Contos : 

Sobre Sonhos, Ilusões e Sentidos

 
Você consegue saber quando está sonhando? Bem, poucos podem. E mesmo os que podem, ao tomar conhecimento que sonham, perdem o controle dele, ou não conseguem manipulá-lo adequadamente.
Digamos que manipular as percepções requer prática. Você recebe estímulos variados e infinitos vindos de todas as direções. Afinal, você não constrói a realidade sozinho, como já dissemos. Nem a sua realidade mais próxima - o seu corpo - não é gerenciado apenas por sua consciência. Sua consciência como você a entende, sequer dirige dois por cento das funções do seu corpo. E muitas vezes, nem é a consciência principal na função de direção. Seu corpo é um amalgama de consciências, das quais a sua, que você chama de principal, é apenas uma delas e nem é a mais importante. Em outras palavras, você vive noventa e oito por cento alheio às coisas que te rodeiam.
Como falamos muito de consciências aqui, devemos entender que é porque a consciência é a causa primeira de tudo. É ela que sente, e sentir é tudo. Através dos sentidos você "lê" o seu entorno. Então, a realidade não é o que te cerca, mas o que você sente. E sentir é tudo. Tanto física quanto emocionalmente, e às vezes, mesmo essas duas variáveis, física e emocional, se misturam, e você passa a sentir coisas novas, como os sentidos sinestésicos.
Temos construído essas ideias, como uma forma de mostrar um pouco da natureza das coisas, sua ligação íntima com os sentimentos e desejos, e a responsabilidade humana na construção do seu meio. Claro, não esperamos que entenda tudo ou aceite, na verdade, nem toda a verdade é contada aqui, até porque faltaria linguagens e termos para definir muita coisa, sem falar na capacidade atual do conhecimento humano e individual de absorver o que seria dito. Usamos algumas vezes aqui termos como computador e games, realidade virtual e noções básicas de física. Conceitos e noções que não poderiam ser usadas cinquenta anos atrás nem como fator de comparação. E daqui a duzentos de seus anos, essas coisas não serviriam mais para ilustrar um pouco do conhecimento que desejamos passar. Claro que, como figuras ilustrativas, pretendemos apenas sugerir que a realidade última se assemelha à realidade virtual. Mas claro que não é assim, mas essa é apenas a linguagem comparativa que dispomos no momento. Algumas pessoas nos perguntam preocupados se estão num imenso jogo de computador, e reafirmamos que claro que não. A realidade última não é tão simples assim. No seu passado remoto, já nos perguntaram preocupados, se a humanidade fazia parte de algum jogo cruel disputados entre os deuses. Mas isso é tudo muito natural, assim como as suas crianças fazem perguntas absurdas, baseadas na forma como elas veem o mundo, e vocês às vezes, tem que construir comparações para responde-las mais ou menos com fidelidade.
Outros, preocupados, querem saber se existem mergulhados num mar de ilusões, onde nada faria sentido. A birra da humanidade com a ilusão é o medo que sentem de estarem inutilmente vivendo uma vida. Embora, a maioria não perceba que já vivem muitas coisas inúteis, mesmo sendo tomadas como concretas.
O erro se encontra em tomarem as coisas físicas como paradigma, e não entenderem que o físico é a verdadeira ilusão. O seu próprio "universo físico", tomado de seu ponto de vista estritamente físico, é feito de um infinito espaço vazio, salpicado de grãos de poeira isolados num pequeno setor periférico. Só isso já deveria denotar a insignificância da matéria diante da natureza da existência.
Aquilo que você chama de ilusão, e a natureza "fugaz", "incerta" e "momentânea" dela, que tanto receio lhe traz, não é nada mais do que a manifestação dos seus sentimentos, o retrato do que você é, dentro da sua noção errada de tempo. Nestes termos, o seu mundo é uma ilusão, porque é a representação usual de vocês num determinado "tempo". Toda a sua história, tecnologia, comportamento e idéias, são o que vocês precisam viver, para se "depurarem", ou entenderem, fixos num tempo e num espaço, ambos criados por vocês para viverem a experiência coletiva da existência. Pois como já dito antes, a experiência primordial é individual, pessoal e exclusiva.
E neste sentido... o seu mundo tem a função de coletivizar a experiência, para que assim, você, enquanto consciência, se abra para outros seres, recebendo a experiencia deles agora, para recebê-los bem em seu mundo individual em outras gamas da existência E assim, tudo é sonho, ilusão e sentidos, mas sem a carga negativa que a sua cultura dá a essas palavras, pois em última análise tudo de bom que fez na sua vida humana, foi baseado nessas três palavras, ainda que às vezes, postas de maneiras diferentes. Pois tudo foi primeiro sonhado, imaginado e depois concretizado. Com muita esperança, imaginação e fé.
Pois então, e aí? Você sabe quando está sonhando?


j

 
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London
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