR É O CONTRÁRIO DA DOR E DÓI

UMA CANÇÃO DE DESPEDIDA E RETORNO

 
Nosso amor pelas ruas da serra
Pelas quinas do muro
Pelas ruas desertas
Nos semáforos apressados
Está marcado nas minhas retinas
Para sempre, não descola mais.
O seu cheiro doce
Sua boca molhada
Seu corpo forte, sua pele, seu toque...
Os perigos do risco de apenas andar abraçados pelas ruas da cidade.
Que mundo é esse que nos separa?
Nos dividindo ao meio e determinando nossa sina.
Esses preceitos rígidos
De repente (um pouco) quebrados.

Nosso amor relâmpago
No banco do carro
Os beijos no restaurante
A sua roupa de classe
Seu porte elegante
A compra no mercado
Nosso amor ao volante
Os faróis ultrapassados
O passado sempre presente
E a ameaça de um futuro juntos
Pensado, truncado, sufocado
Nesse caminho para o trabalho
Nesse percurso, nosso carinho

Nosso amor de repente
Um flash, um raio capturado
Um sonho alado
Toda hora abatido pelo passado
Pelo presente
Um futuro à frente sempre ameaçado
Um amor pendurado no abismo
Como uma mão pedindo socorro
Um grito calado
Tudo isso ficou e está marcado
como tatuagem interna, que queima
E tudo está escrito nas baladas de Ana Carolina
No CD que me deu do Roberto Carlos
Naquela seleção de fados
Na canção da Tete Espíndola
Nossos gostos misturados
Isso e muito mais sempre tocarão em alarde
mesmo com o rádio desligado. Eu sei.

Nosso amor gritou no abismo
e ecoará no meu peito
Agora e depois
a despeito de qualquer desaponto, desconto, atraso...
Ficou com crédito e saldo intenso
Eu sei que sou o torto não por acaso,
que poderia não ter tentado
Ficado na minha
Deixado tudo certo, no errado
Mas meu coração foi na frente
Perdi o comando
Fiquei todo ferido, confesso, descompassado
Não teve jeito
A fissura foi larga
Mas também tenho pedras no fundo
Resisto (eu acho)
Mas não pense que estou caindo fora,
ou desistindo...

O nosso amor é lindo
Você faz parte de mim (um pouco) poderia ser todo (toda),
mesmo que tenhamos ido só até a primeira curva da estrada, não tenho dúvida.
Mesmo sob a tempestade,
tudo fechado e eu esteja meio sem sentido
Sentido, ferido
Mas nada que não se conserte
Com uma sutura
Ou um transplante...
Mas já sinto a falta dos seus torpedos
na madrugada
Suas ligações ao meio dia
Nossos risos, seu olhar de soslaio. Raio que me fulminou e fulmina, sempre.
Se eu chorar, te garanto
Ninguém verá
Você é meu secreto mais bem guardado
e será...

Nosso amor foi diferente
Quente
Querido e gostoso e me feriu rente
Teve gosto de alho
Pizza de gorgonzola
Aquela cerveja preta na noite
O sushi, e o primeiro beijo quente
no meio da tarde
Você não sabe, mas ainda me arde e queima por dentro
a mordida no cangote
o chocolate naquela manhã de domingo.
Eu perdido no trânsito,
sem endereço e sem saída, de repente.

Entenda!
isso não é uma despedida, nem desistência
Estou quase inteiro (eu acho)
Mas não vou ser "o chato" e insistente
Se achar que ainda valo algo, me liga que eu te acho.
 
UMA CANÇÃO DE DESPEDIDA E RETORNO

ENTÃO A GENTE FAZ ASSIM

 
ENTÃO A GENTE FAZ ASSIM

então a gente faz assim:
você vem e eu vou
a gente se cruza nesse caminho
carinho
neste vôo

então a gente vai assim:
você vento e eu asas
você me leva
eu leve
me dou

então a gente chega assim:
você vento
eu vôo
você porto
eu pouso
 
ENTÃO A GENTE FAZ ASSIM

PÁGINA REVIRADA

 
Você não sabe o quanto me destelha
Agora tudo me chove e orvalha
Até meu sonho se molha
E quando acordo
Preciso nadar pra sair na praia

- Talvez tudo tenha sido só poemas
Letras retas num caminho transverso -
Desejo de sexo
Espelho/ reflexo
Ao me dizer isto você me derruba
assim tira-me o pote na última gota
Tira-me a sede a um metro da água

Deixa-me na mágoa, na praia, no porto
Um tonto a ver navios
 
PÁGINA REVIRADA

AMAR É UM VELHO MENINO SALTANDO NO ESCURO

 
“O amor é um ser todo iluminado/
que joga mil jogos na beira do
precipício” (de Jorge Mautner)

....................

Amar incorre em riscos
Precipício na planície
Esquisitice do coração humano
Um mistério/ séria ruptura
Que nos faz crianças
É uma dança novantiga
Passos e toques que arrancam faíscas
É falta do senso de ridículo/ de juízo
E que nos põe nos recônditos da alma/ sem novelo
Mistérios/ descobertas/ malabarismos
Que nos põe um gosto novo nas bocas
Festa/ palco/ atores do destino
Despertar do fascínio

Amar incorre em riscos
Pois tanto afaga quanto fere
Tanto chove quanto seca
Tanto eleva quanto desespera
É uma espera/ uma cola/ necessidade
Uma fissura
Trituração que desasossega/ cega
Revela/ tira o fôlego/ estica os nervos
É uma arma que dispara por dentro
Um vento
que vira tempestade ao leve movimento
A alma salta/ o coração dispara/ o tempo pára

Amar é como um velho menino
que salta pelo caminho escuro
Sou eu na tua porta logo cedo batendo inseguro
Pedindo guarida
 
AMAR É UM VELHO MENINO SALTANDO NO ESCURO

JUVENTUDE E SEXO É O QUE MOVE O MUNDO

 
Os arreios dos anseios
nos põe presos
no fazem cativos
como o rio das margens
nos botam num ciclo de vícios
como a água
das nuvens ao mar
tudo nos afivela
nos aperta a garganta
cães mansos
o desemprego, o desassossego
e agora a água do planeta
que quer secar
esse medo é um enredo premeditado
uma forma de domínio
de controle
Esse peso que nos colocam na canga
é sacana é medonho
é um antisonho
pesadelo repetido
pra nos deixar passivos
diante dos céus
dos tronos
dos reis e seus domos
as doenças do sexo os filhos no mundo
tudo é ameaça para o controle central...

Mas na noite
sacaneamos a lógica
as estatísticas
que nos colocam no risco das doenças
e transamos e amamos e nos arrebentamos de paixão e tesão
numa orgia global
o sexo nos faz guerreiros de novo
nos renova
só isso nos arrisca
e nos faz atirar no precipício
com o risco das águas terem se desertificado
abaixo
o resto é esses mandantes podres
e seus avisos
seus risos frouxos
seus discursos confusos
suas leis para enquadrar a moral
as relações
as separações
disseminar o medo
escrever nossos enredos
como se fôssemos personagens de um filme antigo
ou se fôssemos pedras cheias de musgos

Mas o medo que nos tinge
em suas cores roxas
nos atinge e aflige
mas acendem também a revolta
reacendem os instintos
por isso eles temem a juventude
em seus sentimentos de mudança
proíbem suas novas danças
seus requebros
sua pichações e ereções
e o ímpeto do sexo e das paixões
pois é isso o que nos move no mundo
sexo e juventude
é o que nos faz guerreiros
e mutantes

Por isso uns têm a fibra do aço
e outros são só galinhas de terreiro
pássaros tosados
tem asas mas não voam
 
JUVENTUDE E SEXO É O QUE MOVE O MUNDO

Como um mantra, nada entendo do seu amor, mas gosto

 
Como um mantra indiano
Um canto gregoriano
Um texto em aramaico
Nada entendo
Do meu amor por você
De amor
Gosto e repito
Como uma oração
Todo dia
Uma canção de sucesso
Como a uma novela da tevê
Te sigo
Como um taxista pela cidade
Te pego
Como um colegial na porta da escola
Te espero na porta
Meu coração bate
Estranho
Como um relógio sem compasso
Não entendo
O que se passa
A música que toca no meu coração
Seria um mantra Hare Krishina?
Um canto tribal num ritual pagão?
Ou só uma zabumba
Batendo esquisito no aflito peito
 
Como um mantra, nada entendo do seu amor, mas gosto

VOCÊ É A PRIMEIRA DA MINHA LITERATURA DE TERCEIRA

 
Você é letra viva da minha canção
O som mais doce e rude
Você é o açude que não se estanca
Que vaza e rompe
E me inunda com suas águas
Sua umidade quente

Você é a página par do livro que escrevo
A letra A do poema que rabisco
A folha que viro e volto
Que reviro e não sigo em frente
Você é mulher que me ensina valentia
Que rima e segue adiante

Você é o meu pedaço perdido
Elo placenta umbigo
Você é a primeira da minha literatura de terceira
Você é o pão que como
e ainda colho migalhas pelo chão da cozinha
Você é o selo da carta que não envio
Só pra tê-lo comigo

Você faz o meu texto ficar comprido
E pra não deixá-lo prolixo vou terminá-lo já
Portanto lhe digo:
Sem você meu riso é partido
Minha vida despedida
Mãos em aceno. Silêncio do poema
 
VOCÊ É A PRIMEIRA DA MINHA LITERATURA DE TERCEIRA

SEM VOCÊ NÃO PESO UM QUILO

 
Você é precisa
Sem você já não sirvo
sou servo
sem você eu não vivo tranquilo
sem você eu não peso um quilo
menos 11 gramas
fico sem alma sem piso
ectoplasma
na zona fantasma
e nem superman me salva

Se você não me toma
não me soma
eu vou subtraindo-me e assim despenco no nada
viro vento
poeira soprada/ inútil/ pleonasmo
metáfora de nada é nenhum
me acabo
escasso/ pouco
o resto que restou do resto da feira

Se você não me escreve
não me liga/ não conecta
fico sem meta/ sem verso
no inverso/ contramão
hiato
uma consoante sem vogal
ilegível/ intratável/ impronunciável
um Maiakovski em tédio
sem vódica/ sem revolução

Se você não me soma
vou subtraindo-me
até sumir na paisagem
mero pardal na praça
cantando a esmo
viro lagartixa
destas que se joga na parede
taturana no casulo/ sem asas/ lesma
um risco no escuro

Se você não cola em mim
não me leva
resgata-me daqui
e me põe nos teus verbos e letras
nos teus contos e rimas
fico feito lima roendo unhas
sem dedos/ sem mãos

Se você não me anexa a ti
não me grampeia ao teu peito
fico papel avulso
sem nada escrito
rascunho/ no sub-uso
parafuso/ pra dentro contido
não digo nada/ não canto
figurante num filme mudo
ao passant
na ponta / não conta

Se você não me compra
e leva
fico na prateleira
no desconto/ liquidação
produto vencido
fico na rua jogado
dando volta em volta do umbigo
fico ferido
e por mais que ande não chego
não vou a lugar nenhum

Se você não me quer
fico oferecido
dando mole
rabo de saia
sujeito à qualquer
se você não quiser ser minha
eu fico assim olto
a quem me queira
vagabundo
Agora
Se você me toma/ de repente
de assalto
vou com sede /quebro o pote
apressado como cru
esfolo a boca no quente
tomo-te no colo/ te deito no solo
e com permisso
te faço minha/ a tal
aquela/ a prima
a rima perfeita/ versos e o poema inteiro
mulher
 
SEM VOCÊ NÃO PESO UM QUILO

TEUS OLHOS

 
teus olhos têm algo que me intriga
me liga
que me chama
espanta
dá abrigo
escapa
esconde algo de moleca
madura
me finca algo na alma e depois voa
me flecha
e deixa sangrar...

não sei como fico
estranho
não sei se isso estanca
se tem cura
se sara com um band-aid
talvez
uma sutura
de leve
por hora
ou um transplante
depois
 
TEUS OLHOS

QUAL O PRÓXIMO PASSO AGORA?

 
“Eu só quero lembrar de você, até perder a memória” (Ana Carolina)

..........

Qual é o próximo passo, me diz?
Jogo-me do abismo
ou atiro pedras na sua janela
Dou bobeira
e anuncio seu nome ao microfone?
Escrevo no murro: “te amo” e assino embaixo?

É claro que não sou louco a ponto
de revelar o secreto,
nossos passos indecisos naquela noite
os beijos naquele canto do bar no meio da Serra..
Só conjeturo um pouco
Bobo que me faço, mas sei que tudo tem uma lógica,
mesmo que torta.
Tem um sistema regendo o caos
E que sou só uma carta de um jogo
simples e complexo
Que não rejo nenhuma uma peça neste universo, com a razão

Sei que sou todo coração
neste momento
E que cada movimento, cada passo, é um segundo eterno
Cada minuto curto como se tivesse um apocalipse
Contido,
uma tempestade,
um vento intenso,
um ciclone extra-tropical.
De qualquer forma é uma torrente que me vêm.
Não pára...

Talvez seja melhor eu ficar quieto agora,
meditar,
buscar o nirvana no Tibet,
ou aguardar um sinal, uma estrela cintilante que rasgue o céu e aponte aonde.
Quem sabe seja ela, algedi, a mais brilhante
da constelação de Capricórnio.
 
QUAL O PRÓXIMO PASSO AGORA?

 
E aí o que faço?
Além de te querer
E mascar chiclete de melancia
Todo dia
Por que sei que gosta
Só pra sentir teu gosto
E esperar o toque do celular
Ouvir sua voz
Até que possa ver teu rosto
De novo
Ao meio-dia
À tarde
Ou a meia noite a tua voz
Te beijar na rua
E dar bandeira
Na sala de espera
Na mesa da padaria
Sair de mãos dadas pela rua
Olhar estrelas no teu olhar

E aí que faço?
Traço planos
Ou estanco a alegria
Rio a toa pela boa lembrança
Ou fico na minha, discreto
Quieto no meu canto
Na cisma
Esperando oportunidade
Uma brecha da sua agenda
Um encaixe no seu dia
Pra mais um encontro
Num canto
Furtivo
No nosso secreto momento
Até quando?
Te espero
E você sabe onde
Se tiver tempo me chame
Você sabe como e onde
 
MÁ

Meus escritossão verdades inventadas, fatos adulterados, fingimentos diversos; tentativas de pintar um quadro, fazer um canção, escrever um livro.