Quem desespera não pode morrer,
Como um punhal não mata pensamentos,
O desespero não devora o ser,
Que o sustém nos seus ínfimos momentos.
Mas é ácido, é gangrena a nascer,
É suplício orientado nos ventos,
Náufrago nos limites do prazer,
Que o autodestrói só com fingimentos.
Escancarado à janela do mundo,
O paradoxo que lhe bebe o sangue,
Cavalga nos becos por onde se ande…
Vive o mundo num desespero exangue,
Todavia renascido e fecundo,
Como um nada que emerge lá do fundo.
24 de Agosto de 2009