Sonetos : 

INDIGENTE

 




Numa esquina, fria e húmida, de uma casa,
Uma velha estende a mão e uma taça vaza
Mostrando uma lata puída e alguns tostões
Aí deixados por bem preservados corações.

E um cartão, velho, que no pescoço enlaça,
Diz o seguinte: aposentada e enferma, faça
O favor de ajudar! e nisto uns tantos rufiões
Põe-se a fazer cabriolas à velha empurrões.

Atónito fico quando vejo que não há sequer
Um gesto de afronta e um chamar de razão
Pelo que nos é dado aí ver, à pobre mulher.

Cedo pois até alcançar o olhar da indigente
E digo-lhe: se alguém, não tem ali, coração
Crê-me, tu és bem mais rica que essa gente.

Jorge Humberto
06/02/08





 
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jorgehumberto
 
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Enviado por Tópico
Leandro Parejo
Publicado: 10/02/2008 18:18  Atualizado: 10/02/2008 18:18
Muito Participativo
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 Re: INDIGENTE
Muito belo poema Jorge, me fez lembrar de um que também gosto muito, que certamente você deve conhecer, "o tamanho das pessoas" de William Shakespeare