Lupicínio Rodrigues : Vida e Obra
em 17/09/2014 15:25:15 (2607 leituras)
Lupicínio Rodrigues

Lupicínio Rodrigues nasceu em Porto Alegre, 16 de setembro de 1914 e faleceu na mesma cidade em 27 de agosto de 1974, foi um cantor e compositor brasileiro.

Lupe, como era chamado desde pequeno, compôs marchinhas de carnaval e sambas-canção, músicas que expressam muito sentimento, principalmente a melancolia por um amor perdido. Foi o inventor do termo 'dor-de-cotovelo', que se refere à prática de quem crava os cotovelos em um balcão ou mesa de bar, pede um uísque duplo, e chora pela perda da pessoa amada. Constantemente abandonado pelas mulheres, Lupicínio buscou em sua própria vida a inspiração para suas canções, onde a traição e o amor andavam sempre juntos.

De 1935 a 1947, trabalhou como bedel da Faculdade de Direito da UFRGS. Nunca saiu de Porto Alegre, a não ser por uns meses em 1939, para conhecer o ambiente musical carioca. Porto Alegre era seu berço querido e todo o seu universo.

Boêmio, foi proprietário de diversos bares, churrascarias e restaurantes com música, que seguidamente ia abrindo e fechando, tudo apenas para ter, antes do lucro, um local para encontro com os amigos.

Torcedor do Grêmio, compôs o hino tricolor, em 1953: Até a pé nós iremos / para que der e vier / Mas o certo é que nós estaremos / com o Grêmio onde o Grêmio estiver. Seu retrato está na Galeria dos Gremistas Imortais, no salão nobre do clube.

Deixou cerca de uma centena e meia de canções editadas; outras centenas que compôs foram perdidas, esquecidas ou estão à espera de quem as resgate. Encontra-se sepultado no Cemitério São Miguel e Almas em Porto Alegre.

Obras:


Aves daninhas
Cadeira vazia
Cevando o amargo
Ela disse-me assim
Esses moços, pobres moços
Exemplo
Felicidade
Foi assim
Hino do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense
Judiaria
Loucura
Maria Rosa
Migalhas
Nervos de Aço
Nunca
Quem há de dizer
Se acaso você chegasse
Se é verdade
Sozinha
Torre de Babel
Um favor
Vingança
Volta
Zé Ponte


Algumas curiosidades sobre o autor:

Apesar de boêmio, no fim de semana ele virava caseiro

– Quando falam do boêmio, tu sempre imagina um camarada que vive na noite, de bar em bar. Mas ele tinha um lado caseiro muito grande. Ele só era boêmio de segunda a sexta, no fim de semana gostava de reunir a família, fazer churrasco, cozinhar para os amigos. Mais tarde, comprou um sítio na Cavalhada, ali perto da Avenida Otto Niemeyer, onde criava porco, galinha, pato, e adorava essa vida – conta Arthur.

Não podia chegar em casa depois das 4h

– Quando ia para a noite, Lupicínio tinha uma carta de alforria da mulher até as 4h da manhã. Se chegasse às 4h01min, a casa caia. Então, ele tinha uma rotina: chegava em casa pontualmente às 4h, tomava uma sopinha e ia deitar. Perto do meio dia, acordava e ia cozinhar. Almoçava, tirava uma sesta e, pelas 15h, começava o ritual: vestia o melhor terno e saía. Como ele era representante da SBACEM (Sociedade Brasileira de Autores, Compositores e Escritores de Música), dava uma passada na sede e, logo depois, ia de bar em bar. Usava como desculpa a função de representante do sindicato, mas era só isto: uma desculpa.

Trabalhou na Carris antes da fama

– Ele chegou a trabalhar na Carris, como auxiliar de mecânico, uma espécie de aprendiz, mas não deu certo. Depois, foi ser bedel da faculdade de direito da UFRGS, aquele cara que fica cuidando dos corredores, faz serviço para os professores. Nessa profissão, ele ficou muito tempo – lembra o diretor.

Seu melhor amigo era um boxeador que cantava na noite

– O maior amigo do Lupi era o Orlando Silva, um cara conhecido como Johnson. Eram corda e caçamba. O Johnson era boxeador, teve até grande destaque em Porto Alegre. E o cara era um doce de pessoa: chegou a apanhar de um amigo em comum deles, e apanhou quieto, porque sabia que era muito mais forte que o outro. O Johnson era um dos maiores intérpretes das composições do Lupicínio, cantava na noite. Era um grande amigo, tanto que as pessoas contam que, no enterro do Lupi, o Johnson não conseguia aceitar que ele estava morto, perdeu totalmente a noção da realidade, a referência.

Era o culpado por falir todos os investimentos em que punha a mão

– Ele foi proprietário de alguns bares e restaurantes. Era sócio do Rubens Santos. Alguns não deram certo, outros duraram mais algum tempo. Mas nenhum existe mais. O Rubens Cardoso reclamava muito, porque o Lupicínio ia de bar em bar e aproveitava para dar uma canja, cantava um pouquinho, e os fãs iam de bar em bar com ele. E acabavam não indo no bar dele! Por essas, que ele faliu algumas vezes...

Foi quase aposentado pela bossa nova e pela jovem guarda

– Na década de 1960, ele foi quase ao ostracismo, sofreu muito com a invasão da jovem guarda, do rock, da tropicália, da bossa nova. O gênero em que ele compunha ficou em segundo plano, principalmente em Porto Alegre. Ele foi voltar só depois, nos anos 1970.

Foi salvo por Caetano Veloso

– Uma vez, ele encontrou Caetano num bar aqui em Porto Alegre. Caetano saiu de um show todo maquiado e a gauchada ficou com o pé um pouco atrás. Baiano, de batom, não foi bem recebido. Mas Lupi o acolheu, eles ficaram uma madrugada inteira conversando. Caetano gravou Felicidade. Foi um marco, porque depois ele começou a ser gravado por Bethânia, Gal, Jamelão, Elza Soares, Elis Regina. Ele acabou voltando. Quando morreu, em 1974, estava no auge de novo.

Aos 14 anos, já circulava pelas rodas de samba (e compunha)

– Lupicínio era um papa-prêmio. Onde ele colocava música, ganhava troféu. Com 14 anos, já estava fazendo samba. O pai viu que o guri não era flor, gostava de samba, de mulher, de noite, já tinha roda de amigos... Tanto que ele gravou o primeiro samba com 14 anos. Gravou e já ganhou prêmio. A música se chamava Carnaval. O pai dele, seu Francisco, preocupado com o futuro do guri, alistou o Lupi no exército. Achou que ia mudar a personalidade dele, só que não deu muito certo. Em Santa Maria, onde ele foi ser praça, acabou formando um grupo de amigos, formou um grupo para passar a noite inteira tocando samba no quartel. O que fazia com que ele passasse o dia inteiro dormindo pelos cantos do quartel, muito mais do que trabalhar.

A dor de cotovelo tinha muito de marketing

Nervos de Aço, Cadeira Vazia e Se Acaso Você Chegasse. A cada experiência amorosa, ele fazia música para sublimar a dor. Mas acho que essa história de dor de cotovelo foi uma escolha bastante profissional, nem tanto de catarse artística. Porque ele viu que fazia sucesso, as pessoas gostavam e compravam, e ele se firmou no gênero. Música de dor de cotovelo era muito bem aceita, as pessoas curtiam – conta Arthur.

Deu o troco em um dono de restaurante racista da melhor maneira possível

– Ele costumava ir ao restaurante de um português em Porto Alegre. Certo dia, o garçom se recusou a atendê-lo, informou que o dono não queria mais receber negros. Lupicínio protestou, chamou a polícia e citou a lei Afonso Arinos (assinada por Getúlio Vargas em 1951, que proíbe a discriminação racial no Brasil), que tinha sido aprovada havia pouco. Isso foi interessante, porque era quase inédito um negro protestar dessa maneira, como também era muito difícil que um delegado acatasse a queixa. O dono do restaurante foi citado judicialmente, respondeu processo. E a vingança do Lupi foi ir em um outro restaurante do mesmo dono, para ser servido por ele.

Este ano comemoramos o seu centenário nascimento.

Fonte: Wikipédia e http://zh.clicrbs.com.br/rs/entretenimento/


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Enviado por Tópico
HelenDeRose
Publicado: 17/09/2014 15:27  Atualizado: 17/09/2014 15:27
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 Re: Vida e Obra
Uma homenagem para o Centenário de nascimento de Lupicínio Rodrigues.

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