Poemas, frases e mensagens de NilCortes

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de NilCortes

Musa

 
Escrevo com os anéis dos cabelos daquela que perfuma meu travesseiro.
Por onde vai ela agora que não em meus pensamentos?

Pelas nesgas do céu a olor de canela
e mel lá está ela
desdobrando velas pra
navegar nos meus olhos.

A sopro do vento ergue a saia amarela
e me sorri de um sol bronzeando-me
boas-aventuras

Por onde vais meu amor de todos os dias descerrando-me a mente
pra deixar teus lábios nos meus?

Aonde estás, que te procuro pelo tempo grisalho dos meus dias
com a fantasia de que só respiro
porque algures existes?

Deita nos meus ombros
mais um sonho e murmura
teu nome pra pendurar no alto
do poema!

Achega-te rompendo os devaneios,
deixa real teu cheiro em minha pele,
minha musa morena!
 
Musa

Passos da Madrugada

 
Passos da Madrugada
 
Na hora do silencio -
quando a noite se despe do luto pra se
vestir de lilás - do passado um
riso suave me alcança
e lá vou eu namorar lembranças
da namoradinha que um dia
no meu coração plantou esperança.

Rósea face da menina
- afasta a solidão
que antes desse instante era
tão minha - como rosa
se desabrocha,
perfumosa companheira
até preencher a mente
- Coisas de saudade na madrugada
que vai passando silenciosa,
entende e reverencia
meu doce momento de
tormento...

Imagem do Google
 
Passos da Madrugada

Até no infinito

 
olhar para o infinito não basta.
momento que surge o enlevo;
comenos que aflora anseio.
amar-te com nados vastos
em tempos breves.

de vento enlaças-me.
sutil movimento
onde curvas tuas arrastam minha lucidez
para o templo sem chão pra raiz

para o infinito, olhar não basta
lá estás
tenra menina,
na mulher madura
ambas grávidas de poesia
colonizando minhas
fantasias
 
Até no infinito

Unificação

 
Do puro amanhecer
almejo a menina

Do entardecer
o fruto amadurando
mulher

Do anoitecer
a sutileza sedutora
da dama

E todas elas
madrugando a flor
desabrochando
em minha cama
 
Unificação

borboletas

 
dobra o céu todas as curvas
do azul
do teu vestido

desvanece em teu
colo
entre os frutos escondidos

amorena-se em tua pele
o pouso
das palavras

atordoam-se com o teu
perfume e
pululam versos
inebriados

dos teus olhos,
um poema,
rouba-me os sentidos

sinto o romper dos dedos
mas já não sinto
as mãos
são borboletas
que esvoaçam
para trazer
bem perto
teu corpo-jardim
 
borboletas

Sobre a saudade

 
O tempo leva sem queixumes
o peso das vivências,
mas larga porções de tardes amarelas
e manhãs d'úmidas primaveras

Que a saudade é uma fita
que o peito rói faminto
a querer se libertar
de dentro do labirinto
d'aonde a gente se perdeu.

Escavar horas pra garimpar palavras
que acalentem as lembranças
que a mente trôpega
não dá trégua
pra saudade se tornar extinta
 
Sobre a saudade

INEBRIANDO

 
Coça-me a alma
o perfume tatuado q'ela deixou.
Minhas mãos cheias de calos
e os pés pesados de chão
não me deixaram levezas
para acalmar a comichão.
Sempre toquei as flores
com os olhos
para a pele não se agarrar
nas texturas das pétalas.
Mas ela veio suave e sorrateira
se esgalhando perfumosa com
propósito de me deslumbrar.
Maliciosa como a noite
que desaba o esconderijo
das estrelas,
ela veio mansa desfiando
segredos das proteções
que criei para não sofrer
invasões.
 
INEBRIANDO

Requíscios

 
louco movido adeus
apitou sobre trilhos
largando órfã
a paisagem da infância
em cada passo
quebrado adulto
pedaços de lembranças
rodopiam no vento
como folhas outonais
indo e vindo
no mover do tempo
 
Requíscios

maneta

 
vago nas úmidas manhãs
antes do nascer da luz que imprime no chão
minha sombra cansada.
sigo levando nos bolsos as entorpecidas
intenções de escrever num muro um poema...

que não seja flor
que não seja mar
que não seja céu
que não seja amor
que não seja dor
que não seja a falida causa política
que não seja pobreza ignóbil e aflita

que não venha das coxas aquecidas
de uma dama-puta, o verbo que quero gozar...

sem re-novos que venham
amarrar letra à letra
deixo no bolso
palavras manetas
 
maneta

Emergindo

 
Na sombra materna
de um telhado
estava eu como
um feto agasalhado.

Protegida do fulgor de fora
a face se alimentava
dos seios das sombras
escusando sentir espreitas
enganadoras de alguns olhos.

Foi a brisa, foi a brisa
que mo revelou
ao teu olhar de aurora

Rompeste as membranas
que escondiam meu coração
do amor que só por ti
quer respirar agora

Emergi, emergi de novo,
à vida, minha senhora!
 
Emergindo

o túmulo é minha boca

 
flores há em tuas mãos
e uma foice sibila nos olhos
do perfume fúnebre das pétalas
foge o vento
e chora alto o silencio
 
o túmulo é minha boca

Aos túrgidos lábios de uma poetisa

 
Alameda em frescor
Róseo botão intumescido

Meu amor,
Meu desejo,
Embevecidos
Enlaçados na quimera de...

No néctar da flor
pelo menos um
dia, sejam nela
embebidos
 
Aos túrgidos lábios de uma poetisa

Invisível

 
as maravilhas da ilusão te levam para um falso mundo
e por lá aprendestes a viver.
mundo que bate e insulta teu corpo de menina
tua essência de mulher

em surdinas,
apeteço te guardar em meus braços
levar-te a passear em parques onde nunca adentrastes.
presentear-te com momentos de ternura com meu ombro companheiro
a amparar,
sob sombras de alamedas
colherias flores do meu amar

todos os dias cruzo teu caminho
e minhas mãos te chamam em pensamento
dentro da ilusão meus braços te
enlaçam.
eu te amo - minha boca apenas insinua.

teu olhar renega-me
e já que o invisível não tem forma
meu silencio transborda e meu
amor padece
 
Invisível

decerto sou deserto

 
o escorregar da areia
o uivo do vento
o murmúrio do tempo
passos pesados
meus ecos bem perto
me acompanham
decerto
nada ao redor me acolhe
e se abre meu peito - deserto
 
decerto sou deserto

Do ocaso

 
D'onde venho trago nos escombros
dos ombros um baú lapidado.
Do peito cicatrizado
ainda minam sonhos
que a boca desistiu de bradar.
No silêncio dos olhos
o reflexo de tudo que ganhei
e perdi é cascata de arco-íris
afogando pedras no chão.
Se há um som vibrando em mim
são meus calos que falam nas mãos
jorrando palavras
para serem levadas pelo sol.
 
Do ocaso

pescador

 
pescador
 
íntimo que sou das águas
e do silencio das madrugadas
pescador das horas mansas
lanço a rede pra pescar
um tempo taciturno.
não vou ao rio pra desaguar
não vou a mar pra poluir de mágoas.
sou pedrador de alimentos
purifica.dor.es; calma para
matar o vazio
criado no sofrimento.
fujo dos becos escuros
fujo da artificialidade
das luzes
das máquinas
das buzinas das ruas
que me lembram que há animal feroz
babando sua fome dentro de mim
matando a consciência
para alimentá-la
amontoando ambição
pra monumento de ganhos.
farto, farto da urbanidade,
fujo, me abandono
no corpo da amante
serenada
nos seios da sobrevivência
lanço rede
no corpo da madrugada
margeando água
entrego-me
pra namorada.
 
pescador

Lembranças de Uma Estação

 
Cai a chuva no telhado.
Assédio pra fazer o tempo
parar numa estação.
Nunca verão!
Ela está dentro
das gotas que o vento
troca de rota;
aqueles cabelos se afastando
pra longe da face pálida,
quando o adeus de uma lágrima
caiu no chão distante de agosto.
Foi o maior desgosto
que nunca verão!
Só eu vejo a dor daquela estação,
sob a forte chuva de verão.
 
Lembranças de Uma Estação

Onde encontro aconchego

 
A poesia é a dama
que me abraça
e o poema é a nossa dança.
A dama tem desenvoltura
no compasso
e mesmo que eu nem sempre acerte
o passo
entrego-me como um parceiro
de boa fama.
Em seus braços
invento mil jeitos
pensando bailar com aquela que amo
e esse balanço
faz-me acreditar
qu' ela assim também me ama.
 
Onde encontro aconchego