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Menina insuficientemente feliz

 
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Insistia em querer dizer que estava tudo bem,
E podia vir a estar ainda melhor,
E agora,
Socorria-se das colunas de névoa que a envolviam quando era obrigada a,
Dançar com o frio insinuante das manhãs de Inverno daquelas bandas,
Para adorar as coisas sem nome que as pessoas lhe atiravam aos pés,
Quando fosse a maior rainha de jasmim que aquela terra alguma vez tinha visto,...

Tímida,
Olhava com um calor por explicar os olhos das pessoas,
Tentando falar sem voz,
Com as palavras recolhidas nos nós gretados dos dedos gelados,
E queria dizer a todos como pesava a vontade de fazer coisas,
De alumiar com a alegria desmedida apenas um céu que nunca passava daquele cinzento gretado,
Mas que ela queria todo refletido de histórias felizes,
De enternecer,...

Noa sítios onde chegava a cada dia,
A realidade voltaria a ser pesada,
Anónima até com laivos de remoinho de amargura,
Mas não iria fazer mal,
Tudo cheirava bem o possível,
E amanhã tudo poderia recomeçar com novas cores


 
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pleonasmo
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 11/06/2020 11:04  Atualizado: 11/06/2020 11:04
 Re: Menina insuficientemente feliz
Quando a felicidade é suficiente? Por vezes somos felizes e nem o sabemos.
Gostei

Abraço


Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 22/06/2020 00:51  Atualizado: 07/06/2023 05:17
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 1940
 Re: Menina insuficientemente feliz
"...Anónima até com laivos de remoinho de amargura..."
é um poema sombrio este que nos ofereceste, como as notas de Poe ou Florbela Espanca.
Que encantadoramente, num registo médio, para manter a ideia, nos mostras um sujeito poético no desencanto.

A motivação, assim como o encanto, embora tenha uma forte influência exterior, é sobretudo um interior. Parte de dentro de cada um. Embora haja motivadores profissionais, a motivação tem de partir do motivado. Assim penso que seja o encanto.

Como o "..feliz.." é o título, ainda que marcado pelo advérbio de modo, há que pensar no assunto.

A felicidade é outro momento da abstracção que entra no domínio da metafísica. Para mim é importante que se defina o tempo.
Isto é, é a felicidade um fim?

Há uma tendência geral para pensar que sim.
Como a vida é difícil e dolorosa, empurramos a felicidade suprema para o futuro, que assim se torna cada vez mais distante.
Então nunca se é feliz, até sermos muito felizes e para sempre.

Considero isso um erro a evitar.
Tenho para comigo que é preciso fraccionar essa felicidade. Como?
A felicidade é, então, o caminho. E consideravelmente menor. Muito mais durável.
Para isso, em primeiro lugar, baixei as espectatívas. Sou menos ambicioso e faço questão de saber viver com pouco. Depois, aprendi a ser grato pelo que tenho. O que é meu é bom, e dá-me força e sustento. A família. O trabalho (ainda que mal pago...). O acordar bem e com saúde em cada manhã. A poesia que leio e escrevo....

Isto fará me sentir tremendamente feliz e em êxtase?
Talvez não. Isso acontece na cama, com a companhia certa, logo o prazer, seja sexual, ou de outro tipo, também tem de ser moderado.
Saber, ou lembrar-me, que a vida não é um mar de rosas, e os espinhos estão lá, permite-me aguentar nos dias maus, em que saio a falar sozinho do trabalho, ou de uma discussão com a minha ex-mulher.

E a gratidão depois de aprendida e praticada, volta.

Desculpa falar pouco do teu poema, aliás os teus poemas são excelentes, na minha opinião e sinto vontade de comentar quase todos.

Sou-te grato por isso ;)

Abraço irmã\o