Poemas : 

,escuto-me

 
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(I)

quero saber-me assim quieto, em sossego,
neste meu inóspito e distante desaconchego,
seja da canção cendrada,
seja-me da noite iluminada,
que seja deste meu sonho em desassossego.



(II)

da saudade.

surdo, mudo, e nada muda,
nem o desassossego,
nem os passos tidos por perdidos,
distâncias.

,escuto-me.

,morrem-me as saudades de tão gastas,
de tão repetidas,

esfarelam-se,
e quando regressam impiedosas,
agito-me, revolto-me, rendo-me,
,como se a lua só tivesse uma face,
,como se a lua só tivesse uma fase,
e só escuridão pernoitasse no meio.

(III)

,o meu mar jamais será umbroso,
reflete o azul do céu,

reflete-me,

e repito-me no desassossego que quero em sossegos,

“- deixa-me vogar pelas vontades das ventanias”.

[, o sal seca-me, engelha-me, arrasta-me].




"Forfante de incha e de maninconia,
gualdido parafusa testaçudo.
Mas trefo e sengo nos vindima tudo
focinho rechaçando e galasia.
Anadiómena Afrodite? Não:"

("Afrodite? Não" Jorge de Sena)


Textos de Francisco Duarte



 
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F.Duarte
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 17/12/2012 18:22  Atualizado: 17/12/2012 18:22
 Re: ,escuto-me
Uma introspeção aqui bem elaborada poeta Duarte numa feita contradição...o sujeito poético em fragmentos anunciando um saudosismo intenso em versos fortes e firmes... e esta contradição bem decifrada contrariando assim a (II):

",o meu mar jamais será umbroso,
reflete o azul do céu, "

...depois a consciência anunciando-se de novo decadente e desassossegada.
Belo de se ler, refletir e sentir...
Abraços
maria