Poemas : 

Solar-da-memória

 
Eis o Solar-da-memória,
solar-do-Cardeal.
Jazigo eterno dos meus astros!
Espaço-entre-vidas onde ecoam
passos mortos ...

Escuto passos,tantos passos,
sinto mortos, tantos mortos ...
Silêncio! Só há silêncio em seu redor,
punhais que se entrechocam
numa imensa escuridão!

Ninguém! Só Eu! Um dos mortos!
Onde estão meus Parentes?!
Minha Mãe,meu Pai, meus Irmãos?!
Onde?! Onde?! Todos mortos!

Não há nada! Só Silêncio.
Ninguém! Só Eu! Morto que espera
o regresso de seus mortos ...
Não tornarão! A casa desabou!

Minha espera é infinita,
a noite triunfou ...
Fiquei fora da casa.
Sem Pátria, nem Berço,
sem História, tão Só!
Estarei vivo ou morto? Nem sei!
Entro ou espero?! Entro!

Estou exausto desta Vida d'olhos cegos ...
Verei enfim meus mortos,
e os mortos dos meus mortos!
Que solidão sepulcral ... fria-espera
nesses mortos. Não entro!Porque afinal,
lá dentro, só há corpos de quem Fui!

Choro-de-saudade
frente à memória-do-solar... mas parto!


Ricardo Louro
em Évora

Dedicado ao Solar dos Condes de Portalegre em Évora, casa onde nasceu outrora, D. Miguel da Silva e Menezes, Cardeal-Viseu.


Ricardo Maria Louro

 
Autor
Ricky
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