Poemas : 

CANTO DO CISNE

 
Tags:  douro  
 
Como quem sangra...

Contorcem-se folhas
em desespero
de tarde de Outono
ferida de vento...

...E o Sol não desiste,

emplastra de cores
vinhas saqueadas,
empresta-lhe ouros
tecidos a púrpura,
ocres, jades e retalhos
de manta puída.

Como quem morre...

Soltam-se folhas
em desamparo
de temporã velhice
fulminada a frio...

...E o vento insiste,

volteia-lhes cores
de brilhos efémeros,
rouba-lhes viços,
artérias, veias, seivas,
e rasga em retalhos
o xaile ulcerado.

Sem norte
nem porte
as folhas vadias
eternizam cânticos
de cisne inocente
e abandonam dores
no ventre do húmus
em letargia crente...


Para ouvir em áudio:
http://recantodasletras.uol.com.br/audios/poesias/26442


Teresa Teixeira


(republicação)
 
Autor
Sterea
Autor
 
Texto
Data
Leituras
1360
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
12 pontos
4
0
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Branca
Publicado: 11/11/2009 16:53  Atualizado: 11/11/2009 16:53
Colaborador
Usuário desde: 05/05/2009
Localidade: Brasil
Mensagens: 3024
 Re: CANTO DO CISNE
Muito lindo teu poema, embora descreveste o teu canto do cisne, achei mais o canto do outono, pois vi pelos versos a morte lenta das folhas, onde se perde o viço, a cor, a vida...
beijo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 11/11/2009 20:04  Atualizado: 11/11/2009 20:04
 Re: CANTO DO CISNE
Uma pintura em tons de outono, num belíssimo poema.

Gostei muito.

Abraço

Marialuz

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 11/11/2009 22:40  Atualizado: 11/11/2009 22:40
 Re: CANTO DO CISNE
Gostei deste canto do cisne numa bela analogia com a tristeza dos rituais de outono.

Muito belo e criativo poetisa Sterea.

favorito

Abraço

Enviado por Tópico
Avozita
Publicado: 11/11/2009 22:48  Atualizado: 11/11/2009 22:48
Colaborador
Usuário desde: 08/07/2009
Localidade: Casal de Cambra - Lisboa
Mensagens: 4529
 Re: CANTO DO CISNE
Canto do cisne transformado em outono...
ou outono em canto do cisne...

Bonito o seu poema
Antonieta