ARETUSA
Eu, casto, não me basto. Antes te busco
O busto teso e augusto posto à prova.
Tu, vasta, cá me arrasta; me renova
O gosto por teu rosto heleno e etrusco.
Incauto, m'enamoro um tanto brusco
Da beleza que guardas para a cova:
Recato… Tu ignoras minha trova
Nas trevas vesperais do lusco-fusco.
Amante da que foge ao próprio Amor,
Transbordo em correnteza ao teu redor
Até que as terras sumam em oceano.
Verterás, todavia, ‘inda mais pura.
A um só tempo fonte e sepultura,
Eternamente choras meu engano.
Betim - 29 04 2025
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.