1) Comece por um verso simples:
Pense em um verso que possa ser compreendido por qualquer pessoa. Ele não precisa ser memorável, nem ocupar um lugar definitivo no poema logo de início. A única exigência é a clareza. Trabalhe nesse verso até que ele se ajuste a um determinado metro — esse será o seu ponto de partida.
2) Defina o tom a partir desse verso:
Uma vez estabelecido o verso inicial, use-o como bússola para determinar o tom do poema. A escolha dos elementos técnicos — imagens, duração dos períodos, coloratura, sonoridade, acentuação, fonemas — deve surgir como consequência desse tom e colaborar para seu refinamento.
3) Explore o campo das rimas:
Liste múltiplas possibilidades de rima, até encontrar aquelas que se destaquem pela musicalidade e pelo inesperado. Não despreze as rimas pobres: quando bem trabalhadas, elas também podem produzir efeitos surpreendentes. A busca é pela harmonia e, ao mesmo tempo, pelo estranhamento.
4) Estruture a tensão poética:
Evite antecipar o final. Comece, se possível, de maneira contrária ao tom que deseja alcançar. Construa o caminho em espiral: provoque uma inflexão no meio do poema e conduza o leitor a um clímax nos versos imediatamente anteriores ao encerramento. O fecho deve parecer inevitável — mas apenas depois que acontecer.