Poemas : 

,respirado

 
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Seja-me feita a vontade.

que acicata as paredes desenquadradas, antes, alguns panos prostrados pelo chão, porque não de madeira, e a cama desfeita por ventos rodopiantes,
cortantes,

malvasia que desiste de ser vinho generoso engolido sem ser provado, respirado,

poderia tudo ter mudado, poderia tudo ter alterado,
até o cheiro do incenso queimado nos cantos esconsos,
ou as palavras silenciadas por gritos antes imperceptíveis, insignificantes naquelas noites resistentes, aprumadas de tão repetidas

hálitos, suores, sémenes, vontades impiedosas, desejos, apenas corpos agigantados pelas sombras estáticas.


Apavora-me.

(I)
quando me fingo perto demasiadamente longe deste interior repetindo visões que nada são nem momentos nem travessias por caminhos acidentados ou escarpas que cortam os pés como navalhas afiadas,

do sangue que escorre como um rio visto da nascente escrevo contra aquilo de que me lembro

julgado para sempre intocável, e como relembro o rastejar que persiste do nada.

Síncope do que restou.

(a exclamação perdurará contradizendo-me)




"Forfante de incha e de maninconia,
gualdido parafusa testaçudo.
Mas trefo e sengo nos vindima tudo
focinho rechaçando e galasia.
Anadiómena Afrodite? Não:"

("Afrodite? Não" Jorge de Sena)







Textos de Francisco Duarte
 
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F.Duarte
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