Em cada lágrima que o mar tempera,
Vive um poético desejo de mim,
De nunca ver em teu rosto a quimera,
Dum pingo lesto, mas quase sem fim.
Mas é assim a alma, ignota e sincera,
E o triste peito que ritma o motim,
Desejos meus são pós de quem me dera
Dessalgar-te, doce e lindo marfim.
Dizer-te adeus um dia quando for
Chamado ao repouso este lusitano,
Será sentir grande prazer na dor…
Parvo?... Não me chames, que é um engano,
Pois se ora não sei sarar-te esse ardor,
Serei depois lágrima em teu oceano.
30 de Abril de 1996