Poemas : 

[ … sejam-me símiles à espuma do mar

 
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sejam-me símiles à espuma do mar olhares teus,
quais santelmos anunciadores de bonança.

Segrego-me de aluviões, remoinhos, tormentas,
ameaças,
e quedo-me pelos sargaços distantes de terra
que me abrigam.

Pelo alto mar habito-me entre um mastro e o vento,
revejo a praia deserta

onde se espraiavam ondeares teus,
onde as mãos entrelaçadas eram âncoras fundeadas.

Sentir-te-ei sempre quão perto este mar é de mim,
mesmo que numa breve noite se afoguem sonhos,

mesmo que numa breve noite me olvide para sempre de mim.

Que seja.


"Floriram por engano as rosas bravas
No inverno:veio o vento desfolha las..."
(Camilo Pessanha)

http://ricardopocinho.blogspot.com/
ricardopocinho@hotmail.com








experimental, palavras rabiscadas numa Moleskine com prazo de validade.

“A dor, deserto imenso,
Branco deserto imenso,
Resplandecente e imenso,
Foi um deslumbramento.
Todo o meu ser suspenso,
Não sinto já, não penso,
Pairo na luz, suspenso
Num doce esvaimento”

(“Branco e Vermelho” Camilo Pessanha)


símile - comparação que se faz entre duas coisas que se assemelham.

Santelmo – pequena chama que muitas vezes nas tempestades atmosféricas surge numa ponta dos mastros dos navios. Indica também bonança a seguir.
Fosforescência que em certas latitudes e principalmente em tempo de trovoada se nota no alto dos mastros dos navios.

Segregar - Separar ou separar-se de um todo.

Olvidar - Perder de memória, deixar cair no esquecimento.
Fiquei na dúvida com esta palavra e oblívio - “mesmo que numa breve noite alguns oblívios tomem conta de mim
Oblívio – esquecimento, olvido.


[“do ciclo, as palavras não têm prazo de validade. “ Riva la filotea. La riva? Sa cal'è c'la riva?” (Está a chegar. A chegar? O que estará a chegar?)]
 
Autor
Transversal
 
Texto
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 01/08/2012 04:15  Atualizado: 01/08/2012 04:15
 Re: [ … sejam-me símiles à espuma do mar
Saudade espalhada em cada linha...
Gostei da leitura.


Enviado por Tópico
belarose
Publicado: 01/08/2012 10:49  Atualizado: 01/08/2012 10:49
Membro de honra
Usuário desde: 28/10/2010
Localidade:
Mensagens: 9026
 Re: [ … sejam-me símiles à espuma do mar
Bom dia transversal!

Poesia carregadinha de amor e saudades,parabéns amigo,beijos


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 01/08/2012 11:07  Atualizado: 01/08/2012 11:07
 Re: [ … sejam-me símiles à espuma do mar
Gosto da tua pagina pois ela é um laboratório de poesia. Aqui nascem os bons ventos da bonança em palavras navegantes em telas ou pergaminhos. Aqui partimos á descoberta das sensações provocadas pelas imagens que nos chegam. Aqui chegamos sempre a bom porto: A POESIA!

Magistral


Beijo azul


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 01/08/2012 11:23  Atualizado: 01/08/2012 11:23
 Re: [ … sejam-me símiles à espuma do mar
Palavras que se acumulam em nosso sentimentos. Um poema que esta lindo, deixo meu abraço


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 01/08/2012 15:25  Atualizado: 01/08/2012 15:25
 Re: [ … sejam-me símiles à espuma do mar
Adorei ler tudinho...aqui só encontro boa poesia e uma fonte de saberes que muito aprecio!

Obrigada pela partilha!

Abraço poético

Felisbela


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 01/08/2012 17:45  Atualizado: 01/08/2012 17:45
 Re: [ … sejam-me símiles à espuma do mar
E aqui se encontram sabedoria e beleza...verdadeira aula de emoção.Parabéns.Meu abraço a ti


Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 02/08/2012 01:18  Atualizado: 02/08/2012 01:18
Membro de honra
Usuário desde: 25/01/2009
Localidade: Pouso Alegre - MG
Mensagens: 17925
 Re: [ … sejam-me símiles à espuma do mar
Seguramente, aqui é um lugar
para repousar a alma. bjs


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 03/08/2012 03:27  Atualizado: 03/08/2012 03:27
 Re: [ … sejam-me símiles à espuma do mar
Um poema todo ele belo mas destaco a primeira estrofe. Gostei bastante. Parabéns, caro poeta.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 06/08/2012 01:13  Atualizado: 06/08/2012 01:13
 Re: [ … sejam-me símiles à espuma do mar
Olvidado de ti*

é assim que sei lembrar
dos teus sorrisos ao leme
dos teus longes e pertos
dos teus versos desenhados
com a pena de luar prenhe...

é assim que sei lembrar
das tuas ondas sequiosas
das tuas permanências
mãos de tantas escritas
nesse nosso céu de estrelas sentidas...

é assim que sei lembrar
do meu amor sem ambição
do teu eu fatiado de ternuras
nas noites dos sonhos mútuos
onde o Sol quer ser a nossa Lua...

é assim, amor meu
que te sei na minha íris
no meu mar sem fim
no meu céu sem limite

é assim que sei lembrar

mesmo olvidado de ti
jamais esquecido de mim.

Karinna*

'mesmo que numa breve noite me olvide para sempre de mim.' O Transversal