Poemas : 

Balada das almas farfalhadas aos breus

 



”... No espaço nefando brilham os olhos como lanternas,
naquela escuridão cumprem os séculos em degredo...”

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- Balada das almas farfalhadas aos breus -



Há nas profundezas ferais dos abismos tenebrosos,
antros onde vis os demônios rezingam imprecações;
é de lá que nos braços da noite em ritos ominosos,
abjetos os murmúrios soam como tétricas canções.
Outros malditos elegem os cumes das montanhas,
précitos píncaros são telhados para o medo abrigar.
Lá pairam os espectros de ações sórdidas tamanhas,
como acalantos da Morte trovas soam naquele lugar.
No espaço nefando brilham os olhos como lanternas,
naquela escuridão cumprem os séculos em degredo,
logo ao longo da noite fechada explodem luzernas,
antegozam o terror dos mortais delindo-se na medo.

Riem seres indignos abrigados da fúria dos ventos,
soam atraentes os ambientes inóspitos ao mortal,
daquelas íngremes paredes desafiam os elementos,
desfiando como em criptas loquelas do lúgubre ritual.
Lá sob o céu se acoita o séquito sacudindo as asas,
nas lapas jazem fora dos corpos provocando arrepios,
se ora abertas as campas restarão todas elas rasas,
estarão aliados nas grimpas todos os seres sombrios.
Grassa macabra funérea comemoração dos lutuosos,
medram os espíritos negros em festividades fatais,
completam aquela funesta toada gemidos tenebrosos,
em vão temerosos oram para a salvação os mortais.

Faz apelos o rei, recheados de negra circunstância,
aos milhares os espectros respondem aos chamados,
não escondem os mortais o pavor de tanta jactância,
desferindo dolorosos gemidos na agonia abafados.
Satã é o rei, faz a chamada para os eventos do mal,
na eterna exaltação de farfalhar as almas aos breus,
levar aos seres viventes o nefando tormento infernal,
colher almas perdidas para a celebração nos apogeus.
Pairando sobre as ondas colhe as almas dos afogados,
festeja às dos suicidas mortos ante os inúteis apelos,
às dos mortos nas guerras alicia aos bramidos irados,
as obriga aos festejos dos ritos, os satânicos anelos.

Não haverá repouso para as almas, nem aos corações,
lá se fecham os olhos para o bem, é adverso o outeiro,
penarão em imutáveis sofrimentos qual denso nevoeiro,
os gemidos e gritos dolorosos romperão as imensidões;
jamais desfrutarão da beleza que há no esquecimento,
pares serão da liturgia macabra, só restará o lamento.


23032016
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" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."




 
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LuizMorais
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/03/2016 16:11  Atualizado: 24/03/2016 16:11
 Re: Balada das almas farfalhadas aos breus
Compreendo que uma balada é a canção contada em acontecimentos de lendas, mitos n'uma espécie de contos que tendem as várias vertentes do espírito poético.
Mas a partir do momento inspirador de criação, cabe ao coração e a mão que assume esse mesmo poder de escolher dentre várias facetas, do começo, ao meio e ao final do mesmo.
Ao expor-me a reflexão perante tuas palavras cantadas, vejo um cenário sombrio, onde o oculto é louvado com tramas de angustias que não dão-se margens para depredar das aflições esculpidas como armas mortíferas e aleijastes.
Eu não desejo acreditar que consiste-se apenas na danação a existência da alma humana.
Deveria existir mesmo na totalização do breu um "farfalhar" de esperança, alguma luz, um sinal quaisquer de que até mesmo os demônios no inferno alimentam-se de um naco mesmo que ínfimo.
Aqui ao ler tua poesia sinto perdurar uma inexorável tristeza a qual abala-me a compreensão estendidas dos dias.
Satã tem nome Próprio oriundo de Luz, por mais que pintem-no de negro, ele será feito de luz aos olhos de quem concede essa capacidade para realmente o ver.
Meu agradecimento por ler.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/03/2016 19:44  Atualizado: 24/03/2016 19:44
 Re: Balada das almas farfalhadas aos breus
Sua inspiração poética, segue por linhas, cujo desenvolvimento imprime uma singularidade ao meu ver é admirável.