Poemas : 

Cena um: do abandono ao perdão

 
O abandono guarda o marco primevo das sombras
Essa lacuna é o fim e o início em que se preenche
A se distribuir como um todo, ao longo dos ciclos
É a curva que encerra o círculo, na consequência
Mais profunda de toda causa. A ausência é noite
É quando todo ódio se multiplica nos quadrantes
Qual o gérmen a crescer no ventre da escuridão

O perdão é a cintilância defronte do espelho cru
Não traz esquecimento, mas o silenciar da repulsa
Para se desdobrar renascido pelo campo crestado
Para se tornar o alimento contra todo o desprezo
O qual promove a ira interior, apaga pensamentos
De autoestima e adere em sua natureza brilhante
Perdoar levanta o véu da vingança e a vida segue

Livre das sombras é hora de recomeçar o caminho
Iniciar o duplo movimento sem a limitação do caos
Essa forma aliciadora de rígidos e frios contornos
Que se apoia no princípio do conflito para o nada
Chegou-se a hora de abster a existência coagulada
Perceber o horizonte e seguir a vida nessa direção
Esquecer o rancor e a ausência na maior distância

Aquele que é capaz de perdoar, presta o bem a si
Pode ir, liberto das sombras, como num dia de sol


"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)


 
Autor
Sergius Dizioli
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 04/11/2021 12:07  Atualizado: 04/11/2021 16:14
 Tolerância Zero
Estava pensando nisso mesmo, mas não ............................... :)
Tolerância Zero