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Solidão

 

Quantas vezes não projectei a viagem sem regresso
Quantas vezes me abracei para sentir um ser humano
Quantas vezes esmoreci e me reanimei
Quantas vezes me invadiu o paradoxo deste flúmen profano

Quantas vezes mais terei de silenciar torturas
Quantas vezes mais sentirei o caos do vazio
Perco a conta às vezes que caí em amarguras
Já perdi o rasto às vezes que morri de frio

Porque as relações humanas são gélidas
Recuso manter a máscara do superficial
Futilidades que entram em jogos de beijos de judas
Instrumentalização acutilante entre as pessoas
Gerando-se o paradoxo das ligações surdas e mudas!

Quero ser eternamente criança…
Assim evito o trabalho hercúleo
De manter o disfarce em conivência
Da personagem do teatro trágico
Que é esta desconexa humana existência!

Amizades frígidas, feitas juízes carrascos
Ninguém ouviu os gemidos de dor
Abafei-os um a um dentro da minha alma
Ninguém entendeu os pedidos de socorro
Nunca em momentos de agonia me pegaram na mão
Nunca tive amigos!... Minto!
Tenho eternamente uma amiga chamada solidão!
 
Autor
AnaMariaOliveira
 
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Enviado por Tópico
Avozita
Publicado: 12/06/2010 10:55  Atualizado: 12/06/2010 10:55
Colaborador
Usuário desde: 08/07/2009
Localidade: Casal de Cambra - Lisboa
Mensagens: 4529
 Re: Solidão
Solitáriamente triste este poema.
Revi-me nele, minha amiga.
Senti-o como meu, desculpe a ousadia.
Beijinho
Antonieta

Enviado por Tópico
Nanda
Publicado: 12/06/2010 11:37  Atualizado: 12/06/2010 11:37
Membro de honra
Usuário desde: 14/08/2007
Localidade: Setúbal
Mensagens: 11076
 Re: Solidão
Ana Maria,
A poesia já é uma companhia. Um poema que doi quando se sente essa solidão da alma.
Beijinhos
Nanda

Enviado por Tópico
Runa
Publicado: 12/06/2010 13:59  Atualizado: 12/06/2010 13:59
Colaborador
Usuário desde: 24/04/2010
Localidade: Santo Antonio Cavaleiros
Mensagens: 1174
 Re: Solidão
Angustiantes dúvidas de uma profunda solidão.
É realmente uma pena não podermos ser eternas crianças. Gostei de ler.

Beijos