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Rogério Beça | Publicado: 20/03/2025 19:18 Atualizado: 21/03/2025 17:29 |
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![]() Clarinete.
É o que me apetece dizer, ou antes, sugerir, ao sujeito poético. O Jazz enquanto género musical faz-me lembrar um pouco a poesia. Nunca está na moda, toda o\a gente conhece, e os seus amantes adoram-no\a. A outra coisa que imediatamente me faz lembrar é o improviso. Haverá improviso neste poema? Estruturalmente tem simetria quanto baste. Varia um pouco na métrica e no número de versos em duas estrofes, mas já vi variação maior, noutros desta autora. A constante que verifico é o arrojo, na linguagem e na originalidade. Voltando ao improviso, noto-o mais de estrofe para estrofe na mudança de referência e personagens. O sujeito poético está na primeira pessoa, mas a universalidade encontrada em cada verso, torna a composição também complexa. A ironia no "...comentarista de profissão..." que podemos encontrar no segundo verso da primeira estrofe podemos encontrar no "...paciente em cura..." no quarto da segunda. Aliás, gostaria de salientar a segunda estrofe como recurso a génio. Acho-a magnífica. "...Decifrei o código matemático da chuva Já sei como sintetizar o céu..." Acho este dístico muito bem engendrado. Roçam ambos os versos o impossível, mas exequível num futuro longínquo.. Entre o "...decifrei..." e o "...já sei como..." não há como distingui-los além da rima a meio verso que constituem. Acho ambos os versos tão poéticos... um dia vou sintetizar o céu também... Aliterações no segundo verso em SS; o aforismo, em "...o presente é um paciente em cura..."; uma "...Laurinha..." desconhecida que entra num diálogo apenas para fazer ligação à estrofe seguinte, em que entram "...Os jovens...", o diminutivo não é inocente. "...Os jovens..." que tanta inveja fazem, apenas por serem isso. O terceto final também tem a sua magia. "...Eu decidi o verão dos livros..." é uma metáfora bem construída. Quem é capaz de comandar o rumo dos acontecimentos, e a própria história, é de louvar. Em relação ao desejo final que se lê no derradeiro verso, eu escolhi o clarinete porque tem uma sonoridade menos madura do que o saxofone ( que também aprecio), mas faz uns agudos quase desafinados belíssimos. Mas jazz também é orquestra. Composição. Rigor. Favoritei este poema à primeira leitura. Obrigado, por mais um tão, tão bom. |
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