O caos aberto em flor neste orgasmo primaveril
Chilreava incessante movido por fome insaciável
Devorava imundos os sonhos de gente pequena
Um olhar fumegante rubro de contorno pardo vil
Pincelado num exótico odor sulfúrico e execrável
Fixava os heróis renascidos das cinzas sem pena
A vida dura apenas aquele tempo desnecessário
Aquele entre o renascimento e uma nova morte
Uma efémera fracção de ser ou de antes ter sido
O movimento abstracto da mão viril foi ordinário
Sentenciou numa vida submissa toda a sua sorte
Esquartejando seus passos num sentido mórbido
As cores boreais que saboreava do alucinogénio
Miragens transcendentais em precipícios loucos
O sexo involuntário e nu no corpo autoflagelado
Lambiam nas feridas desses suicidas do milénio
A carcaça purulenta que se desfazia aos poucos
Contorcida pelo frio gélido de um olhar mutilado
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma