Não tens rosto, nem corpo, mas és viva,
Além do equinócio, como chama,
Meio-dia, meia-noite lasciva,
Mulher do mundo e mais antiga dama.
Tu que vieste em luz baça de diva,
Só e desprovida de qualquer fama,
Resplandeces ao lume que te aviva,
A alma que se deita na minha cama.
Fechada num casulo de ternura,
Com rocas fiadoras do destino,
Que se faz num momento que perdura…
Vens como um mar rasteiro e fugitivo,
Que me toca a pele num beijo fino,
Porque a paixão vem sempre sem motivo.
23 de Outubro de 2007