Porque o tempo passa
e a evolução rareia
como se vivessemos no passado,
essa evolução, tão escassa,
parece punhado de areia
a fugir, condenado.
Entregamos a nossa carne ao fogo,
chegou a nossa vez, agora,
como rezes num rebanho
sem cabeças, demagogo,
no tempo em que o tempo demora,
assim, estranho.
Falta cultivar o sorriso
um sorriso que não se esquiva,
que, resiliente, enfrenta, luta,
dá a cara e perde o juizo
que mantem a chama viva
um sorriso benevolente e filho da puta!
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.