Poemas : 

A Última Estação

 
Fomos nos separando... Lentamente
Dispersos como um bando de gansos
Que após um longo período de descanso
Aportam em vários lagos diferentes.

Prendemos-nos em pequenos universos
Donde enxergamos apenas a ponta do nariz
Não ouvimos mais o que o coração diz
Ficamos sós a pregar num rígido deserto.

Perdemos-nos em nossos desejos
Transformando tudo num manto incolor
Desviamos-nos dos caminhos do amor
E caímos num total e tortuoso desprezo.

Assim dessa forma fugaz e estranha
Vamos tecendo nossas tristes cortinas
Que nos privam das luzes matutinas
Com nossas garras de metálica aranha.

Fomos nos separando... Iguais a navios
Que insistem em cruzar dois horizontes
Dois corpos dormentes, doentes e frios
Quebrantando elos, derrubando pontes.

Diz a canção que tudo passa
E que tudo sempre passará
Como uma onda no mar.

Acho que tudo na vida se separa.
Aquilo que nos une nos repele
Acho que essa coisa de “pele”
Anda um tanto mais cara e rara.

Assim vamos nos separado, iguais navios,
Dispersos como um bando de gansos
Fugindo dos dias invernais, cruéis e frios,
Procurando porto seguro em lagos mansos.

Assim vamos indo, tal qual furiosa locomotiva
Num trilhar caminhos novos em dias de verão
Percorrendo palmo a palmo a ferrovia da vida
Para nos deixar (in)seguros na última estação.


Gyl Ferrys

 
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Gyl
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 05/11/2011 22:48  Atualizado: 05/11/2011 22:48
 Re: A Última Estação
Caro poeta Gyl,
Vim apreciar esta obra de arte,estou deslumbrada com suas palavras,que vieram de encontro ao meu coração.

"Aquilo que nos une nos repele"

E é assim mesmo,infelizmente quando o amor acaba,somos como locomotivas,trilhando caminhos diferentes,com tristes partidas.

Amei...
Um beijo que chegue aí...


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 05/11/2011 23:02  Atualizado: 05/11/2011 23:02
 Re: A Última Estação
*Poesia reflexiva...meandros da vida, as suas dualidades e paradoxos.
Gosto de ver como incursionas em tantos temas e essas temáticas sempre versadas com esmero e zelo, consciência e afetividade, alma e mente.
Muito bom, SEMPRE me é ler-te.
Perdoa-me minha ausência por vezes, mas vivo em subidas e descidas quanto minha fragilidade física.
Beijo-te reverente ao teu dom, Poeta.
Carinho eterno
Karinna*


Enviado por Tópico
luisroggia
Publicado: 06/11/2011 00:19  Atualizado: 06/11/2011 00:19
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Usuário desde: 12/01/2011
Localidade: Joinville - SC
Mensagens: 2639
 Re: A Última Estação
Olá Gyl!

É sempre uma surpresa agradável ler-te, gostei muito do trecho em que dizes" Acho que essa coisa de pele, anda um tanto mais cara e rara".

Grata leitura passar por aqui.

Abraço.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 06/11/2011 00:27  Atualizado: 06/11/2011 00:27
 Re: A Última Estação
Olá Gyl, gostei muito do seu poema.
Afinal, tudo o que começa tem um fim...e uma finalidade (diria eu)!
Parabéns pela inspiração
Beijinho de luz


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 06/11/2011 00:42  Atualizado: 06/11/2011 00:42
 Re: A Última Estação
Algumas separações rasgam-nos por dentro! Mais parabéns, caro Gyl.