Como é fácil me rir, pular de alegria Sonhar com tanta fantasia E a seguir tropeçar, cair, bater no fundo E chorar num poço profundo
Como é fácil brilhar e sem saber porquê Me ver frente a um espelho que não me vê Mas eu desvio os olhos que ninguém viu E me procuro, me cego no escuro
Quantas vezes me afogo aqui sentado Esperando uma mão, esperando um abraço Que não vem e eu preciso de alguém A meu lado
Mas cada vez que morro nasço mais forte Pois enfrento esta vida como se enfrenta a morte Respiro fundo e tento ter calma E prendo os meus lábios como quem prende a alma
Como é fácil estar bem e amar a vida E até fingir um sorriso na despedida Mas a saudade nunca tem horas pra chegar E se amarra ao meu peito sem me avisar
Eu bem sei que aqui é o meu lugar Do lado de dentro, do lado de cá Mas até que me encham de terra sonharei com cor Neste mundo de sombras, neste poço de dor
(E é tão amargo o sabor, mas é tão doce a lembrança chorar faz bem quando se tem esperança)
Este poema vem acompanhado com música composta e interpretada por mim. Clique no play para escutar. Obrigado :)
Merendo a bela ilusão chorona da minha janela, Germina o relvado nas brechas da calçada Com seu verde verdejante e o exalar da vela, A chama que me chama na noite, chegada.
Estas reflexões verdes tens que saborear diferente, Mas nunca diferente de mim, do que sinto e do que sou; Eu sei sê-lo, mas agora vou ser a dor oculta, presente, E eu sei, faze-lo tão bem, que me ri do verde que evaporou.
Agora, está escuro, consegues sentir o que estou a sentir? Não interessa o que sinto, só o que tu sentes importa! Andamos neste mundo só para sentir o nosso sentir e nos iludirmos com os sentimentos dos outros.
As vezes mais vale abrir o guarda-chuva ao que sinto, Porque pode magoar-se com os pingos do meu instinto. E se o pó da ampulheta chegar ao fim estou bem ciente, Que sempre a posso virar e tentar tudo repetidamente.
E se coração parar na hora h, eu tentei repetidamente, Dizer o que nunca consegui dizer, chorei perdidamente, Sofri porque talvez fosse a minha gota que me abraçasse, Que me entendesse nos choros da ventania de um adeus.
Hoje não posso falar de amor Porque m'alma sangra de sofrimento e dor Rogando ao Pai a quem tanto glorifiquei Que perdoe-me porque na omissão eu errei.
Errei quando nada fiz pela criança carente Que pelas ruas perambula rogando socorro da gente Errei quando ao seu sofrimento fui indiferente Ocupando por vaidade uma grande morada Enquanto ela dormia ao relento na fria calçada.
Errei ao desperdiçar os alimentos que o Senhor me Legou Jogando ao lixo o que muito me sobrou Enquanto que ela raquítica por um pão implorava E no desespero da fome drogas experimentava.
Errei ao comprar roupas caras sem jamais as usar Enquanto que ela vestia farrapos para lhe agasalhar Errei ao ter tantos calçados só por ostentação Enquanto ela descalça temia as brasas do chão.
Errei por não combater de forma implacável a pedofilia E por omissão ser conivente com a maior covardia De quem trata crianças com ódio e tanto rancor Fazendo com que cresçam sem conhecerem o amor.
Errei quando ao votar outorguei Poderes a quem não merecia confiança E ingênuo em falsas promessas acreditei Naqueles que eternizam o calvário de uma criança Egoístas que destroem a fé e a esperança.
Hoje num luto profundo minha cidade amanheceu Chocada com a chacina que um insano cometeu Profundamente abalado e emocionado entristeci Mas talvez ele tenha sido mais uma criança que esqueci.
Falcão S.R - Rio de Janeiro - RJ
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Hoje, eu perdi a identidade Morri, no mesmo dia em que nasci Exposta ao vento e à tempestade O que me resta é achar que nunca existi
Talvez, eu seja um ser inadaptado E as emoções controlem a minha vida Sempre elegi, acima de tudo, a verdade Mas, em injúria e maldade pereci
Já os meus olhos perderam todo o brilho e o cristal deu lugar ao vidro baço Já que morri, vou atrás da luz divina quem sabe um dia ao renascer voltarei a ser menina
Maria Fernanda Reis Esteves 49 anos Natural: Setúbal
Porque me prendem aqui Neste corredor sombrio E tu Corpo debilitado Que te sinto os contornos Debaixo desse lençol sem cor ?
E os sons nas alas frias a Norte Onde não há mais espaço para a dor E os gritos nos cantos escuros a Sul À espera de um pouco de luz Onde reside o amor
È noite Está frio E sim, chegou o Inverno Nesse teu gélido oscilar das mãos E clamas por um pico de energia Que do alto te cubra por inteiro
Esboçam nas paredes Novos grafitis brancos desbotados Fincam-se os corpos nas cadeiras As mentes já robotizadas Olhares alucinados Almas em fileiras desarmadas E as mãos que escondem a dor A descansar sobre o peito
Alguns desligam-se deste mundo ignóbil Os monitores calaram-se E já a madrugada a retratar-se: Nas paredes sujas Nos olhos a reluzir na escuridão Dos corredores frios Nas mãos que se unem por debaixo dos lençóis Em jeito de oração
E tu anjo débil Esperas Só esperas…. Que a dor se erga da pedra tumular E baixe a tempo de te convidar a sair
No silêncio inquietante dos meus sonhos... Eu contei cada segundo da sua espera... Debruçada na saudade de meus dias tristonhos... Sabendo que tudo já era.
Coração no deserto da dor Ele sabe que teu nome eu grito Implorando notícias do seu amor Bate acelerado e aflito...
Procuro-te e não encontro Mas esta em tudo que vejo Preciso secar o meu pranto... E matar meus desejos.
Suas palavras hoje eu sei Não consigo esquecer... Vou tentando suavizar Nas lágrimas que derramei
O amor que se perdeu Percebem no meu olhar Nunca eu o encontrei Mas no peito esta a morar.
Chora! Chora tudo o que queres! Solta a nascente dos teus olhos Deixa que as lágrimas quentes Sarem as feridas Que te ardem ainda. Deixa que o rio siga o seu curso No horizonte do que já foi. Deixa que a corrente Lave as mágoas Da tristeza que não passará. Deixa que o leito te acolha Em sorrisos de ternura, E afagos de esperança. O tempo não to disse mas… As lágrimas salgadas pela dor, Adoçam com as recordações.
19/08/09
"As lembranças têm a estratégia da luz Caminham para a frente"- Manuel Rivas
A Volena partiu aos 93 anos. Deixou-nos uns últimos versos para partilhar com a família e com todos os amigos e leitores do “Luso-Poemas”. Um obrigado a todos A família
Senhor Jesus! Mãe Maria
Pai eterno, meu Senhor desasai de Vossas mãos meu corpo sem valor, A minha alma sofre por Vos ter ofendido perdoai, em minha morte. Nunca Vos quis magoar sabeis, melhor, tudo o mais e só Deus para julgar! Desculpai, tanto Vos pedia. O sofrimento era muito também, só rezando um pouco se esvaía olhando a ternura da Vossa Mãe. Lego ao Vosso olhar protector amados, filhos, netos, e bisnetos a quem deixo Todo o meu Amor. À família e amigos, grata amizade a quem desejo um dia abraçar quando juntos na Eternidade! Vou feliz, dêem-me um sorriso! Adeus, beijinhos para todos E muito juízo … Lena
Há cousas que não vejo e não são poucas As outras sendo vistas só por outros As poucas que me acendem vão-se aos poucos Se apagam para dar a vez a outras
A pouco e pouco vou desaprendendo Para aprender além, algo de novo Mas sempre esqueço alguém quando me movo E doi saber de quem me vai esquecendo
O que eu queria desta vida era saber Escolher o que lembrar e o que esquecer E não ter nem que perder nem que ganhar
Queria voltar atrás no tabuleiro Deixar o jogo a meio o tempo inteiro E saber da tua peça o teu lugar
Vá dor, me deixe em paz vá embora agora por favor estou precisando de um pouco de autonomia e me faz tanta falta a minha própria alegria
Dor malvada porque és má? eu aqui pequena doendo uma dor de pura saudade e tu porque vieste? acaso não sabes que te não quero?
estico só mais um pouquinho a dor inteira do corpinho numa linha eu tento colocá-la em ordem, a dor danada vem uma caîbra entre as costelas em meu peito e insuspeito o coração se faz sentir insano e insatisfeito
mas por favor, vai embora e me deixa apenas uma dor respiro de mansinho e como doi todo o meu corpito estico o braço todo devagarinho e doi mais um pouquito
Mas porque tem de doer, acaso eu não tive já dor que chegue? caîbra danada estou tão farta de ti quero respirar e nem sequer mo permites
se penso, logo me fazes doer um pouco acima e queres-me toda só para ti, eu já percebi mas se eu te reneguei porque continuas aqui?
vai embora e deixa-me fazer o que me propuz tenho uma luz aqui e preciso de a levar para ali luz imensa de alegria, de amor e de coisas bonitas já ali a dois passos longe de mim vão meus abraços
que jeito tem de doer na mente e no meu corpo e se o querer te manda um soco, e um soco é pouco acho que te vou correr a pontapé, de pé ante pé sem barulho e num suspiro respiro e maldigo teu nome ó Dor
deixa-me ali chegar, são apenas dois passos, nada há que te importar se eu der esses passos a cumprir o meu designio logo voltarei para o teu dominio que também não me esquivo mas se for essa a condição, eu vou e volto, pois então
minha tão grande dor, tu já me aterrorizas com a maldade que despertas em mim vai-te embora por favor, nem que seja por um dia. dá-me paz, por favor.
Nada mudou nesta minha procura Buscando por tudo fugir da solidão Naveguei no mar de minha loucura Tentando aquietar meu pobre coração.
Perco-me entre o tempo e o vento Afogo-me neste mar silencioso sem fim Triste pranto que molha meus sentimentos A ausência de ti me faz ausente de mim.
Destas buscas sinto-me perdida Em um labirinto de ondas de decepção Nada resta além de minha partida Ir pra longe desta angustiante escuridão.
Que me importa que seja tarde? Que esteja à mercê da vida A mercê da saudade?! Que me importa que me achem louca varrida? Ando à mercê! Deste tempo que me deprime, me faz sofrer Aqui, onde anoitece e só eu vejo, ninguém mais vê Aqui onde a esperança já não quer acender.
As horas vão passando! E eu no assento me remexendo Nesta viagem louca, mansamente caminhando Ou dando caminho à Vida e nela me perdendo.
A quem importa se trago o coração cheio ou vazio?! A quem importa que a noite que adensa me traga frio? Que me importa se as lágrimas que chorei secaram Ou se me esquecem até os que me amaram?! A Vida quebrei! Estilhacei! Quero lá saber se os cacos juntarei... Ou voltarei a juntar! Se ninguém vai saber, nem perguntar.
Cerro os dentes, calo a voz Só eu e a melancolia no portal da minha porta, esta me faz companhia, se senta comigo, Estamos sós! A Vida nos pôs de castigo. Não me importa, já nada me importa.
Na garganta me ardem os gritos Sufocados, p'la solidão desesperados Já lhes ouço o eco, dentro de mim aflitos Que me importa? Pois que fiquem também eles a um soluço confinados.
No segredar das palavras incompletas desliza bruscamente o silêncio...abrupto brota-se um esgar carente…descontente na pura revolta da mente...cálida e das mãos, pousa-se lentamente a luz perdida por aí…ainda quente
No descortinar dos códigos alados no momentâneo momento circunscrito agita-se o corpo privado de ti
E no entrelaçado do tempo repouso a sede no meu corpo arfo aguardo impaciente os versos suspensos num novo poema...declamado trajado de meiga cor...a tua
Entranhando-me no labirinto da razão permaneço no tempo fugidio de mim
É possível ouvir teu grito de dor Em teus olhos navegantes vejo o amor Tua marca no espelho Perguntando quem eu realmente sou Envelhecemos os sentidos E esquecemos da luta que existe Dentro de nós Uma trégua Fazemos isso por não entender Quem foi ou quem se deixou partir